SOB ATAQUE

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Sírius

Esses dias serão minha prova de fogo.
Acabei de perceber que não estou indiferente  àquela fêmea humana, ao menos, não meu corpo.
Mas, minha palavra é uma só e a manterei até o fim.
Pego o bracelete da minha amada companheira e aperto entre os dedos, tentando manter qualquer pensamento infiel longe da minha mente.

Mais cedo, recebi a notícia de Yngi de que os arturianos estavam vindo em meu encalço.
Eu sabia que eles não deixariam minha afronta passar e pior ainda a da fêmea.
Só não fiquei mais preocupado com essa situação, porque eles não tinham tecnologia suficiente para rastrear uma nave Antaron no modo furtivo.
Com certeza, chegaríamos em All-One sem intercorrências.

Despreocupado, acabei cochilando alí mesmo em meu assento de comando, já que voltar pro quarto estava fora de cogitação.
Porém, isso dura pouco; saio do meu rápido sono ao ouvir passos.
Inesperadamente soltei o que havia em minha mão e o objeto foi cair aos pés da fêmea diante de mim.
Ela se abaixa e pega o bracelete e não consigo evitar encará-la, com certa fúria.

— Ah, desculpe! Aqui está!

Acredito que ela tenha percebido meu desconforto ao ver a jóia em suas mãos.

— Está melhor, fêmea?! — Pergunto observando seu semblante.

— Hadassa! Chame pelo meu nome, por favor!

Ela estende a mão para mim e a encaro, um tanto surpreso. Realmente, não nos apresentamos antes.

— É só um cumprimento humano! — Fala como se me encorajasse.

— Ah, certo! — Agarro sua pequena mão — Sírius! Meu nome é Sírius.

— Agora que nos apresentamos, eu quero te pedir desculpas por meu comportamento e agradecer por ter salvado minha vida!

Confesso que essas palavras me deixaram aliviado. De fato, não quero mais ter que lidar como uma fêmea descontrolada ou no cio.

— Era o meu dever! Eu a coloquei nisso.

— Para onde está me levando?!

— All-One, meu planeta natal!

Essa é a hora de abrir o jogo com ela.

— Por quê?!

— Não lembras mesmo, não é?! Quando te tirei da sua aeronave, tu me atacaste e seu corpo acabou absorvendo uma arma poderosa que estava sob meu poder.

— Só está tentando reaver sua arma?!

Por que percebo um tom de decepção em suas palavras?! Talvez eu só esteja cansado demais e vendo coisas onde não tem.

— Sim! — É a minha resposta. — Não se preocupe, quando a Iocto for extraída do seu corpo, eu a levarei de volta à Terra em segurança.

Achei melhor não alertá-la para o fato de que a Iocto iria consumir seu corpo em menos de 72 horas agora, se eu não conseguisse a tecnologia para extrai-la.

— Você está com cara de cansado! Devia ter ido dormir na cama!

— Eu não queria incomodá-la!

E também não queria ter meu corpo incomodado, já tinha sido muito difícil me segurar da última vez.

— Hum...vou indo, então...

Observo ela se direcionar à saída e é nessa hora que as luzes de emergência começam a piscar e o alarme soar.
Fomos rastreados.

— Isso é ruim! Vamos ser interceptados por uma nave arturiana.

— Os aliens de quatro braços?!

Vejo o pânico em seus olhos e como seu corpo treme diante da nova ameaça.
Na minha tela aparecem duas naves gigantescas.
As coisas ficaram claras; os arturianos estavam trabalhando com o rei Kany de Whiaran, por isso conseguiram nos encontrar.

Sem Deixar Vestígios: Contos AlienígenasOnde histórias criam vida. Descubra agora