- Capítulo 03 '' Azaleias - 🌱

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— Armin.

Sábado, levantei cedo de minha cama; fui até a cozinha e passei um chá matte. Tentei ser o mais silencioso possível pra não acordar ninguém, peguei meu chá e voltei para o meu quarto. Deixei a caneca em minha mesa e fui até o meu closet, vesti um casaco, um moletom amarelo, uma calça jeans clara e um tênis branco. Bebi meu chá e deixei um recado no celular da minha mãe dizendo que iria sair.

Saí de casa, peguei minha bicicleta e fui pedalando em direção a floricultura que não ficava muito longe da minha casa.

Quando cheguei ao local, desci da bicicleta e a prendi em um arame.
Entrei no estabelecimento e vi um rosto que me parecia familiar, mas ignorei esse fato. Fui atendido por esse mesmo rapaz que me parecia familiar e então ele disse — Me desculpe, mas eu sinto que te conheço de algum lugar... - ele arqueou uma de suas sobrancelhas delicadas e inclinou levemente a cabeça com dúvida — Olha, eu também tive essa impressão. - Pensei um pouco estalando os dedos — Hmm...aah sim! Eu já vi seu rosto em um cartaz na minha escola, você é o capitão do time de futebol, certo? - ele se assustou
— Uau, você acertou em cheio, sou Jean Kristen! -

— Eu sabia que te conhecia de algum lugar! Bom...desculpa interromper seu trabalho assim. - eu soltei uma risadinha sem graça.
— Que isso cara, fui eu quem começou. - ele olhou pras minhas mãos — Então, você vai querer levar esse buquê de Azaleia? -
— Ah sim, claro! - ele me acompanhou até o caixa — Então...esse buquê fica quarenta reais, aceita algum cartão pra uma ocasião especial? -

— Não, obrigado. - eu entreguei o dinheiro pra ele.

— Bem, se você não se importa, eu posso te mandar um cartão com meu número? Pode deixar que esse é por conta da casa. - Jean soltou uma risadinha. — Eu gostei de conversar com você. -

— Claro que não me importo. - eu abri um leve sorriso.

Kristen pegou um cartão em branco de sua gaveta, uma caneta e escreveu seu número de telefone; colocou o cartão dentro do buquê e me entregou — Obrigado pela preferência! Volte sempre. -
— Obrigado você! - saí da floricultura, coloquei o buquê na cesta e fui até a casa da família Yeager.

Cheguei na residência, larguei minha bicicleta no gramado alí mesmo, tirei o cartão do buquê e fui até a porta; hesitei apertar a campainha por um breve momento, mas apertei.

Em um instante alguém abriu a porta, aquele alguém era Mikasa.
— Armin?! O que tá fazendo aqui tão cedo? - eu engoli o seco — Desculpa aparecer cedo, mas eu vim trazer essas flores pro Eren, já que amanhã é o aniversário dele e eu não sei se vou poder ir. - ela olhou pro buquê e o pegou.
— Ele é muito bonito, tenho certeza que o Eren vai gostar. -

— É, espero que ele goste! Eu já vou indo, bom dia. - Levantei minha bicicleta do gramado e fui pedalando até minha casa.

Quando cheguei em casa minha mãe estava na mesa tomando café — Bom dia filho... - eu fui correndo até meu quarto e não percebi que não tinha respondido ela; abri a porta, tirei minha tela do cavalete, peguei meu sckethbook e coloquei as coisas dentro de minha bolsa.
Dei uma olhada rápida no relógio e já eram onze horas e quinze minutos, desci o mais rápido possível das escadas e fui direto até a porta.
— Mãe, eu tô indo pro curso! Te vejo mais tarde. - ela bateu na mesa com um talher — Querido! Seu almoço. - minha mãe apontou para o pote envolvido em um pano que estava encima do balcão. — Ah sim, claro! - corri até o balcão, peguei o pote e o coloquei na minha bolsa, voltei para a porta na mesma velocidade – Hoje eu vou voltar mais tarde, tchau! -

Coloquei a bolsa nas costas e fui até minha bicicleta, segui o caminho do meu curso.

Cheguei no lugar, parei minha bicicleta do estacionamento e fui até a recepção. Subi de elevador até o andar onde minha sala ficava, quando abri a porta da sala, não tinha ninguém; não me importei muito e fui pegar meus materiais na dispensa.
— Bom dia! - eu me assustei, mas sabia que era a professora Hange Zoe.

