Eu dei um grito tão alto que não sei como os vizinhos não chamaram a polícia.
Parabéns, nós da equipe da diretoria de Harvard estamos muito felizes em poder lhe dizer que a bolsa de estudos disponível no curso de medicina, é sua! A bolsa é integral, incluindo acomodação e custos de alimentação dentro da área da faculdade.
Eu passei! Eu passei porra! Comecei a rir e chorar ao mesmo tempo, nunca me senti tão orgulhosa de mim na minha vida, me dediquei igual uma condenada pra passar nessa faculdade, e eu consegui. Eu poderia sair correndo pelas ruas de Nova Orleans gritando para o mundo inteiro ouvisse.
Nunca mais precisaria trabalhar naquela merda de boate. Ser stripper te dá uma confiança do caralho, mas dançar no colo de velhos barbudos realmente não é pra mim, o cachê é bom, no entanto, e como eles não podem me tocar não é tão ruim assim. Precisaria trabalhar mais algumas noites pra poder economizar pra comprar minha passagem pra Cambridge e ter dinheiro sobrando pra eu poder comprar algumas coisas para mim sem ter que procurar um trabalho lá tão cedo. Harvard me garantiu todo o resto, mas espero conseguir deixar meu quarto um pouco mais a minha cara.
O campus da faculdade é imenso e... aí meus Deus eu vou ter uma colega de quarto! Será que ela é aluna nova ou uma veterana? Talvez ela possa me apresentar o campus, mas é melhor não criar tantas expectativas, ela pode ser uma vaca. Espero que a gente se de bem, ninguém merece dividir um quarto pelos próximos 3 anos não se dando nada bem com a outra pessoa do dormitório. Será que minha colega de quarto gosta de ler? Enfim isso é coisa para se pensar depois.
Mal posso acreditar que daqui a alguns anos, depois que eu terminar a residência, poderei finalmente trabalhar em hospitais e salvar milhares de vida, talvez até fazer pesquisas que podem ajudar a tratar as pessoas. A grande e aclamada profissão, não a escolhi pelo dinheiro e prestígio que a maioria leva em consideração antes de escolher uma carreira, claro que o dinheiro vai ser bom, mas não é o principal motivo. Passei muito tempo em orfanatos e devo ter ido parar em umas 5 famílias diferentes, mas foi quando eu tinha uns 12 anos de idade que a única pessoa que eu realmente amei me adotou, fiquei com ela por exatamente 4 anos, nem um dia a mais nem a menos, e foram os melhores da minha vida. Louise era solteira e tinha 46 anos quando me adotou, me deu tudo de melhor, se importava comigo de verdade e esteve lá para tudo que eu precisei por todo esse tempo, mesmo quando já estava acamada, sem cabelos e fraca da químio.
Nós duas achamos que ela ia superar o câncer e que tudo ia voltar ao normal, ele era benigno e os médicos disseram que com uns meses de quimioterapia poderiam acabar com ele por completo. Acontece que 5 meses se passaram e nada de melhora, depois 8, 12, e depois de um pouco mais de um ano, no dia em que fui adotada minha mãe morreu. Ela não era minha mãe de sangue, mas parecia como se fosse, não pude fazer nada para ajudá-la, só fiquei assistindo e tentando ser a melhor filha possível enquanto a via definhar e morrer, não foi fácil superar a morte dela e só piorou quando eu os agentes sociais foram em casa me buscar e me levar de volta pro orfanato. A próxima casa que eu fiquei não me aguentou e me devolveu como se eu fosse só um presente que se pudesse trocar na loja se não gostasse, em parte foi minha culpa por eu não ter sido tão aberta com eles, mas faziam apenas alguns meses que Louise tinha morrido, eu não tava psicologicamente bem para ser levada de novo, senti como se a estivesse traindo, mesmo sabendo que ela ia querer que eu estivesse feliz.
Um ano e meio depois quem me expulsou foi o orfanato, finalmente tinha feito 18 anos e olha só, eles agiram não precisavam mais cuidar de mim. De presente de aniversário ganhei uma mala de mão para colocar tudo que eu tinha, não era muito então coube tudo, e ganhei 100 dólares para me virar como de fosse o suficiente. Antes do dia do meu aniversário acabar eu estava sentada na rodoviária, tentando comprar uma passagem para longe da cidade, peguei a mais barata, nem sabia para onde ia. Cheguei umas 14h depois em Nova Orleans, o ônibus tava praticamente vazio, a maioria das pessoas teriam escolhido um ônibus que levaria 9h porque não tem parada, mas como eu disse, não estava com dinheiro sobrando.
Quando finalmente desci do ônibus eu estava com 80 dólares ainda, 15 tinham ido pra passagem e 5 para um lanche no meio do caminho. As primeiras duas noites foram tensas porque o dinheiro estava quase no fim e eu não tinha arranjado um emprego, até que a boate me apareceu e tchanam consegui um trabalho como garçonete. O dinheiro era baixo, mas k suficiente para eu sobreviver em um apartamento que eu encontrei perto, dizer que era ruim era pouco, eu encontrei um rato na cozinha mais de uma vez. Até hoje não sei como ele chegou até lá. Enfim, um cliente frequente do bar disse que tinha uma proposta de emprego que pagava bem melhor, e como eu não tinha nada a perder aceitei, se eu acabasse numa armadilha e morresse, era só lucro.
Entrei na faculdade no segundo semestre do mesmo ano e agora que terminei a faculdade de biologia estou pronta para entrar na carreira médica. Será que de bônus vai ter uma bonitão na faculdade? Nunca consegui me apaixonar de verdade, umas quedinhas que duram alguma semanas, mas nada que eu sentisse borboleta no estômago. To começando a achar que essa história de borboletas no estômago e blá blá blá que tem nos livros é tudo mentira porque não é possível!
Eram duas da tarde quando recebi o e-mal, então eu ainda tinha umas boas horas antes de ter que ir trabalhar para absorver toda a nova informação e começar a me planejar para a mudança. Junto com o e-mail vieram dois arquivos com algumas informações mais essencial sobre a transferência, eu iria receber o mapa da faculdade e minhas chaves quando fosse me registrar na recepção. As aulas começariam em duas semanas, então eu tenho que viajar em uns 9 dias pra poder organizar meu quarto e já conhecer o campus um pouco antes das aulas.
Primeiro capítulo prontinho, por favor me avisem se encontrarem algum erro de ortografia ou concordância, é minha primeira história publicada (geralmente as guardo e não posto) então não sejam rudes, qualquer coisa me avisem.
Se quiserem caminhos diferentes pela história vão comentando que eu amo muito!
Word count: 1111
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Para todo o sempre
RomanceMaya Heart é uma mulher inteligente e forte. Tendo sido abandonada por família após família e trocando de orfanato regularmente depois da morte de seus pais, sem ninguém para apoiá-la psicologicamente, os livros e os estudos se tornaram seu porto se...