" Devias falar comigo"
Como assim contigo?
Como é que eu vou falar com a pistola sabendo que está apontada para a minha testa?
E se eu disser a verdade? Dos sentimentos que não consigo descrever... Da maldade que eu vi e senti, o que me garante que não vais disparar? Se naquele capítulo da minha vida foste o vilã que mudou a sequencia da minha historia.
Se fosse eu a pegar a pistola e apertar no gatilho seria considerado suicídio. Mas nas tuas mãos sabendo que eu tenho o poder de o fazer disparar com as minhas palavaras seria homicídio. Acho muito contraditório mas ao mesmo tempo não. Consciente do poder dos sentimentos e experiências que eu carrego.
Escrevendo essas palavras sentido tudo e nada ao mesmo tempo. As cores fazem mais sentido que as minhas próprias palavras quando tento descrever os sentimentos.
Por vezes a minha tristeza é um azul escuro. Aquele azul profundo como uma noite fria e hoje é um cinzento que está mais para o branco. O mesmo branco que sinto quando há uma dor profunda, aquela que paralisa.
E a depressão parece uma escada em espiral que nunca acaba, normalmente tudo está bem até eu olhar para o centro e não consigo ver o chão. A ansiedade entra quando eu não lembro se era suposto subir ou descer as escadas porque eu nem sequer me lembro de como acabei por estar nessas escadas.
Se ainda estas a ler e te sentes confuso/a, imagine o que sinto todos os dias. É mais fácil dizer que hoje estou um azul escuro com uma mistura de branco com vermelho em vez de descrever sentimentos do jeito que fomos instruídos.
Não vos contei do vermelho. O vermelho é a dor viva e dorida que sinto, a raiva e todas aquelas emoções que faz o meu sangue ferver. O vermelho manifesta mais no exterior, ele é forte, mas nunca o deixei fazer nada. Por quê? Deves estar a pensar. O vermelho não age sozinho e tem o suporte dos primeiros capítulos da minha vida. Até hoje eu nunca vi a cara do vermelho.
"Devias falar comigo"
Acredite, não queres sangue nas tuas mãos e pior que isso, memorias que nunca iras esquecer.
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A Vida (Poesias)
PoetryUma menina aos 15 anos começou a escrever sobre os seus sentimentos mais íntimos para poder escapar da realidade menos feliz. Hoje a menina que tornou-se uma mulher e continua a escrever sobre a vida, sem regras, sem restrições e da forma que faz lh...