Capítulo 1

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Capítulo 1

Como em todas as manhãs, Daniela desceu os cinco andares de seu prédio pelas escadas, esperou pacientemente os dois minutos para que o farol fechasse, e entrou na padaria.

— Bom dia, menina. — o padeiro a cumprimentou

— Bom dia, seu Gomes.

Ela não precisou repetir seu pedido diário. Gomes preparou o cappuccino e seus pães de queijo. Ela pegou, agradeceu, pagou e voltou em direção ao seu apartamento.

O sol da manhã brilhava entre as nuvens, aquecendo as pessoas que estavam saindo de casa para mais um dia trabalhoso e cansativo.

Daniela subiu as escadas com cuidado para não derramar seu cappuccino quente. Quando chegou em seu andar, segurou o pacote com os pães de queijo em baixo do braço para abrir a porta do corredor.

Todos os seus dias começavam assim, uma rotina que mais parecia um deja vu.

Mas foi a primeira vez que uma porta bateu violentamente contra ela, derramando todo seu cappuccino em sua camiseta branca, molhando seus cabelos ruivos e espirrando o líquido na lente de seus óculos.

Antes que ela soltasse uma enxurrada de palavrões, alguém começou a se desculpar.

— Puta merda! Me desculpa, eu não vi você!

— Você não me viu pela porta fechada? Caramba! Tenta não ser tão cuidadoso da próxima vez, pois ainda sobrou cappuccino!

O rapaz entortou a cabeça.

— Pois é, meus óculos com visão de raio x ainda não chegaram, por isso não consegui saber que tinha alguém atrás da porta!

Ele ironizou, tanto quanto ela.

Daniela bufou, tentando passar por ele sem ao menos encará-lo. Mas o rapaz se colocou na frente dela.

— Machuquei você?

— Para sua sorte, não.

— Estou tentando ser educado.

— Tanto faz.

Ele quase riu. Aquela situação estava engraçada. Bom, pelo menos para ele.

Ela parou de tentar limpar o cappuccino de sua camiseta e encarou o ogro que quase a jogou escada a baixo.

— E não querendo piorar as coisas, mas acho que é bem difícil tirar essa mancha...

Ele não tinha certeza de nada disso, queria mesmo era provocá-la um pouco mais. Mesmo vendo a raiva que emanava de seus olhos por trás das lentes manchadas, uma garota daquele tamanho não lhe causava medo algum.

— Não tem problema. Compro outra camiseta e coloco a conta em seu nome.

O olho esquerdo dela saiu ileso, então Dani resolveu encarar o loiro de olhos claros, bem mais alto do que ela e quase da largura da porta. Bom, com certeza ele era menor que a porta, mas ali, naquele minúsculo quadrado iluminado apenas pela luz do corredor, ele parecia imenso.

Daniela tinha quase certeza de que o som que saiu de sua garganta, ao passar por ele, foi muito parecido com um rosnado.

Ela saiu pisando firme, segurando os cabelos para que não pingasse cappuccino no corredor, e entrou em seu apartamento.

Assim que Alan a viu entrando, colocou os fones de ouvido e desceu a escada correndo, indo para sua caminhada matinal.

Ele acabou de se mudar para o apartamento da irmã mais velha. Está procurando por um emprego em sua área, pois acabou de sair da empresa em que trabalhava com seu pai. Ah, e está praticamente fugindo de sua ex-namorada.

101 dias com eleOnde histórias criam vida. Descubra agora