3 - Tripulação em Tortuga

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Jack Sparrow

 . O mar, minha primeira e única paixão, tão libertador e intrigante, seu cheiro me trás tantas memórias, memórias do meu Pérola, das aventuras que vivi durante esses anos. Guio o leme com o garoto Turner ao meu lado, ele olhava perdido em pensamentos para o mar. Ele se senta em um banco e começa a afiar sua espada.

- Quando eu era menino na Inglaterra, minha mãe nos criou sozinha. Depois que ela morreu, nós viemos para cá, em busca do nosso pai - ele conta, mesmo que eu não o tenha perguntado.

- É mesmo? - eu confiro as cordas, respondendo sem grande interesse aparente.

- Meu pai, Bill Turner - ele diz - Só depois que soube o nome do nosso pai, concordou em ajudar - até que ele é inteligente - Como era isso que queria eu não discuti - continuo andando e conferindo tudo - Eu não sou simplório, Jack, você conheceu o meu pai - ele afirma, eu solto o ar, me levanto e fico de frente para o garoto.

- Eu o conheci, sou um dos poucos que conheceram William Turner - confirmo suas suspeitas, seu cérebro parecia ter dificuldade para processar a informação - Todo mundo o chamava de Boot Strap ou Boot Strap Bill - conto e desvio dele e desço da proa, é frustrante lembrar dos velhos tempos.

- Boot Strap? - ele indaga para o vento.

- Bom homem. Bom pirata - solto a corda do leme - Vou falar, você é a cara dele - me viro para o garoto, voltando a prestar atenção no rumo em seguida.

- Seu mentiroso - ele acusa, pobre garoto - Ele era da marinha marcante, um homem que obedecia as leis - tenho mesmo que lidar com ele?

- Ele era um maldito pirata - me viro para o garoto - Um andrião - volto ao leme.

- Meu pai - ele desembainha a espada - não era um pirata - eu continuo olhando para o horizonte.

- Larga isso, garoto...não vale a pena ser vencido de novo - eu digo.

- Você não me venceu, ignorou as regras de combate, em uma luta justa eu o mataria - ele pontua.

- Não é um incentivo pra que eu lute justo, não é? - pergunto com ironia e me viro para o garoto, sua espada apontava para meu rosto. Subitamente eu giro o timão e o mastro da vela passa por cima da minha cabeça, acertando o garoto no estômago e o colocando acima do mar. Tomo sua espada caída ao chão e a aponto para ele - Enquanto está pendurado ai, preste atenção - eu mando - As únicas regras que importam são estas: O que um homem pode fazer e o que ele não pode - recito o que aprendi a muito tempo atrás - Por exemplo: você pode aceitar que seu pai era um pirata e um bom homem, ou não. Mas é um pirata, está no seu sangue e terá que aceitar isso um dia - ele me olha contrariado - Agora eu, por exemplo, posso deixar que se afogue...mas não posso levar este navio até Tortuga apenas com a ajuda da pirralha, Savy? - cito a garota - Então... - giro o timão novamente e a vela volta, deixando o garoto caído no convés, aponto a espada para ele - Pode navegar sob o comando de um pirata... ou não pode? - Viro o punho da espada para ele, que a pega, volto ao timão.

- Tortuga? - ele pergunta.

- Tortuga - sorrio voltando a olhar para o horizonte. Alguns minutos de silêncio se seguem, o garoto parecia realmente refletir sobre minhas palavras, decido por sanar minha dúvida - A garota, é mesmo sua irmã? - pergunto.

- O que? - ele pergunta confuso, eu suspiro impaciente.

- A pirralha é realmente sua irmã? Boot Strap apenas falava de um único filho, não dois - esclareço, ele parece relutar em responder.

- Isabella é minha irmã - ele afirma com firmeza.

- Diga a verdade ou perguntarei diretamente à ela - ameaço com um sorriso, ele me olha.

Garota do mar - A maldição do Pérola NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora