Sete

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Já tínhamos andado por todo reino, provado todos os tipo de comidas e frutas possíveis, ainda por cima dançamos e sem esquecer é claro das vezes que nos escondemos dos guardas que transitavam vez ou outra pela cidade. Em um momento da tarde, eu me dei de cara admirando um tipo de altar onde tinha a imagem dos reis com um bebê no colo e aos pés dessa imagem tinha pessoas deixando flores para o príncipe perdido. Foram incontáveis vezes que agradeci ao Zhan, pois se ele não tivesse aparecido na torre duvidaria muito que eu estaria aqui, em um barco com ele e teatae no meio do rio esperando as lanternas subirem ao céu.

- Eu tenho medo.

- Medo? Medo de quê?

- De não sentir o que imaginei sentir a minha vida toda. Medo do que vai acontecer depois que isso acabar.

- Aí é que está a parte interessante de um sonho.
O olhei confuso.

- É você realizar ele e ir em busca de um outro.

- É, talvez seja.

Suspirei.

-  Zhan, eu quero te entregar isso.

Peguei a mochila que tinha feito muito sacrifício para esconder desde que mamãe apareceu na floresta.

- Eu estava com medo de te perder na floresta. Eu estava com medo de te entregar antes e você acabar desistindo disso tudo, mas eu quero dizer que agora não tenho mais medo.

Levantei o rosto e o olhei nos olhos.

- Não precisava e nem precisa disso.

Ele sorri colocando a mochila de volta e antes mesmo de falar alguma coisa olho para o rio vendo um pontinho brilhando.

E foi ao olhar para cima que vi todas aquelas luzes, todo aquele meu sonho se realizando, estava vendo as lanternas de pertinho e tudo que imaginei sentir, veio, porém o dobro, triplo e até quádruplo vezes mais forte. Era uma sensação boa, calorosa que invadia todo meu peito. As lágrimas de felicidade inundava meus olhos porém elas não caíam, apenas se acumularam ali, quietinhas.

Vi algo iluminando atrás de mim e ao virar o rosto sorri ao ver Xiao com duas lanternas na mão, que provavelmente tinha pegado das inúmeras que passavam ao nosso redor.

Fui rapidamente até ele, onde peguei uma de sua mão sorrindo alegre e bobo. Contamos até três e juntos soltamos elas que subiram juntas. Feliz, abracei forte Zhan, circulando seus ombros com meus braços e sentindo minha cintura ser circulada com os seus. Me aconcheguei ainda mais naquele abraço quentinho e confortável com o mesmo pensamento que me rondou na floresta. Se o abraço de Xiao Zhan fosse uma casa, queria que ele fosse minha eterna morada.

- Eu sei que passei a tarde toda falando isso, mas eu quero te agradecer por tudo. Acredito que sem você nada disso seria possível, eu não estaria aqui agora podendo ver tudo de perto!

- Não vou mentir que fiz o possível para você desistir disso. Ele sorriu e eu o acompanhei.

- Mas essa foi a melhor coisa que eu pude fazer até agora. Então não precisa agradecer porque foi a melhor coisa para mim.

- Eu entendo, mas é que...

Ele apenas negou com a cabeça e acabou com a mínima distância que possuía entre nós juntando nossas bocas. Certo que eu era inexperiente em um beijo, porém rapidamente fui seguindo seus passos e pegando o ritmo do beijo

Seus lábios eram os mais macios possível, sua língua ágil mas ao mesmo tempo carinhosa me deixava arrepiado, sem contar suas mãos em minha cintura e apertões que me deixavam um tanto tonto. A sorte é que estávamos sentados. Quando ele me beijou, foi um misto de sentimentos que emanou de dentro de mim, como um bom formigamento por seu corpo, um calor gostoso e o coração feliz, satisfeito.

Nos separamos aos poucos com ele depositando selinhos suaves por minha boca e rosto. Sorri com os olhos fechados, mas fui os abrindo lentamente vendo que ele estava me olhando. Sorri mais uma vez pois era falho não fazer tal coisa na presença dele, deixei um beijinho tímido em seu nariz e fiquei o encarando.

Olhar Xiao era fascinante e realmente bom, porque o conjunto de seu rosto trazia a mais gostosa paz. Seus olhos redondos e escuros que revelavam a mais linda galáxia, seu nariz um pouco avantajado porém totalmente proporcional ao seu rosto e que era bonito por apenas estar em seu rosto. A boca fina, rosada naturalmente e macia era minha perdição. Seu sorriso que destacava suas lindas ruguinhas dos olhos que o deixava o mais adorável possível. Sem esquecer de citar seu tom de pele e suas pintinhas espalhadas por seu rosto como se fosse o toque final da obra mais perfeita do melhor artista do mundo.

- O que tanto me olha?

- Apenas admirando o conjunto que te faz ter o rosto mais lindo que já vi.

- Devo levar em conta que você viveu a vida toda trancado ou não? - Ele comentou divertido e revirei os olhos.

O pouco que vi foi o suficiente para não mentir sobre isso.

Ele sorriu e acariciou minha bochecha antes de juntar nossos lábios novamente. Estava viciado. O beijo do Xiao Zhan era meu novo vício que não queria nunca perder ou encontrar a cura.

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