Marcella:
-O que acha disso? - ela me pergunta cruzando os braços e jogando a cabeça levemente para o lado
-Com certeza não é algo normal - respondo respirando fundo
-Está na cara que tentaram assaltar! - Rafael afirma e olhamos para ele como se fosse óbvio
Estávamos do lado de fora da casa da minha irmã vendo a janela que agora estava completamente quebrada. Cacos de vidro jogados pelo chão e as cortinas rasgadas como se obviamente alguém tivesse invadido a casa. Já estava praticamente a noite então não conseguimos ver se tinha alguém no lado de dentro da casa
O tamanho era muito grande para ser uma bola de futebol que acabaram chutando aqui ou qualquer outra coisa que tenha caído aqui dentro
-Deveria chamá-los! Não vou entrar lá dentro sozinha
Mikaella insistiu que eu ligasse para a polícia, era o certo a se fazer, mas eu queria provar para eles e para mim mesma que eu conseguiria fazer isso sozinha
-Eu consigo fazer isso!
-Eu acho melhor ninguém entrar lá dentro sem a polícia, Ella - Rafael toca em meus ombros, apenas reviro os olhos
-E eu sou o que? Algum tipo de planta? - encaro os dois - Eu tenho os meus cuidados, sou polícia civil não preciso que me falem o que eu devo ou não fazer
-Ainda não concordo com isso
-Dane-se, eu vou sozinha - pego as chaves da mão de Mika e caminho até a porta
-Você não está preparada para isso, tem um colete por baixo da roupa? - Rafael cerra os olhos
-Não preciso de colete
-E uma arma? Pelo o que eu fiquei sabendo tomaram-a de você - reviro os olhos escutando ele bufar - Tudo bem, eu entro com você. Se morrer, pelo menos eu estarei feliz
Vejo Mikaella fazendo uma careta antes de abrir a porta da casa e entrar
-Ainda dá tempo de voltar? - ele sussurra para mim
-Cai fora se não quiser ficar! - sussurro para ele
Ando pela casa até chegar na parte da janela. Tinha mais vidros espalhados pelo chão, móveis derrubados e pertences espalhados
Subo as escadas onde dá acesso aos quartos. Olho em todos, não tinha ninguém. Rafael está grudado no meu braço olhando para todos os cantos da casa
Porque alguém entraria na casa de Mika? Talvez o filha da puta do ex dela ou a mal amada da amante - Ela com certeza não, não tem físico para isso - Desço as escadas até ouvir um barulho de cirene se aproximando
-Merda, ela ligou! - abro a porta e vejo Vinícius saindo do carro enquanto Miguel sorri me encarando
-Pensei que isso fosse trabalho nosso. Sabe que não deve entrar dentro de uma casa que foi invadida, não sabe?
-Eu sou uma de vocês - retruco
-Não princesa, não é mais - quando ele ameaça dar mais eu passo pra perto de mim, Rafael coloca sua mão em meu peito tomando o espaço em minha frente. Miguel o encara levantando uma das sobrancelhas - E você... Eu já vi você
-Ótimo, assim eu não preciso me apresentar
-Quem você pensa que é pra falar assim comigo? - eles começam a se encostar cada vez mais e eu vejo quando Rafael fecha às mãos com força endireitando o corpo
-Eu sou o namorado dela, tenho certeza que odiaria ver outro cara chamando sua namorada de princesa - olho para Mika que está com as mãos na boca - Não quero que isso se repita
Namorada?
-Você está muito encrencado
-Quero que suma da minha vida - Rafael responde e eu entro no meio dos dois antes que saíssem no soco
-Me desculpa, eu sei que não deveria ter entrado, já não é mais da minha conta
-Que bom que ainda tem consciência - ele toca na minha cabeça e faz um gesto chamando Vinícius que passa por mim sem ao menos olhar na minha cara
Respiro fundo e sigo em direção ao meu carro que estava estacionado ao lado de Mika
-Marcella... - ela tenta pegar no meu braço mas eu me afasto
-Me enganou, de novo - entro no carro e ela bate no vidro
-De novo?
-Onde você estava? - pegunto e ela engole seco - Por favor, não minta para mim
-Eu tive que ir pagar minhas contas que estavam atrasadas, porque está me perguntando isso?
-Esse horário não tem quase nenhuma loja aberta Mika - vejo ela prendendo a respiração e olhando para os lados nervosa - Estava com ele não é mesmo?
-Marcella não é bem assim...
Rafael entra no carro e eu saio dali antes que chorasse e todo mundo visse o quanto eu sou fraca. Isso me fez sentir como uma estúpida, eu poderia ter sido denunciada por agredir uma garota na festa apenas pensando em defender minha irmãzinha e agora imaginar que ela passou a frequentar a casa dele novamente me faz sentir vontade de vomitar
-Quer que eu dirija? - ele pergunta e eu balanço a cabeça - Por favor, deixa eu ajudar
-Eu estou bem - ele fica quieto por um instante
-Vai fazer alguma coisa quando chegar em casa? - balanço a cabeça - Ótimo!
Ele pega o celular discando um número e depois leva-o até a orelha
-Boa noite, queria marcar uma reserva para esta noite - silêncio - Sim, esta noite - ele me olha e pisca me fazendo franzir a sobrancelha - Para duas pessoas, um casal - sorrio por dentro sem deixar transparecer - Perfeito!
-O que foi? - ele me olha sorrindo e depois coloca uma mecha de cabelo meu atrás da orelha
-Fiz uma reserva no melhor restaurante da cidade - fico sem reação, apenas focando na minha direção antes que eu batesse o carro - Você passou por tanta coisa nesses últimos dias, queria te ver mais feliz. Eu não sei se isso vai ajudar mas eu espero que pelo menos eu consiga ver uma covinha sua - ele sorri e isso me faz querer pular de felicidade
-Não fale algo assim para mim enquanto eu estiver dirigindo, posso querer pular em seus braços e perder o controle - foco na direção e as vezes olhava para ele que estava sorrindo
-Você é tão linda quando fica sem graça - ele apoia a cabeça na mão e fica me encarando
-Não faça isso
-Poderia ficar assim para sempre - ele respira fundo e solta o ar bem devagarinho - Está ouvindo? As batidas do meu coração ficam aceleradas quando te vejo
-Está me deixando com vergonha - balanço a cabeça sentindo meu corpo arrepiar com suas palavras
-Não me importo de ver suas bochechas vermelhas - ele passa a mão nos cabelos - Parece um tomatinho - dou um tapa nos seus ombros e ele começa a rir - É ela cara... É ela
Quando ele diz isso eu apenas puxo o freio de mão parando o carro e dando um beijo casto em seus lábios que estavam quentes demais. Ele me puxa pela nuca fazendo eu encostar mais em seu corpo. Uma sensação inexplicável, nossos corações batendo no ritmo do beijo, rápidos demais
Na terceira buzina quando eu escuto alguém gritando um palavrão, é que eu me dou conta de que parei meu carro bem no meio de uma avenida apenas para poder encostar nele porque já não aguentava mais ficar longe mesmo estando ao seu lado
-Nunca na minha vida poderia imaginar que você teria coragem de fazer algo do tipo - sorri balançando a cabeça
-É... nem eu
VOCÊ ESTÁ LENDO
Dois em Um
Romance-Porque era isso que gostávamos de fazer, dar prazer um ao outro. Eu não queria, de jeito nenhum, misturar as coisas, muito menos demonstrar sentimentos Marcella Monteiro é uma policial Civil de 26 anos totalmente dedicada a tudo que faz. Seu traba...