Capítulo 8 - Pura felicidade

237 40 37
                                    

Ethan Johnson

Emily estava grávida.

Eu seria pai.

Meu Deus do céu, eu ia ser pai!

As cenas de uns dias atrás passavam por minha cabeça como memórias vívidas. Eu parecia reviver o momento de novo e de novo e de novo, como uma maldita tortura. A dor no olhar de Emily, o seu desespero, o medo de sua mãe e o meu... tudo era tão fodido.

Ainda tinha a história do aborto. Eu sabia que a última coisa que Emily queria na vida era ter um bebê, por isso nunca sonhei com essa possibilidade – também nunca ousei contar sobre a barbaridade do meu pai. Mas agora não tinha mais volta. A bomba havia explodido e eu tentava, de forma falha, recolher os resquícios. Eu também não queria um filho nesse momento, isso atrapalharia meu trabalho e o meu relacionamento com Emily, mas agora, sabendo que uma parte minha e da mulher que mais amava na vida estava sendo gerada em seu ventre, e que poderia em breve não existir mais, me fazia questionar meus sentimentos e as minhas vontades.

Eu queria esse bebê. Eu queria assumir essa responsabilidade com ela. Queria ser pai.

Acordei dos meus pensamentos com a porta do meu escritório sendo aberta de uma vez e Eloise entrando. Isso era tudo o que eu precisava em um quase fim de expediente.

― Você não sabe bater? ― Perguntei, ajeitando minha postura. Eloise sorriu, desdenhosa, e se acomodou na cadeira de frente a minha mesa.

― Não se esqueça, irmãozinho, que a vaga que você ocupa quase foi minha. Então eu também tenho os meus direitos nessa empresa.

Forcei um sorriso para ela.

― Sempre tão simpática.

― Herança dos Johnson.

― O que você quer, Eloise? ― Perguntei. Ela colocou a bolsa na outra cadeira e se acomodou melhor.

― Vim saber o que está rolando entre você e Emily. Ela recusou o convite da mamãe para o dia das dondocas e eu sei que ela não está mais no apartamento.

― Como você sabe? Nossos pais sabem disso?

― Relaxe, só eu sei.

― E como descobriu?

― Tenho os meus métodos. ― Semicerrei o olhar para ela, nada satisfeito com a resposta. Ela revirou os olhos. ― Falei com a síndica do prédio.

― Isso é invasão de privacidade!

― Que seja. Eu não posso deixar vocês para lá, Ethan. Penso que a qualquer momento uma desgraça poderia acontecer, precisava me manter informada. Agora que Emily saiu, tenho certeza de que algo ruim aconteceu. ― Suspirei. ― O que foi?

― Não queira nem saber. ― Me encostei na cadeira, sentindo cada músculo meu doer.

― Ah, mas eu quero. Desembucha. O que aconteceu?

Sabendo que minha irmã não desistiria até que eu contasse, resolvi abrir o jogo. Além de que eu precisava para alguém para desabafar. Por mais que Eloise não fosse a pessoa que eu quisesse para isso, era a única que tinha e a única que realmente estava se importando.

― Nós tivemos uma briga dias atrás. Algo feio.

― Por que?

― Por um comentário que nossa mãe fez. Segundo Emily, ela foi homofóbica.

― Droga. Eu sabia que isso havia a deixado mal. ― Resmungou. ― Ela realmente foi, Ethan. Foi ridículo. Quase me retirei e levei Emily comigo, mas ela parecia fazer esforço para ficar lá, não queria confusão.

Between Two Lines - A história de Emily - LIVRO 2 SPIN OFF "GAROTAS MÁS"Onde histórias criam vida. Descubra agora