Julieta P.O.V
A campainha do meu apartamento soava aos quatro ventos, quem estava do outro lado da porta parecia desesperado, caminhei lentamente para fora da cama, ainda sonolenta praguejei todos os descendentes de Louise, já que há duas semanas atrás eu havia dado a chave do meu imóvel justamente para que isso parasse, aparentemente ela ignora meu ato de afeto necessário.
- Usa a chave, pelo amor de Deus! - Disse esgotada assim que abri a porta e encarei minha melhor amiga com minha cara típica de um sábado às 7h16 da manhã. - O que você quer?- Calma meu amor, não precisa se animar tanto. Sou só eu. - E ela entrou com tudo em meu apartamento. Caminhando em direção a cozinha, deixou sacolas em cima do balcão e assim que fechei a porta a segui. - Trouxe café da manhã. - Disse animada, forcei um sorriso, pois o cheiro estava maravilhoso, me aproximei do balcão e decidi que ela viveria um pouco mais hoje.
Em silêncio ela foi tirando embalagens com comidas para viagem, eu não conhecia a nome do café, mas dei de ombros enquanto pegava dois pratos no armário e Louise se encarregou de pegar copos.
- O cheiro está ótimo, estou faminta! - Comentei enquanto nós sentamos em volta do balcão o usando de mesa.
- Está sim, comentei com um amigo que precisava te convencer a ir comigo em um lugar simples, então ele me pagou um favor. - A palavra amigo disparou um gatilho para o chefe... Como era mesmo o nome dele?
- Não vou em nenhuma festa de caridade, é um bando de velho hipócrita e indecentes juntos. Esqueça! - Disse decida, a última experiência não foi interessante.
- Não é isso. - Sua risada soou ao parecer lembrar da situação - É uma festinha, comemoração de um amigo meu, você o conheceu.
- Do tal chef? - Tentei não mostrar interesse na pergunta, ela apenas concordou, o que me lembrou outros assuntos pendentes. - Você não falou que eram amigos.
- Somos quase amigos, quase! - Ela respondeu enquanto tirava a embalagem de uns muffins, que pelo cheiro era red velvet e chocolate branco, meu favorito por assim dizer. - Na verdade, eu o conheci a um tempo atrás, ele trabalhava na cozinha do Leonard, aquele chef Austráliano, sabe? - Fiz que sim com a cabeça e a deixei continuar. - Um ano depois ele abriu seu primeiro restaurante e nesse último três anos tem feito seu nome.
Ainda não tinha chegado no ponto que queria, não entendia como uma coisa levou a outra, iria perguntar, mas ela comeu um pedaço do bolinho e voltou ao seu raciocínio.
- Em uma daquelas festas chatas que a gente tem que marcar presença por obrigação. - Riu nasalmente e deu de ombros. - Eu o vi, ele estava acompanhado de uma bela mulher, belíssima, a mulher mais bonita que já tinha visto, confesso que não dei tanta atenção a ele, olhos verdes marcantes, pele alva como neve, que destacava seu cabelo negro que caiam em cascatas, eu observei ao longo da noite e eles não pareciam íntimos ao ponto de serem um casal então fui puxar assunto, o Conrado foi gentil e eu não conhecia esse lado dele, acho que ninguém espera a gentileza do demônio da cozinha. - Riu do seu comentário. - Desde então estou saindo com a Lauren, eles são como irmãos e tudo mais clichê possível. Sempre estou jantando em seu apartamento e de todos os jantares, eu nunca vi Ava presente. Então não estão namorando de qualquer forma.
Eu estava quieta, absorvendo todas as informações que havia recebido. Quando finalmente assimilei tudo eu tentei disfarçar meu interesse no chef, ele parecia intocável demais, sorrateiro demais, a mulher mais íntima em sua vida era lésbica, sera que os motivos dele não querer relacionamentos, era por que era gay? Não parece ser o caso, mas é sempre uma possibilidade.
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SEDENTO
RomanceNunca tive tempo para me apaixonar, nunca busquei esse tipo de afeto na minha vida. Nunca achei que poderia conciliar amor e negócios, vivia sempre em prol da minha carreira. Era apaixonado apenas na minha cozinha e nada mais. Eu só tinha eu mesmo...