Amar é uma fraqueza na mesma proporção que é força.
Te deixa mais forte, porém, te destrói.
Diário de Alina Starkov. 6 anos e oito meses após a morte de Aleksander
Anos depois da morte de Aleksander e eu ainda não o superei. Todas as noites ele me assombra em meus sonhos.
Isso não é normal, mas sinceramente, o que na minha vida é normal? Ainda criança perdi meus pais e fui mandada para o orfanato em que Malyen estava, anulei o teste grisha, servi como cartografa no exército, descobri ser uma "santa", me apaixonei por um general, fui traída pelo mesmo, fugi com meu amigo de infância e milhares de outras coisas aconteceram após isso.
Agora, após seis anos e oito meses de eu ter matado a única pessoa que podia me entender descobri que ele estava certo. Uma grande guerra entre os shu's e os ravikans começou e tomou proporções gigantescas. Meu poder voltou aos poucos e agora eu tenho o poder que o terceiro amplificador deveria ter me dado. O poder de mil grishas. A parte ruim disso foi descobrir como que meus poderes voltavam.
Descobrir que meus poderes voltavam e aumentavam toda vez que um conjurador do sol morria foi um choque para mim.
O medo e a repulsa nos olhos de Malyen foi outra coisa que eu gostaria de ter evitado. Perceber que a pessoa que eu amava tinha nojo de mim por algo que eu não podia controlar foi como um golpe fatal em meu peito. Um golpe que junto com outras milhares de coisas me fizeram perceber que Aleksander estava certo.
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— corram! — Nikolai grita alto ao ser apunhalado em seu coração.
Minha última visão dele, com os cabelos em uma grande bagunça, os olhos sem vida e seu sangue escorrendo.
Atrás dele um soldado mascarado segurando uma longa adaga contra o coração do rei. Apesar da máscara que cobria metade de seu rosto, não pude deixar de notar seu olhar, um olhar tão familiar para mim, um olhar que eu tinha visto pela primeira vez segurando um coelho, com os cabelos castanho caindo sobre a testa e as roupas simples suja pela lama e um sorriso infantil.
Zoia me puxa pelo braço me tirando do local rapidamente. Apesar de meus poderes terem voltado, ainda não consigo controlá-los completamente. O que é um desastre afinal não conseguia utilizá-lo muito bem em batalhas.
Corremos em direção ao quarto do rei, onde estão as passagens que levam para fora do castelo. Corro sem olhar para trás mesmo sabendo que aqueles olhos que mataram o rei são os mesmos que um dia amei.
Os olhos de Malyen.
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Diário de Alina Starkov, 4 anos e seis meses após a morte de Aleksander.
Algumas coisas podem até mesmo estar fora do nosso controle, mas isso não importa, você continuará se sentindo culpado, e isso também está fora de controle.
As vezes, quando machucamos alguém, é difícil para essa pessoa nos perdoar. E ainda mais difícil se machucarmos alguém que essa pessoa ama. Ainda mais se você a matar.
Mesmo que isso tem sido sem querer e que você se lembre dia após dia, se culpa dia após dia, mesmo que sofra horrivelmente dia após dia. Isso sempre será sua culpa.
Mesmo se você também tivesse amado a pessoa que matou.
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Estamos cercados. Muitos guerreiros nos cercam. Não há para onde fugir.— acabou Alina — Malyen surge da multidão, retirando sua máscara ele olha em meus olhos e diz. — eu te amei, muito, e você sabe que sim. Mas vocês são um perigo, tanto quanto para a humanidade quanto para vocês mesmos.
— cale a boca seu imbecil! — Zoya grita para Malyen. Ele apenas a ignora.
— eu não posso deixar que vocês fassam mal a mais niguem. — Ele levanta um arma apontando para meu coração. — isso é para o bem de todos. — atira.
A bala passa rapidamente e antes que Zoya possa me tirar do alcance ela acerta meu peito. Uma dor insuportável surge. Algo que eu nunca senti antes. De repente não consigo respirar nem enxergar. Como um último ato lanço uma explosão de luz solar, me certificando de que meu poder acabara apenas com os não grishas que invadiram o pequeno palácio.
Como último som que escuto em minha morte ouço gritos de agonia e um voz conhecida me implorando para ficar.
Sinto muito, mas não posso. Genya querida.
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Diário de Alina Starkov. 5 anos e onze meses após a morte de Aleksander
A morte não é uma coisa muito fácil de assimilar, algumas pessoas passam a vida inteira a temendo. Alguns a consideram um dadiva vinda dos Santos para nos poupar de uma eternidade de tormento. Já eu? Eu nunca pensei sobre o que a morte significava, nunca a vi como algo tão assustador ou como uma benção. Pensava nela como algo imutável, algo que estava fora do meu alcance e que era desconhecido. Nunca tive um real medo dela. Talvez um pouco do que vinha após ela.
Hoje? Acho que seria algo bom. Acabaria com toda essa dor que eu sinto.
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Diário De Alina Starkov (O Começo)
FanfictionAlina Starkov, conjuradora do sol, Rainha de Ravka. Após a morte do seu inimigo, grande amor e única pessoa que podia entendê-la, resolve começar a escrever um diário. Uma tragédia faz com que seu grande amigo de infância se volte contra ela, assi...