Capítulo 25 - Longe de terminar

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Ethan Johnson

Fazia uma semana desde que havia voltado para casa, desde que havia tentado trazer uma parte minha de volta, por menor que fosse.

Eu tinha consultas semanais com uma psicóloga, além de frequentar o maldito grupo de apoio, e consultas mensais com psiquiatra. Meus remédios eram controlados por minha mãe e minha irmã, cuidando para que eu não tivesse uma recaída por conta dos medicamentos.

Acabei voltando a fazer atividade física. Dessa vez eram aulas de krav maga, para ajudar com que eu colocasse para fora toda a frustração e tristeza que ainda carregava. Estava indo melhor do que pensei.

A pior parte de tudo era quando a noite chegava. Eu ficava melancólico, costumava ter pesadelos que me impediam de dormir e a única coisa que me preenchia era um vazio imensurável. O que quer que eu sentisse, estava me matando aos poucos.

Naquela manhã de sábado, acordei um pouco melhor. Meus pais estariam fora de casa, então seríamos apenas Eloise e eu. Ela me garantiu que faríamos uma noite de filmes, cozinharíamos nossas comidas favoritas e eu poderia me divertir um pouco. Aquilo me animou.

Ela me levou até o supermercado do centro, e esperou dentro do carro.

― Vou te dar esse voto de confiança. Compre o que precisar, estarei aqui esperando. ― Ela disse, dentro do carro, e me entregou o cartão de crédito já que todos os meus haviam sido bloqueados. Não julgava.

― O que compro?

― O que quiser. Mas compre coisas que façam sentido também. Macarrão, batatas, peixe, chocolate... algo que dê para montar um cardápio.

― Certo.

Entrei no supermercado sentindo minhas mãos suarem. Desde que havia voltado para casa, não tinha saído sozinho, sempre era acompanhado por Eloise ou minha mãe. Fiquei um pouco feliz quando minha irmã permitiu que eu fizesse algo sozinho.

Quando comecei a colocar algumas coisas dentro do carrinho, lembrei do tempo em que fazia compras para minha casa com Emily. Eu senti a tristeza voltar, me causando gastura.

Tentei me distrair, pegando os ingredientes para fazer um carbonara com filé e de sobremesa um pudim de chocolate. Eloise era uma ótima cozinheira, especialmente quando estava disposta a animar alguém, nesse caso, eu.

Na seção de massas, enquanto tentava escolher a melhor marca de macarrão, ouvi uma voz que fez minha espinha gelar:

― Ethan?

Virei rapidamente e vi Martha Broussard. Simplesmente não soube como reagir.

Ela ainda era como me lembrava, muito parecida com Emily, com seus traços turcos-americanos. Martha sempre carregou uma feição cansada por tanto trabalho, mas era amorosa a cada palavra que dizia. Ela parecia tranquila, e diferente de muitas vezes que a via, não usava roupa do trabalho.

― Martha. ― Falei seu nome tão baixo que nem sei se ela escutou, mas pela forma como ela engoliu com força, soube que estava errado.

― Você está bem. ― Ela afirmou. Eu continuei a olhando, sem saber como reagir.

― Acho que sim.

Quando ela deu alguns passos, ficando a menos de um metro de mim, senti um nervosismo imensurável me invadir.

― Onde você esteve?

Engoli em seco.

― Em uma clínica de reabilitação. Não sei se soube, mas eu quase...

― Morreu. ― Ela completou. ― É, eu soube. Estava no hospital quando você chegou depois de ter tido uma overdose.

Concordei com a cabeça.

Between Two Lines - A história de Emily - LIVRO 2 SPIN OFF "GAROTAS MÁS"Onde histórias criam vida. Descubra agora