romance talking

167 17 1
                                    

Oliver de fato dormiu no sofá. E o engraçado é que mesmo assim, ainda em seu pior momento, conseguiu se lembrar de Elio, pois a cama do garoto era tão pequena e apertada quanto.
Ao acordar, Marta não estava em casa e ele por sua vez não tinha o direito de reclamar porque fez o mesmo no dia anterior. Tomou seu banho como sempre, fez a barba, bebeu uma xícara rala de café puro e suspirou fundo inchando o peito.
Eram nove e meia da manhã. Elio já devia estar acordado. E era para lá que ele iria.

***

Elio tomava sol sem camisa perto da janela da sala, deitado sobre o carpete. Lia um livro sobre biologia marinha, mas seu cérebro estava apenas engolindo as palavras e depois cuspindo de volta.
Duas batidas são dadas na porta. Ele a encara de forma estranha e ao mesmo tempo com certa felicidade na esperança de ter o que fazer naquele domingo. O livro é deixado sobre a mesa de centro, seus pés caminham pelo chão desengonçados e ao ver Oliver parado do lado de fora com um sorriso, sua felicidade aumenta ainda mais.
- Oi -Oliver diz alegre.
-

O-Oi! Uau, você decorou o caminho em menos de uma noite.
- Ainda bem. Eu posso entrar?

Elio da passagem e o permite entrar para o lado de dentro. Em seguida tranca a porta e vai atrás do mais velho assim como um cachorro que segue o dono abanando o rabo. Oliver todo tímido se senta na beirada do sofá e deixa sua bolsa no encosto.
- Aconteceu alguma coisa? -indaga o pianista se sentando ao seu lado extremamente próximo- Por que essa cara?
- Digamos que as coisas não ficaram muito boas em casa depois de ontem. Eu...
- Oli. Me deixa pedir desculpas por o que eu te disse ontem.
- Não precisa fazer isso.
- Não. Por favor. Eu... Eu fui meio hipócrita ontem. Quando nos conhecemos eu estava com Marzia, que é quase a mesma coisa. Então... Me desculpa. Imagino que deve ter me xingado de não sei quantas palavras quando voltou pra casa depois.
- Na verdade fiquei pensando mais na desculpa que daria quando chegasse em casa do que nisso. Porque eu também entendo o seu lado.
- Bom... O que aconteceu ontem?
- Acho que talvez o divórcio esteja mais perto do que eu esperava. Sei que isso é motivo de felicidade para nós dois -e realmente era- Mas ainda vou ter que lidar com as consequências.
- Independente do que acontecer. As portas aqui de casa sempre vão estar abertas pra você, ok? Sei que o lugar é bem pequeno, mas acho que cabe mais um.

Oliver riu e se jogou para trás no sofá, puxando Elio junto fazendo com que seus rostos ficassem próximos. As pontas de seus dedos percorreram a cintura de Elio, lhe arrancando arrepios e sorrisos.
- Senti saudades ontem -o professor comenta.
- E eu também. Achei que só te veria amanhã. Que bom que conseguiu vir.

Seus lábios se molharam com a saliva um do outro. Apenas aqueles beijos eram capazes de os fazer esquecer de todos os problemas que os rodeavam. Ambos ficavam totalmente derretidos e entregues ao ato e sentiam seus corpos enérgicos e ao mesmo tempo relaxados. Os dedos de Oliver percorriam os pequenos cachos de Elio, que tinham uma textura tão macia e lisa como tocar em nuvens. Quando passaram os beijos para recuperarem o fôlego, Elio aproveitou e subiu no colo de Oliver ágil igual um gato. Suas mãos percorriam aqueles ombros e braços musculosos e definidos como quem acariciava travesseiros. Em certo momento de sua vida até desejou ter um corpo igual, mas mudou de ideia quando Oliver começou a elogiar sua magreza.
- Por que nós só não... Esquecemos de tudo que está acontecendo por enquanto. Hm? -Elio sussurrava enquanto depositava beijos pelo pescoço de Oliver. Beijos agora rápidos e intensos que faziam Oliver arfar. Aquele calor que surgia entre os dois o excitava cada vez mais- Eu sei que depois você vai voltar pra sua casa -continuou sussurrando- E toda essa merda vai continuar. Mas nós dois podemos só ignorar tudo e ficarmos juntos por hoje.

Oliver sorriu, o deitou no sofá e continuou os beijos. Os braços de Elio envolveram seu pescoço e fazia cada ação sem pudor. O clima pedia por sexo, porém, estranhamente, não era isso que queriam. Os lábios avermelhados, os corpos quentes e suas roupas que pediam para serem tiradas colaboravam para isso, mas eles não conseguiam fazer nada além.
Em certo momento, ambos apenas pararam com tudo e se olharam. As pontas geladas dos narizes se tocavam e faziam com que Elio soltasse risadas por sentir cócegas. O silêncio de domingo e os raios de sol que os cobriam como uma manta era extremamente agradável e nada desconfortável. Se você se concentrasse bem, podia ver e ouvir diversos "eu te amo" voando pelo ar como pássaros. O apartamento de Elio era para Oliver agora uma espécie de refúgio. E finalmente, eles agora sentiam que presenciavam o verdadeiro paraíso.

call me by your name againOnde histórias criam vida. Descubra agora