correndo contra o tempo

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Então era manhã, por volta de umas seis horas, onde a luz do sol radiava nas enormes ruas de Toronto. Clhoe atravessava a rua do seu consultório correndo rapidamente assim que o semáforo brilha vermelho fazendo com que os carros a sua frente parassem.

Ela passava entre os outros pedestres esbarrando-os, pedindo desculpas, ela segue adiante. Ela teria muita coisa para fazer e tudo parecia estar lhe atrasando.
No mesmo instante ela sente como se todas as pessoas de Toronto tivessem resolvido sair nas ruas exatamente naquela hora.

Ela afasta uma mecha do seu enorme cabelo ruivo do rosto e entra na papelaria. Ela respira fundo finalmente saindo da loucura das ruas poluídas, mas dentro da loja não parecia muito diferente. Havia uma quantidade considerável de pessoas lá dentro também.
Aparentemente o suprimento de artigos de papelaria de todos também havia acabado naquele dia.

Clhoe soltou outro suspiro mais alto. Andando, ela vai em direção a prateleira de canetas, ela tinha uma caneta específica que gostava de usar para fazer suas anotações durante as sessões. Mas estava tudo indo perfeitamente bem naquele dia então, é claro, que especificamente essas canetas acabaram.

— Moça?! — ela ouve alguém chamar, mas não acha que é com ela então ignora procurando por outra caneta que possa servir. Mas para quando alguém toca seu ombro — Oi, é... com licença. Sua bolsa está aberta.
— O que?! — fala distraída então percebe e fecha a bolsa — Ah, obrigada.

Clhoe volta a inspecionar as prateleiras lançando um olhar frustrado para o local onde deveriam estar suas canetas preferidas.

— Acho que você vai ter que procurar essa caneta em outro lugar — ela se assusta quando o homem fala. Não tinha percebido que ele ainda estava lá.

— Isso eu já percebi — fala um pouco irritada e sai olhando pelas outras prateleiras tentando lembrar se precisava de mais alguma coisa. Ela pega alguns pacotes de folhas chamex, para usar com os pacientes mais novos.

— Ou... — fala o rapaz ainda indo na mesma direção que ela — Você pode ficar com essa.

Ele passa a mão atrás da orelha puxando uma caneta, sua caneta preferida, e estendendo para ela. Em qualquer outro momento ela teria rido.

— Comprei três, então pode ficar com uma.

— Você se acha muito engraçado não é? — ela fala sem paciência para aquilo tudo. Ela só queria sair dali rápido e chegar a paz do seu consultório para terminar de resolver tudo o que precisava, acompanhada de uma boa xícara de café.

O sorriso do rapaz vacila por um segundo, antes de voltar a andar.

— Desculpa, bom então eu... já vou — ele se vira e então se vira de volta para ela — Quer saber vem.

Ele então a segura pelo seu braço e a puxa a  para o caixa.

— O que você está fazendo? — ela pergunta tentando se soltar da mão dele

— A fila está enorme e você parece estar com pressa — ele fala e para no último caixa, que parecia estar desativado — Peter?!

— Aqui — fala um garoto saindo de trás do balcão.

— Ok, não tem nenhum deficiente, grávida ou idoso — fala o rapaz ainda a segurando— Peter meu amigo, você poderia passar as coisas dela? Ela está com pressa e você disponível.

O menino dá de ombros e faz sinal para Clhoe passar as coisas que estava segurando. Em um minuto os dois já estavam saindo da loja cada um com suas respectivas compras.

— Bom, acho que já vou indo então — fala o rapaz começando a se afastar.

— Espera! — fala Clhoe o parando-o.

— Sim?!

— Me desculpa como eu agi com você lá dentro, eu não sou assim — fala — Só não estou tendo um bom dia, não que isso seja desculpa.

— Tudo bem, eu entendo. Também não estou tendo um bom dia — fala ele sorrindo — Trabalhei em uma festa ontem, acordei muito tarde e agora estou correndo atrás — ele diz passando as folhas de um planner velho e marcando tudo o que fez no dia. Clhoe finalmente ri.

— Espero que consiga fazer tudo então. Obrigada pela ajuda lá dentro.

— De nada…

— Ah! O meu nome é Clhoe.

— De nada Clhoe — ele fala de novo — Prazer Alphonso.

Ela então aperta levemente a mão dele.

— Prazer, muito obrigada de novo, mas eu realmente tenho que ir agora.

Ela começa a andar e Alphonso caminha ao seu lado com uma certa distância.

— Se quiser um conselho — ele começa, fazendo com que ela ela lançasse um olhar ameaçador. Mas não fala nada — Mesmo tendo muita coisa pra fazer mantenha a calma. Fazer com pressa só acaba fazendo o tempo ir contra você.

Clhoe ri de verdade pela primeira vez naquele dia.

— Isso é o que eu digo pros meus pacientes — fala rindo — Mas ninguém é perfeito, eu também esqueço de aplicar isso a mim às vezes.

Alphonso sorri.

— Tipo agora que você está com pressa pra chegar naquela loja da Apple — ele continua — Mesmo faltando 30 minutos para abrir.

Clhoe quase perguntou como ele sabia para onde ela estava indo, mas considerando que ela estava parada esperando o semáforo abrir e olhando ansiosamente para a loja enquanto isso, era fácil deduzir. E bom, ele estava certo, não tinha prestado atenção quanto ao horário.

Soltou outro suspiro frustrada, mais uma coisa que ficaria atrasada. Ela precisava de outro tablet para o trabalho, já que o seu antigo havia sofrido um acidente.

— Acho que aprendi a lição — ela fala dando um meio sorriso — Assim acho que já vou voltar ao trabalho.

Ela se vira e encontra Alphonso a observando com um sorriso.

— O que foi?

— Nada. A gente se vê por aí ruivinha — ele acena e se vira indo embora.

Clhoe então vai embora, em direção ao escritório. Mais rápido do que ela esperava seu estresse já havia sumido quase por completo

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