Percepções Doces e Amargas

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Katsuki corria pelas ruas do bairro, sem se importar com as perguntas dos idosos que o viam, em sua mão, apenas um envelope. O envelope que daria um novo "norte" para si, independente da resposta que ali estivesse. Estava eufórico, seus pais haviam saído e o correio havia entregue a correspondência, e, fora seus pais, haviam duas pessoas que talvez se importassem com o conteúdo daquilo.

Próximo ao quarteirão de onde Deku morava, ele parou, passando as mãos no cabelo e verificando se suas roupas estavam alinhadas, antes de começar a andar a passos lentos, pra que o outro não soubesse que ele havia corrido.

Estava quase chegando ao condomínio aonde ficava o prédio de Deku, quando ouviu alguém o chamar.

– Kacchan, aqui!

Ele virou-se, para se deparar com Deku praticamente despencando pelas escadas de emergência do prédio, sacudindo um envelope.

– Você já abriu?

Por um momento, Katsuki parou, recuperando o fôlego. Aquele parecia o mesmo Deku de sete anos. Olhos verdes brilhantes, um ligeiro rubor de empolgação permeando a face, os cabelos bagunçados parecendo traduzir toda a agitação interior de seu dono.

– Eu ... não. – ele respondeu, pigarreando e recuperando sua pose. – Eu tava indo no mercado, a carta estava na caixa de correio e eu fiquei com preguiça de voltar. – conclui dando de ombros, como se aquilo não tivesse importância.

Deku abriu um sorriso maior ainda – se é que aquilo era possível.

– Eu também não abri! – ele exclamou – eu ia te chamar pra gente ir na casa do Sr Toshinori. Ele até me mandou uma mensagem pra gente ir até lá, parece que quer falar algo.

Os dois começaram a andar, lado a lado. Até o apartamento que o mais velho alugava, havia uma distância de vinte minutos a pé, que eles percorriam ao menos uma vez por semana.

– Se você for aprovado ... – começou Deku – você já tem um lugar pra ficar? – perguntou.

– Se for a Shiketsu, eu vou morar um tempo com meus avós, que moram ali por perto. – ele contou – Mas se tudo for da maneira que eu penso, acho que vou querer morar sozinho depois de um tempo. Mas não pensei muito nisso, ainda.

Deku sacudiu a cabeça em afirmativa.

– Se eu for aceito na Yuei eu vou morar num apartamento que é do Toshinori. – ele contou – mas vou pagar aluguel, claro. Já entramos em um acordo. – Deku ia descarregando uma frota inteira de informações, animadamente. O que ele esperava do curso, das pessoas do curso, das pessoas da Yuei. Estava preocupado em não fazer amigos, ou que as pessoas o achassem estranho.

As pessoas o achariam estranho, sim, afinal aquele era o Deku e o Deku era estranho. – pensou Katsuki repentinamente desconfortável com essa percepção. Sacudiu a cabeça. Deku já havia mostrado que sabia se cuidar e não era do tipo que era provocado facilmente. Por outro lado, Deku era péssimo em questões simples, como alimentação ou o gerenciamento de uma casa, sozinho. Katsuki tinha certeza que ele não sabia se quer usar uma máquina de lavar roupas.

Já imaginava o apartamento do Toshinori, virado em caos completo, com uma marca de queimado em cima do fogão por alguma besteira que o Deku havia tentando fazer, talvez um, ou dois gatos, e um cesto de lixo ocupado por embalagens de lámen, e outras variações de comidas prontas.

Deku não tava preparado para o mundo e o mundo não estava preparado para Deku.

Ele com certeza acionaria o alarme anti-incêndio no primeiro mês.

Os dois pararam na entrada do condomínio e entregaram suas identidades, antes de um dos seguranças autorizarem sua passagem.

– Deku, – chamou Katsuki quando os dois entraram no elevador, antes que ele pudesse ponderar o que estava a ponto de fazer. – jamais jogue água no óleo pegando fogo.

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⏰ Última atualização: Feb 25, 2022 ⏰

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