Capítulo 34 - Alegrias violentas

145 21 6
                                    

Emily Broussard

Quando paramos de frente a belíssima casa, em um dos bairros mais nobres da cidade, eu gelei. Alisha apertou minha coxa, ainda com uma das mãos no volante.

― Vai dar tudo certo. Está nervosa?

― Não tenho experiências muito boas em conhecer pais, sabe disso.

Ela riu.

― Eles são maravilhosos, Em.

― Tem certeza de que reagiram bem? ― Me virei para ela, tirando o cinto. ― De que vão gostar de mim?

― Eles me amam, Em. Aposto que vão te amar também. Ficaram surpresos, claro, especialmente meu pai. Minha mãe disse que já imaginava. Mães sempre sabem. ― Riu leve. ― Eles são os melhores, te garanto. E estão ansiosos para te conhecer.

Apertei sua mão que ainda estava sobre minha coxa e sorri, aliviada. A última coisa que precisava era enfrentar pais tóxicos novamente.

Descemos do carro juntas e fomos de mãos dadas até a entrada da casa. Ela tocou a campainha uma única vez e não demorou muito até que uma mulher de estatura média, morena, beleza estonteante e um sorriso belíssimo abriu a porta. Era tão linda quanto Alisha. Claro que era a mãe dela.

― Ali! ― Ela exclamou e então puxou a filha para um abraço. Eu fiquei mais afastada, admirando a cena.

Alisha sempre estava em contato com os pais, especialmente com a mãe. A distância não impedia ou diminuía a ligação que elas tinham ― algo em comum que tínhamos. Tive medo de como seria a reação dela ao saber que a filha sempre dentro dos padrões héteros, a princesa da família e da escola, estava namorando uma garota.

Semanas atrás, antes das férias, Alisha precisou vir até Jacksonville para o aniversário do pai e então aproveitou para dar a notícia. Havia causado confusão, claro, mas nenhuma dor de cabeça. Disseram que a amariam de qualquer forma, não importava o que acontecesse e que queriam me conhecer.

Se todos os pais fossem assim, o mundo seria diferente. Ela era sortuda.

Quando terminaram de se abraçar e matar um pouco a saudade, sua mãe se virou para mim. Era impressionante a semelhança nos olhares: castanhos, fatais e intensos. A sensação era de que ela pudesse ler minha alma.

― Você deve ser Emily. ― E então sorriu. ― É um prazer conhece-la, querida. Sou Sarah, mãe da sua namorada aqui.

Alisha riu, chocando seu ombro com o da mãe levemente. Eu ri leve, desacreditada em como não havia barreiras ou tabus para falar sobre mim, sobre a namorada.

― É muito bom conhece-la, Sra. Raisman.

― E lá vem o velho clichê. Por favor, Emily, me chame de Sarah. Nada de senhora aqui. Além do mais, não te chamarei pelo sobrenome.

Assenti, tentando conter o sorriso.

― Ok, Sarah.

Ela se aproximou, passando o braço ao redor do meu pescoço e me levou para dentro. Alisha fechou a porta, vindo logo atrás.

Tentava parecer natural, sem transparecer tanta alegria ou ansiedade, como uma criança abismada em ver o mais bonito dos brinquedos. Para mim, depois de tudo, era surreal saber que poderia me relacionar com pessoas, ainda mais pessoas normais, com pais amorosos e nada tóxicos.

A casa era luxuosa, como esperado. Os pais de Alisha trabalhavam na área da justiça ― sua mãe juíza, e seu pai advogado criminalista ― e ela, no entanto, desejou seguir uma área totalmente diferente. Fiquei abismada com o luxuoso hall, coberto de mármore do chão às paredes, e mais ainda quando cheguei na sala, maior três vezes do que a da minha casa.

Between Two Lines - A história de Emily - LIVRO 2 SPIN OFF "GAROTAS MÁS"Onde histórias criam vida. Descubra agora