— Bom dia professora! - eu disse saindo da dispensa com os materiais nas mãos.

— Chegou mais cedo hoje, Armin. - a superior me estranhou.

— Pois é, hoje eu vou ficar até mais tarde aqui. - despejei os materiais no chão e comecei a organizá-los.

— Ah, entendi. - Zoe pegou alguns papéis de cima da mesa e me entregou— Esses são os temas de hoje Armin, você com certeza vai se sair bem. - eu agradeci e peguei os papéis.

— Pode entregar esses papéis pros outros quando eles chegarem? -

— Claro, pode deixar! - ouvi o som da porta se fechando, peguei uma tela em branco, arrastei um banco até o cavalete e me sentei. Olhei pro papel e o tema era "Filho do Sol".

Encarei aquela tela em branco, peguei meu sckethbook e comecei a fazer o rascunho da pintura. A porta se abriu, e era o Marco, minha companhia no cursinho.
— Bom dia, Armin! - ele disse sorridente e fechou a porta antes que o vento a empurrase.
— Bom dia, Mark. - eu levantei do banco, peguei os papéis que a professora havia me entregado e fui até o Marco — A professora me pediu pra entregar um papel desse pra você, esse é o tema de hoje. - ele agradeceu e pegou o papel.

Percebi que meu colega estava com dificuldade em organizar suas coisas.
— Precisa de ajuda? -

— Não não, obrigado. - ele disse indo pegar seu cavalete.

Depois de um tempo pensando sobre aquele tema, pensei em fúria. Lembrei da fúria que eu sentia quando o Eren passava do meu lado no corredor e não trocava nem uma palavra comigo, lembra da fúria que eu sentia quando chegava na sala de aula e via minha mesa rabiscada com palavras maldosas. Pintei a tela inteira de vermelho, deixei secar por um tempo, passei verniz e vim com a tinta preta por cima.
Depois que a tinta preta estava quase seca, eu comecei a passar um pano limpatipo na tinta, revelando aquele tom vermelho vibrante. Formei um círculo vermelho.
Esperei a tinta vermelha secar; fiz grades e uma mão se desintegrando.
Senti que havia juntado todo o meu ódio e o compartilhado com aquela tela.

Ouvi uma vibração do meu celular dentro de minha bolsa, lavei as mãos e fui ver o que era."Nossa Armin, que presente atencioso, obrigado." Eu fiquei paralisado, não sabia o que responder. "E me desculpa, você sabe pelo o que." Então me toquei que ele sabia por o que eu estava passando.
Com as mãos trêmulas, respondi "De nada Eren! E sobre as desculpas, tudo bem, eu te entendo." Desliguei meu celular e o coloquei dentro de minha bolsa novamente.

A porta se abriu.
— Armin, se você já tiver terminado sua tela, pegue-a e venha comigo até a sala de avaliação. - Zoe falou e logo saiu da sala.
Fiz o que ela havia me pedido.

— Uau...você evoluiu muito com o uso das cores! Eu consigo sentir o vazio, o sentimento dessa tela. -

— Nossa! Sério? Que bom, ufa. - suspirei aliviado.

— Sinto que você tinha que ter estudado mais a composição, mas ficou muito bom! Meus parabéns. - ela levantou — Já pode voltar pra sua sala. -

Me levantei de minha cadeira, quando eu estava prestes a girar a maçaneta, Hange fala — Tem um rapaz na recepção que está procurando por você, pode ir até lá se quiser. - um rapaz que estava esperando por mim... – Ah, obrigado por avisar. - eu saí da sala e fui direto pra recepção.

Passei da porta e vi um par de olhos verdes, não precisei nem pensar muito pra adivinhar quem era.
— Eren? O que faz aqui? -

— Ah, oi! Então, eu queria conversar um pouco com você, se não for te incomodar, claro. - ele entrelaçou os dedos, parecia estar envergonhado.

— Ok... - eu murmurei prendendo meus cabelos loiros e indo até Eren.

Ele me olhou por alguns segundos, puxou a minha mão, me arrastou até sua moto que estava fora daquele estabelecimento e me entregou um capacete.

— Mas...eu posso saber onde você quer me levar? - cruzei meus braços e franzi as sobrancelhas.

— Vamos voltar pro nosso porto seguro.

- Amor e calmaria . // Eremin .Onde histórias criam vida. Descubra agora