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Às 23:10 o Kim já estava esperando na frente do apartamento, a frustração tomando conta de seu corpo ao notar que não, o mototaxista não iria aparecer naquela hora pra fazer merda consigo.

Oras! Ele iria ser pago para lhe levar pra lá!

Ah...como que irá resolver essa bagunça? Definitivamente, o Min não irá devolver a carta, é capaz de ele nem ter lido e ler após descobrir quem escreveu ela, então, com toda a certeza, Taehyung não irá pedir educadamente que lhe devolva a carta, vai roubá-la ou terá que se mudar para um lugar muito, muito distante.

- Merda - O Kim praguejou, dando meia-volta e retornando para a portaria do prédio com as alças da mochila pequena em suas mãos cobertas por luvas pretas, uma pitada de decepção ao saber que não irá estrear a mascará de ninja que comprou na Shein há um mês atrás na intenção de que um dia iria usá-la numa ocasião singular.

Bem...não vai ser dessa vez.

Contudo, antes de acenar para o porteiro noturno para abrir a porta, escutou um barulho familiar surgindo junto de uma moto que dobrara na esquina. Lá está ele!

- Você tá bem? - O alfa indagou ao estacionar na frente do prédio, seu olhar de pura confusão ao ver o ômega todo vestido de preto, e estaria disfarçado se não fosse pelo poodle bordado no moletom preto, e melhor, bordado com variadas lantejoulas que refletiam no mínimo sinal de luz.

- Xiu! - Taehyung chiou, cruzando seus braços na frente do corpo ao se sentir patético com aquela falha em seu disfarce - Eu não tinha camisa preta, roupas pretas são usadas por pessoas sem personalidade, sem vontade de viver e tão invisíveis que poderiam ser facilmente excluídas da sociedade sem sequer notarem - Explicou se aproximando da moto e estendendo uma mão pra pegar o capacete no braço do alfa, prendendo um sorriso ao notar que, por pura coincidência, o alfa está vestindo preto naquela noite, e parecia ser só mais uma roupa preta no meio de várias - Claro, sem querer ofender quem usa preto.

O sarcasmo é evidente em sua voz, fazendo a expressão irritadiça do alfa se intensificar.

- Não ofendeu - O mais novo resmungou, entregando o capacete nas mãos do outro.

- Fico feliz - Respondeu com ainda mais sarcasmo, o sorriso de pura satisfação ao ser o causador da raiva do outro, o sarcástico, o melhor!

Quase saltitando em contentamento, colocou o capacete com cuidado e subiu na moto, dando duas batidinhas no ombro esquerdo do motoqueiro pra avisar que já está pronto pra partir, porém o silêncio do outro o fez franzir as sobrancelhas, o sorriso em seus lábios diminuindo de tamanho lentamente.

- Aconteceu algo? - Tentou se espichar pra ver sobre os ombros do alfa. Quer saber o que calou o alfa, só conseguia escutar um barulho de um botão sendo apertado inúmeras vezes e uma luz forte, como se fosse o farol da moto, sendo ligada e desligada, iluminando a rua por curtos segundos antes de ficar escura novamente - Alfa?

- É que o farol não tá iluminando a rua - O alfa explicou, um tanto quanto aéreo. Então, assustando o ômega sentado na garupa, virou-se bruscamente e  olhou para os olhos do mais velho, descendo o olhar para a estampa de poodle - Tem como virar essa camisa do avesso? Ela tá iluminando toda a cidade com esses brilhos.

Taehyung fechou a cara numa carranca, sabendo que é a vingança do mais novo.

- Por que você não vai-

- Olha a boca! - O taxista interrompeu, rindo enquanto se ajeitava na motocicleta e seguia o caminho que fizeram na manhã do mesmo dia - Se segura - Aconselhou.

E, dessa vez, o ômega segurou pela própria vida.

(...)

Observar a cidade daquele jeito, abraçado na cintura de um alfa que nem conhecia, em cima de uma moto que ia rápida pelas ruas de Seul, o vento frio batendo em seu rosto, o céu escuro e repleto de uma imensidão que conseguia capturar a atenção de qualquer um que prestasse atenção, as estrelas dançando sob seus olhos, a lua em sua mais repleta beleza e as lojas e edifícios que passavam por seus olhos, deixando como lembrança apenas as luzes que iluminavam as entradas, deixando o ômega levemente cego, porém, sem coragem de desviar o olhar.

Se sente num filme. Naquele momento em que não há som algum, nenhuma música, nenhuma voz, nenhum ruído pra estragar. Apenas o silêncio, o mais belo e profundo silêncio que o faz se sentir voando.

Taehyung se sente...vivendo.

Fungou. Um leve aroma de café surgindo e o fazendo franzir as sobrancelhas. Não é como quando passa por um lugar e sente um aroma que rápido passa, não é um cheiro que persiste, como se tivesse bem debaixo do seu nariz. Talvez esteja.

Discretamente, bem discretamente exalou seu cheiro de hortelã e relaxou, sentindo uma paz que há tempos não sentia.

- Chegamos - O alfa avisou, fazendo o ômega pigarrear enquanto afrouxava o aperto, olhando para a casa que estava a um quarteirão de distância da moto - O que vamos fazer?

- "Vamos", não - Kim retrucou, descendo da moto e tirando o capacete enquanto mirava a casa moderna, cuja segurança parecia máxima - Eu vou - Frisou o "Eu".

Entregou o capacete para o outro.

- Beleza. E o que VOCÊ vai fazer?? - Indagou revirando os olhos, arregalando-os levemente ao capturar a imagem do Kim tirando a camisa, deixando o moletom do avesso ao tirá-lo de si, e mesmo estando no escuro, os olhos de Jungkook conseguiram ver cicatrizes antigas nos pulsos não tão magros do ômega, pulsos que foram escondidos de imediato quando o dono deles percebeu que os olhos do alfa estavam em si.

- Umas coisinhas - Taehyung se virou, ficando de costa - Fica com a moto ligada, uma fuga rápida é o que vamos precisar caso pegarem a gente.

O motoqueiro percebeu o desconforto do outro.

- Vou te deixar pra trás, ainda não recebi meu pagamento.

Taehyung, quase de imediato, se virou. Sua camisa está mais discreta sem as lantejoulas evidentes, diferente de sua indignação, que está bem evidente para o alfa ver.

- Não vou te pagar pra você não fugir com o dinheiro!

- Pra isso existe o famoso "50% de garantia", e ainda não vi a cor do meu dinheiro.

De imediato, Taehyung retrucou - Se ainda não te dei o dinheiro, então ele é meu - E saiu andando, o sorriso de vencedor em seus lábios avermelhados brilhando mais que as lantejoulas em sua camisa, que agora estão escondidas.

Mãos à obra!





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N/A: 1. Sim, o capítulo é curto, mas precisava dar esse sinal de que estou voltando, mesmo que com um capítulo curto.

2. Sim, demorei pra voltar, mas tive motivos pra sumir durante 3/4 meses, e peço perdão para todos aqueles que  enviaram mensagens e não tiveram respostas, eu me desapeguei de todos os apps de escrita para focar em outras áreas da minha vida, então não vi essas mensagens. Não garanto que irei voltar como antigamente - 1 capítulo por semana -, mas tentarei ser o mais presente possível, pelo menos duas vezes por mês.


Espero que tenham gostado do cap...

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⏰ Última atualização: Jul 18, 2022 ⏰

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