4 - Pérola Negra

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Isabella Turner

 . As gotas geladas da chuva judiavam das nossas peles e dificultavam nossa visão, Gibbs e Anamaria gritavam ordens para manter o navio estável no meio da grande tempestade, o balanço do barco era perigoso, poderia a qualquer momento escorregar e cair no mar, aquele frio no estômago e meu coração acelerado, descobri que amo essa sensação, amo essa ansiedade, esse temor.

- SEGUREM-SE MARUJOS! - Brada Gibbs, sobrepondo sua voz aos trovões.

- COTTON! PARA AS CORDAS! - Anamaria ordena segurando o mastro principal.

- VAI TOMBAR! - Aviso ao ver a inclinação perigosa e alarmante do mastro principal.

- NÃO NO MEU NAVIO! - Ela puxa a corda com vigor, a ajudo fazendo o meu máximo, se o mastro se romper não seremos capazes de continuar, e dependendo de como ele cair poderemos afundar.

 . Puxo a corda, ferindo minhas mãos junto aos outros marujos, minhas roupas e meu cabelo estavam encharcados, algumas ondas eram tão altas que invadiam o convés, tanto a água da chuva quanto a do mar me molhavam, meus olhos ardiam, mas eu não posso parar e desistir. Um solavanco e eu me seguro na corda por pouco, quase me tornei refeição de tubarão.

- PUZEM HOMENS! FORÇA! - Grito incentivando-os, eles bradam em concordância e dão o seu melhor.

 . Olho por um momento para o capitão, ele guia o curso olhando para sua bússola quebrada, parecendo não se importar com a grande tempestade que estamos enfrentando. Raios cortam os céus, relâmpagos, a água invade o navio e molha-nos mais ainda, se é que tal coisa seja possível nas condições que estamos.

- DEVIAMOS BAIXAR A VELA SENHOR! - Ouço Gibbs aconselhar nosso capitão, ele parece determinado.

- ELA AGUENTA UM POUCO MAIS - Ele insiste, olho para a vela, talvez, se a tempestade não piorar, sairemos vivos, mas apenas talvez.

- O QUE TEM NA CABEÇA PARA ESTÃO DE TÃO BOM HUMOR CAPITÃO? - O primeiro imediato pergunta novamente.

 . Não sou capaz de ouvir a resposta, mas sei que se Jack Sparrow está de bom humor, devemos estar próximos do objetivo.

 . Dias no mar, onde aprendi a lutar com espadas e cada tarefa em um navio, desde a cozinha até guiar o leme, o capitão está me ensinando a cartografia aos poucos, descobri que a vida no mar é muito mais emocionante que a vida em terra, nós enfrentamos mais desafios, o risco de morte acaba sendo muito mais alto, principalmente em rotas de tempestades, mas esse risco e essa emoção deixa a viagem muito mais proveitosa.

 . Piratas, nunca imaginei que passaria noites dançando e comendo com piratas, Piper, conversei com ele mais algumas vezes, até que ele não é de todo mal. Foram dias memoráveis que farei questão de anotar em meu diário quando voltarmos para Port Royal, contarei aos meus futuros sobrinhos e, quem sabe, filhos minhas aventuras da juventude.

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 . A tempestade já passou a algum tempo, apenas o que restou foi um espesso nevoeiro, a medida em que avançamos, mastros de navios, velas, fragmentos do casco, se projetam para fora d'água, sinto como se o ar fosse mais espesso aqui também, é pesado e me traz sensações ruins. Me apoio levemente na murada do navio, observando os restos dos navios naufragados.

- Esse lugar é estranho... - ouço a voz de Piper.

- Sinto que tem algo de errado aqui - minha mente flutua até a memória do dia do ataque a Port Royal, aquela mão esquelética, maldição, o capitão falou algo sobre uma maldição naquele dia. Então a tripulação do Pérola Negra foi amaldiçoada, mas por que?

Garota do mar - A maldição do Pérola NegraOnde histórias criam vida. Descubra agora