Sem Deixar Vestígios: Contos Alienígenas

EU QUERO VOCÊ

Sírius

Estou muito desconfiado com essa repentina bondade do imperador.
Por que ele me deixaria levar a fêmea humana de volta à Terra se já havia decretado minha morte?
O que mudou?
Eu já havia desistido de viver, mesmo que ele tenha me oferecido uma chance de escapar.
Tenho dignidade e jamais envolveria a humana em algo tão sórdido.
Ela merecia um macho melhor que eu.
Mesmo assim, decidi levá-la, já que sou o responsável por ela está do outro lado da galáxia.

Subimos à bordo, mas sequer a cumprimentei; era melhor manter distância.
Os homens de Hámmon vieram conosco, com certeza não queriam que eu escapasse.
Ikion, também, se recusou a me deixar sozinho, mas ele é meu amigo mais próximo e está encarregado de cuidar da fêmea.
Eu só não contava que os dois fossem ficar tão próximos.
Mais tarde, quando estávamos no refeitório, vejo a fêmea chegar e o modo como está vestida, faz meu coração até errar a batida.

Tudo que consigo imaginar é ela sob meu corpo, na minha cama.
Desvio o olhar dela, mas ainda continuo a observá-la.
O sangue ferve em minhas veias ao ver meu amigo chegar e deslizar a mão nas costas dela e repousar em sua cintura.
Tudo que consigo pensar é em arrancar seu braço fora.
Esse bastardo me paga.
Os dois se sentam juntos e como se não bastasse, ele segue com suas investidas.
A pior foi ter posto a mão em sua perna e ficar acariciando.

Tentei me controlar, mas isso já era demais.
Bato na mesa com tanta força ao me levantar que o móvel se parte.
Olho de esguelha os soldados de Hámmon e vejo a intenção dos machos de interferir; meneio um não com a cabeça e espero que eles entendam a advertência e não estejam entre mim e aqueles dois.
Caminho até eles e a fêmea se assusta e se ergue abruptamente, só para cair no colo do Ikion.
Definitivamente, isso é o estopim.
Vou acabar com esse macho, mas não agora.
Tenho negócios mais urgentes com a pequena humana.

- Venha comigo, AGORA! - Exijo e a puxo pelo braço - Cuido de você depois! - Ameaço olhando Ikion de esguelha.

Levo-a através do corredor e só agora me dou conta de que a trouxe direto para os meus aposentos.
É tarde pra voltar atrás e a empurro para dentro e cerro a porta.

- Eu sei o que está tentando fazer, fêmea! Aposto que foi ideia da imperatriz ou eu não estaria aqui.

Falo num tom de acusação, porque sei que isso é a verdade.

- Não sei do que está falando.

Que mentirosa!

- Ah, é? Não ponha meu guerreiro nisso. - Digo ignorando sua negação.

Ela me olha de forma desafiadora e vocifera:

- Escuta aqui, não é da sua conta quem eu escolho pra transar.

Não tenho certeza de ter registrado suas palavras direito. Já não tenho certeza se é fluido vital ou fogo que corre em minhas veias.

- O quê? Está me dizendo que escolheu Ikion para acasalar?!

- Você se importa com isso?!

Por que me importo tanto com isso?
Estou condenado a morte e Ikion seria um bom macho para ela. Ele é valoroso e cuidaria bem dela.
Começo a andar de um lado para o outro, enquanto penso nisso.

- Não!

- Ótimo! Então, hoje vou passar a noite com ele e não quero ser interrompida. - a fêmea abusada me fala e se direciona à saída. A alcanço à passos rápidos - O que você quer? - Ela me questiona de um jeito petulante - Gosta do que ver?! Isso porque não viu o que estou usando por baixo. Será se Ikion vai gostar?? - Ela sussurra em meu ouvido.