O Segredo de Kim Taehyung • taekook [ADAPTAÇÃO]

Nove

Quando saio do escritório naquela tarde sinto-me todo agitado, como um daqueles globos com neve dentro. Eu estava muito feliz sendo um povoadozinho comum e sem graça na Suíça. Mas agora Jeon Jungkook veio e me sacudiu, e há flocos de neve por toda parte, girando em redemoinhos, sem saber mais o que pensam.

E pedaços de purpurina também.

Pedacinhos minúsculos de empolgação brilhante, secreta.

Cada vez que capto o olhar ou a voz dele, é como um dardo no peito. O que é ridículo.

Ridículo.

Bogum é meu namorado. Bogum é o meu futuro. Ele me ama, eu o amo e vou morar com ele. E vamos ter pisos de madeira e bancadas de granito. Pronto.

Pronto.

Chego em casa e acho Jimin de joelhos na sala de estar, ajudando Yugyeom a se enfiar na calça de camurça preta mais justa que eu já vi na vida.

— Uau! — exclamo quando largo a bolsa. — Que incrível!

— Pronto — ofega Jimin, e se senta nos calcanhares. — O zíper está fechado. Você consegue respirar?

Yugyeom não move um músculo. Jimin e eu nos entreolhamos.

— Yugyeom! — insiste Jimin alarmado. — Você consegue respirar?

— Mais ou menos — responde Yugyeom por fim. — Vou ficar bem.

Muito devagar, com o corpo totalmente rígido, ele anda pé ante pé até onde sua bolsa-pochete Louis Vuitton está, numa poltrona.

— O que acontece se você precisar ir ao banheiro? — eu o encaro.

— Ou se for para a casa dela? — Jimin deixa escapar um risinho.

— É só o nosso segundo encontro! Eu não vou para a casa dela! — diz Yugyeom. — Esse não é o jeito de... — ele luta para respirar. —... se dar bem na vida. Eu preciso me valorizar para ser ainda mais desejado.

— Mas e se vocês ficarem cheios de tesão um pelo outro?

— E se ela agarrar você no táxi?

— Ela não é assim — rebate Yugyeom revirando os olhos. — Por acaso ela é a primeira subsecretária-assistente do secretário do Tesouro.

Encontro o olhar de Jimin e não consigo evitar, dou um riso fungado.

— Taehyung, não ria — pede Jimin na maior cara-de-pau. — Não há nada de errado em ser secretária. Ela pode subir na carreira, conseguir algumas qualificações...

— Há, há, ha, muito engraçado — exclama Yugyeom irritado. — Sabem, um dia ela vai virar ministra e aí acho que vocês não vão rir.

— Ah, eu espero rir, sim — retorque Jimin. — Mais ainda. — De repente ele se concentra em Yugyeom, que ainda está parado junto à poltrona, tentando pegar a bolsa. — Ah meu Deus! Você nem consegue pegar a bolsa, não é?

— Consigo! — geme Yugyeom, fazendo um último esforço desesperado para dobrar o corpo. — Claro que consigo! Pronto! — Ele prende o cordão da pochete por sobre um dos ombros e sorri triunfantemente. — Estão vendo?

— E se ela sugerir dançar? — pergunta Jimin, maroto. — O que você vai fazer?

Um olhar de pânico atravessa o rosto de Yugyeom, e depois desaparece.

— Não vai — responde cheio de desprezo. — As coreanas nunca sugerem dançar.

— Muito bem lembrado. — Jimin ri. — Divirta-se.