quando a festa acaba

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A primeira coisa que Rarity notou foram os olhos dela. Era difícil não notar, já que seu olhar buscava o de Rare o tempo inteiro. A segunda coisa que notou foi seu coração acelerado. Estava batendo tão rápido e tão forte que parecia que ia sair pela boa a qualquer instante. A terceira foram as muletas. Applejack estava com o pé enfaixado e se locomovendo com o auxílio dos instrumentos. Quando Rarity lembrou que o motivo do machucado tinha como propósito defendê-la, recobrou a consciência.

Ali estava ela, encostada na parede da oficina de artesanato atrás de um arbusto com a loira impedindo sua saída. Ela não estava impedindo de verdade, já que seria muito fácil dribá-la com o pé machucado, mas Rare ficou onde estava.

- Pensei que não íamos falar sobre isso - disse a dos cabelos roxos. Sentiu sua mão molhada de suor e tentou relaxar, mesmo que fosse quase impossível.

- Achou mesmo que não ia falar sobre isso? Não sou covarde, Rarity. - Até o nome dela na boca de Applejack soava diferente.

- Você sabe que se jogou em uma cova, não sabe? Metade das garotas odeia você agora. Juniper até reuniu um grupinho pare te prejudicar. E tudo isso pelo que? O que você vai fazer agora? - A loira revirou os olhos.

- Sabe que não dou a mínima se Juniper está putinha com isso. E acredite em mim, não me arrependo de nada do que eu fiz, mesmo que as consequências tenham sido péssimas.

Aquilo pegou Rare de surpresa. O olhar da loira era confiante e depois de saber que ela não se arrependia de ter pulado em Adagio ficou ainda mais nervosa. Tão nervosa que ficou perdida e já não sabia lidar mais com toda aquela merda.

- Por que você está aqui falando comigo? Vai procurar o que fazer! Vamos seguir o plano de esquecer de tudo isso e desmentir as coisas que estão falando sobre a gente que acho que ganhamos mais do que essa encurralada que estou levando aqui.

- Rarity, por favor, você não sabe o quão difícil foi pra mim reunir coragem pra falar com você agora. - Seu olhar havia mudado. Por uma fração de segundo Rare conseguiu perseber o desespero da loira, e ela nunca havia visto a caipira daquele jeito antes. - Se estou falando com você aqui e agora é porque não imagina o tanto que eu pensei no que eu fiz e em tudo que estou sentindo nos últimos dias.

Não. Aquilo não podia ser real. Não era ela que queria que tudo aquilo ficasse em sigilo, então qual era a necessidade das duas terem aquela conversa? Nenhuma!

Primeiro Rarity ouviu, depois começou a sentir a raiva subindo pelo seu corpo. A loira a estava fazendo de idiota, só podia. Ela pensou em toda humilhação que estava sofrendo por causa de Applejack, e aquele pensamento provocou arrepios em seu corpo.

- Então o que você sente, hein? - Rarity empurrou Applejack, e a loira quase caiu. Seria muito fácil derrubar ela, considerando que seu pé estava machucado. - O que você sente por mim?

- Você sabe o que eu sinto por você.

- Se você tem coragem então fala na minha cara. Anda! Desembucha! - Applejack estava retraída e aquela cena era nova para ela. - Você sente vergonha desse sentimento, não sente? - Rare empurrou ela de novo e dessa vez a caipira caiu no chão. Ela tentou agarrar as muletas para se levantar mas Rarity as pegou antes e atirou-as para longe.

Applejack fechou a cara e bufou.

- É, devia ter incluído isso na lista das possíveis reações que você teria se nós conversássemos sobre isso  - soltou em tom baixo.

- Está testando a minha paciência, Applejack. Me diga, o que você ganha vindo aqui e levando um fora? Você tem que ter muita coragem mesmo pra sugerir que eu esqueça de tudo e no mesmo dia vir conversar comigo parecendo querer voltar atrás. - A loira estreitou os olhos e tentou se levantar do chão, mas Rarity forçou ela a ficar ali colocando um pé em seu ombro e a empurrando de volta. - Você não vai se levantar. Quero que você sinta pelo menos um por cento da humilhação que estou sentindo.

Doze Verões Com Você • RarijackOnde histórias criam vida. Descubra agora