Como (Não) Planejar Seu Lámen

12 4 0
                                    

Deku considerava-se uma pessoa até que compreensível.

Sabia, claro, que não era nenhum santo, mas havia lutado muito contra sua própria natureza para poder se orgulhar de dizer que não era do tipo que se alterava tão facilmente.

A não ser claro, que envolvesse Kacchan.

O garoto de olhos vermelhos tinha o dom de fazer a paciência de Izuku cair até o nível doze no minecraft – mais longe que o fundo do poço – tinha dias que ele se perguntava se um simples chute bem dado nas costelas do outro não resolveria seu problema.

Toda e qualquer conversa com Katsuki Bakugou poderia ir de 0 a 100 em questão de segundos. Ele nunca sabia muito bem qual dos dois perdia o fio do senso, e acabava levando a discussão a níveis bizarros.

Ele nem se lembrava mais do Nemo – o falecido peixe.

"O nosso peixe"

Com uma careta, Izuku olhou o relógio e decidiu que já estava na hora de ir para a casa. Alongando-se, ele colocou a mochila já organizada nas costas e pegou os livros para devolver no balcão.

– Oi Izu-chan ... ! – umas das garotas do balcão de devoluções o chamou, toda sorridente. – Vou passar no Full Cowling amanhã, estará lá?

Izuku sorriu, assinando o livro que a outra moça lhe estendia, e lhe agradecendo em voz baixa.

– Sim. – ele respondeu, sincero – Mas não sei se estarei lá na loja, ultimamente só tenho ajudado na administração, e fico no escritório. – Explicou coçando a nuca, sem jeito.

Não era segredo que ele era muito querido pelos anciãos do bairro, e por adultos em geral, sempre o chamando para tomar café, comer bolinhos e ajudar em uma ou outra tarefa. Contudo, ele sempre havia sido muito impopular com pessoas de sua faixa etária. Ele era considerado um nerd esquisitão – culpado – que preferia estudar ou ficar navegando em blogs sobre cultura geek – igualmente culpado – e não gostava de socializar – duplamente culpado. Garotas fingiam que ele não existia e garotos acompanhavam Katsuki, sempre perturbando sua paz de espírito.

Mas a cerca de um ano as coisas começaram a mudar e ficar estranhas.

Bilhetinhos de baixo de sua carteira, ou dentro de seu armário. Garotas censurando garotos por perturbarem-no – e consequentemente esses mesmos garotos pararem de o perseguir. O Full Cowling ficando bem mais lotado que o normal no horário em que ele ficava no balcão.

Ele não sabia muito bem o que pensar sobre o assunto. Era um alívio saber que ao menos Kacchan não havia mudado de personalidade e o atazanava da mesma maneira de sempre.

Exceto o último mês e meio.

Talvez alguma garota o houvesse censurado.

Nah – o único ser do sexo feminino que Kacchan ouvia era a sua mãe e não era nem por escolha. Mitsuki Bakugou era uma ótima atleta da modalidade "arremesso de chinelos".

– Ah, tudo bem. – a garota disse, trazendo Izuku à terra e sorrindo de maneira tímida – Mas se eu der sorte, e você estiver lá ... a gente pode tomar um café juntos?

– Claro. – ele respondeu, educado. – Eu vou indo, então. Obrigado.

Izuku saiu da biblioteca quase correndo, da mesma maneira que Kacchan havia saído, mais cedo. Ele precisava sair logo daquela cidade. Sinceramente.

Ele nem sabia o nome daquela garota, mas ano passado ela havia rasgado sua mochila com um estilete, tudo por quê assim ela chamaria a atenção de Katsuki. Revirou os olhos – a que ponto chegamos, pensou. Balançando a cabeça, olhou o relógio novamente, ele deveria seriamente pensar no que compraria no mercado. Qualquer coisa preaquecida era bem-vinda, já que ele era uma negação na cozinha.

The Masterpiece [REESCRITA]Onde histórias criam vida. Descubra agora