A Cor Da Verdade - Trilogia Humphrey

Capítulo 4

Eu sentia meu coração batendo forte no peito. Minha cabeça doía, uma voz chamava meu nome, seria esse meu fim? Eu ainda tinha muito a viver, muitas roupas para lançar, campanhas para fotografar, a revista com meu rosto na capa ainda nem havia sido lançada...

- Aurora! – Meu corpo é chacoalhado fazendo meus olhos abrirem rapidamente. Olho ao redor vendo dois pares de olhos me encarando, minha respiração estava irregular, minhas mãos tremiam e minha ficha caiu, era só um sonho. Um sonho que parecia muito real, um sonho que havia me deixado trêmula e ofegante, isso era possível? – Você está bem?

Apenas aceno com a cabeça para Scott, meu corpo estava pesado, eu não sabia onde estava. Meus olhos paralisam no retrovisor do carro, um par de olhos verdes me encaravam com tanta força que ele poderia ver minha alma se quisesse. Eu não aguentaria, o sufocamento está intenso, as paredes do carro cada vez mais próximas de mim como se fossem me apertar, eu estava em pânico. Precisava de ar, precisava sair daqui e sentir o vento em meu rosto.

Meu rosto é puxado na direção contrária de onde eu estava olhando, a preocupação de Scott era a única coisa que eu via, sua voz abafada me causava agonia, eu queria gritar, gritar para ele me tirar dali, o meu olhar transmitia angústia e como um bom irmão mais velho, meu corpo é retirado do carro e encaixado embaixo de braços fortes e musculosos, eu estava segura, mas o medo ainda prevalecia. Ainda poderia sentir a dor em minha cabeça, parecia tão real...

Não sabia por quanto tempo havia ficado daquele jeito, sentia a pele do meu rosto molhado, sinceramente, não queria sair do conforto que era os braços de meu irmão, mas, que escolha eu tinha? Estávamos no meio do estacionamento do clube, com um brinde vindo do exército, e que brinde.

Levanto a cabeça encarando os olhos que me encaravam com tanto carinho e limpo minhas lágrimas pronta para seguir em frente e enfrentar as pessoas do clube, era cada senhora que vinha puxar meu saco para dar uma chance para seu amado filho.

Caminhamos para dentro do clube comigo ainda agarrada aos braços de Scott e nos dirigimos ao local de sempre, ficava bem localizado, próximo ao bar e perto o suficiente da piscina.

Sebastian aparece alguns minutos depois carregando uma bandeja recheada de petisco acompanhado de um garçom carregando uma bandeja com bebidas e se por algum milagre, a bandeja continha um copo com a borda recheada de sal, internamente eu estava sorrindo, apesar de tudo, eles eram bons irmãos.

Nosso começo de manhã foi bom, entre risadas e pequenos olhares, a tensão em meu corpo já não se encontrava mais pesada, eu estava leve, talvez seria pelo álcool ingerido, mas a companhia fazia seu trabalho.

Meu corpo já não aguentava mais os raios de sol diretos em contato com a minha pele, tomar sol para ficar bronzeada não era muito a minha praia, eu era muito elétrica para ficar parada, eu gostava de ação, de sentir a adrenalina tomar conta de meu corpo, sentir o vento no rosto enquanto estou em alta velocidade pelas ruas, chegar suada e com dores depois de um longo e pesado treino na academia, ou então, sentir a dor do lápis pesar em minha mão após horas excessivas de desenhos.

Meus irmãos já estavam usufruindo das águas e dos brinquedos que o clube oferecia, o silêncio estava reinando entre mim e o loiro, não sabia quantas vezes tinha aberto e fechado minha boca para propor para irmos na água, eu odiava ficar sozinha e meu nado não era tão bom para confiar em mim mesma para isso.

- O que foi, pequena princesa? - Aquele apelido era horrível, mas sua coragem em começar um diálogo o deixava com uma pequena vantagem.

- Nada, eu só...quer ir para a água? Não aguento mais esse sol.

Minha confissão foi como um pedido de socorro, só esperava que não notasse e ele não comenta nada, mas levanta da cadeira que estava sentado enquanto retira os óculos de sol que escondia seus olhos e me estende a mão.

Me levanto e quando minha mão já estava entrelaçada com a sua e sou puxada em direção à piscina, em questão de segundos, mãos rodearam minha cintura e sinto meu corpo se chocar contra algo duro e macio ao mesmo tempo, em uma tentativa falha de me soltar, minha bunda se empina me fazendo sentir seu corpo através do meu. Meus olhos se arregalam e me viro rapidamente espalmando as mãos em seu peito, meu rosto esquenta e tenho certeza de que estou com as bochechas vermelhas.

Seus olhos me encaram com tamanha profundidade que quase posso ouvir seus pensamentos gritando, minha atenção sobressai contra seus lábios bem quando sua língua está passeando sobre a pele vermelha á molhando rapidamente, um arrepio percorre minha espinha e eu poderia sentir o calor prevalecer ainda mais em meu corpo.

Meus pensamentos são interrompidos quando sinto meu corpo se chocar contra a água, isso me fez voltar para a realidade tão rapidamente e quando me dou conta já estava emergindo para fora da água, passo as mãos pelos cabelos e pelo rosto retirando toda a água tendo a visão do loiro fazendo o mesmo movimento.

Ele estava dando risada e acabo por acompanhá-lo, minha barriga doía pelo esforço, pequenas lágrimas se formavam em meus olhos, quando meu pequeno ataque de risos cessou, dou atenção enfim para olhar o loiro em minha frente.

Novamente sua atenção estava sobre mim, sua mão que ainda se encontrava em minha cintura me puxa para mais perto de seu corpo me fazendo apoiar as mãos em seu peito. Eu devia admitir, ele era lindo, ainda conseguia sentir seu cheiro através do cheiro de cloro. Eu o queria, e esperava que ele pensasse o mesmo em relação a mim, esperava por isso.

Nossas respirações estavam juntas, encaixadas, como se tivessem sido feitas uma pra outra. Meu racial gritava para parar, eu não podia deixar ele vencer, mas sua boca pedia pela minha, meu corpo pedia pelo seu. Eu estava quente, queria aliviar o tesão reprimido da noite que nos conhecemos, dane-se que ele era amigo dos meus irmãos.

Deslizo minha mão para sua nuca, totalmente entregue ao momento, ele poderia fazer o que quisesse comigo, eu não me importava. Faltava tão pouco para nossas bocas se encostarem finalmente, uma onda de água cai em cima de nossos corpos nos fazendo voltar para a realidade.

É destino, eu te odeio.

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