Mikaella:
Minha cabeça estava fervendo. Queria que tudo desse certo dessa vez
Peguei as chaves da Map's e pedi um Uber até lá. Minha bolsa estava guardada com o cartão de crédito dentro, dinheiro e meu lápis de sobrancelha que custou meu rim, eu não podia deixar-lá
Sim, eu poderia deixar isso por último, poderia estar vendo se tinha chamado todos os meus amigos e se tinha deixado alguém de fora
Mas preferi vir até aqui, pelo menos mato a saudade
A porta da frente estava trancada então decidi entrar pela dos fundos, eu sabia a chave certa, não precisaria ficar testando chave por chave no molho
Meu celular começa a vibrar no bolso da minha calça antes de abrir a porta e quando deslizo para ver quem é, vejo a foto da minha amiga
Larissa, mais conhecida pelo sobrenome Andrade. Nos conhecemos na faculdade
-Oi, tudo bem?
-Mika sua linda, recebi seu convite
-Graças a Deus, pensei que só iria ver depois - Não entro na Map's, fecho a porta e começo a pisar nas pobres formiguinhas que estavam andando pelo chão
-Não é para tanto, quando vi sua notificação já quis saber o que era
-E você vem?
-Mas é claro, não vou perder essa festa nem fudendo
-Ótimo! - A ligação fica silenciosa por alguns segundos e antes da Andrade tomar a minha atenção eu reparo num carro que estava estacionado aqui na frente, muito familiar
-Fiquei sabendo do que houve na sua casa, sinto muito
-Coisa louca, não é? Investigaram tudo, nenhum vestígio
-E ficou por isso mesmo?
-Coloquei duas câmeras na frente de casa e duas atrás, a polícia disse que resolveria
-E você acha que vai resolver?
-Eu espero que sim. É assustador dormir naquela casa sozinha depois do que aconteceu
-Olha, eu tenho certeza que se te sequestrasse, iriam te devolver na mesma hora! Chata pra caralho
-Vai catar latinha sua pobre
-Beijos Mi, até sábado - ela ri antes de desligar
Guardo meu celular e entro novamente na Map's. O salão está vazio, a pouca luz do dia reflete nas grandes janelas, Rafael aparecerá daqui a pouco
Entrei pelas portas do bar até encontrar a salinha em que tinha guardado a bolsa. Quando volto, pego um pouco de água gelada e espremo um limão antes de engolir todo o líquido
Sinistro ficar aqui sozinha. Sempre que abri a Map's estava acompanhada, na maioria das vezes com amigos de trabalho e dificilmente com Rafael
Foi daí que quando comecei a imaginar zumbis e fantasmas invadindo aqui, me assusto com algo sendo arrastado no andar de cima
Me agacho no balcão e começo a rezar o pai nosso apertando os olhos e torcendo para que não me encontrassem aqui
Começo a escutar risadas e me levanto lentamente até ter certeza de onde estava saindo o barulho
Franzo o cenho
Com certeza tinha alguém aqui, mas quem seria? Um funcionário não se atreveria a ficar no andar de cima então a única pessoa mais óbvia seria Rafael
O horário é estranho, ele nunca está aqui antes de abrir a Map's, mas como um bom gerente eu acredito que deve estar resolvendo problemas na empresa
Suspiro aliviada, pelo menos não é nenhum tipo de monstro ou almas antigas querendo visitar o lugar
Meu celular vibra novamente e por coincidência dessa vez é a garota que trabalha comigo aqui
-A lista do que precisa comprar hoje, desculpa esqueci de deixar anotado na mesa. Pode mostrar pro patrão?
Em seguida ela me manda toda a lista de tudo que precisava para hoje e haja coisas
-Desculpa manda mensagem pra ti Mikaella, é que estou meia hora na fila do hospital esperando a consulta e tenho medo de chegar na Map's com a lista atrasada
Acalmo ela antes de levar a lista até Rafael, bom, caso fosse ele que estava aqui
Nunca subi no andar de cima, parecia sempre muito confidencial
Eram muitas portas mas o som dos sussurros tornaram tudo mais fácil para mim
A porta estava entreaberta. Eu achei que Rafael estava sozinho até ouvir uma segunda voz
-Vocês precisam adiantar isso
-Adiantar? Quantas vezes vai repetir isso? - essa era a segunda voz, era pesada e rouca ao mesmo tempo
-Preciso de tempo
-E eu preciso de dinheiro. Você está bem aqui parceiro, ganhando metade da porra do dinheiro que entra. E eu? Tô na miséria desde o início
É claro que a conversa seria sobre dinheiro e eu me senti uma invasiva ouvindo por trás da porta as conversas dos outros mas queria continuar
-Eu só preciso de mais alguns dias. Pensa porra, depois de tudo você vai poder seguir sua vida cheia da grana
-Eu não quero esperar porra! Ou eu mato você e aquela loira do caralho - Não sinto minha respiração, estou respirando tão devagar que sinto meus pulmões queimando, estava com medo de que eles me ouvissem
Não conseguia mexer uma perna achando que eles poderiam ouvir meus passos
-Você não se atreva. Não é louco de encostar um dedo nela - Mais um barulho alto de alguma coisa se arrastando
-Me impeça, você não é o dono da porra toda? Então me impeça, porque se eu sair daqui vivo eu juro que ela é a primeira
Silêncio... eles ficam em silêncio, parecem que estão se encarando ou algo do tipo
-Tudo bem, pedem para preparar o carro
-Você acha que eu acredito Rafael? Me dá essa porra de garantia - Escuto barulho de prata se arrastando na mesa - Isso daqui deve valer uma fortuna
-Olha aqui parceiro, isso é só questão de tempo. Depois de tudo você vai esquecer a loirinha rapidinho. A gente vai mete o pé... Cheios da grana - um deles soltam uma risada estranha
Eu seguro minha bolsa com tanta força que escuto um barulho de algo caindo de dentro dela. O batom sai rolando até a porta que estava entreaberta e o silêncio de lá dentro se instala novamente
Quando escuto passos se aproximando a única coisa que eu faço é pegar o batom e sair correndo o mais rápido possível
-Ei! - Não sei qual deles me chamaram, já estava no final do corredor quando escutei a voz
Não sei se eles me viram, poderia ser qualquer funcionário
Em poucos minutos eu já tava fora da Map's recuperando meu ar e tentando ligar para a minha irmã mesmo que as mãos estivessem tremendo muito
Será que tudo isso era possível? Será que eles estavam falando do dinheiro da Map's ou do dinheiro dela?
Marcella não estava me atendendo, então ligo para a primeira pessoa que aparece para mim
-Preciso de você urgente - sussurro
-Estou indo
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Aí ai ai...
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Dois em Um
Romansa-Porque era isso que gostávamos de fazer, dar prazer um ao outro. Eu não queria, de jeito nenhum, misturar as coisas, muito menos demonstrar sentimentos Marcella Monteiro é uma policial Civil de 26 anos totalmente dedicada a tudo que faz. Seu traba...