capítulo três

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Toda festa que se preze começa depois das dez

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Toda festa que se preze começa depois das dez. Onde está escrito isso? Ora, é facilmente possível encontrar tais palavras em conversas frívolas entre amigos universitários quase classe média e mulheres bêbadas de meia idade que odeiam seus empregos e acham que nunca irão se casar — não porque não querem, mas sim porque não esperam que alguém virá querê-las.

Aquela festa, em específico, começava às 21hs. Horário esse que Felix estaria se engraçando com seus travesseiros pronto para dormir. Com sorte, claro. Porque em dias comuns ele não dormiria tão cedo assim. Mas, veja bem: estava ocorrendo uma festa em que sua presença não tivera sido solicitada, tanto como convidado quanto como prestador de serviço, então por que ele estaria ajeitando o avental de garçom no meio da cozinha? Algumas maldições ele não sabia muito bem por que merecia. Se é que merecia.

— Então é o seguinte: vamos servir o pessoal, mas ficar de olho — Wooyoung instruía, com um sorriso sacana no rosto que fazia Felix se preocupar ao quadrado. — Precisamos entrar em contato com Hyunjin. Se alguém o vir, avisa por mensagem aos outros. No máximo, dois de nós aborda ele. Estão com os folhetos da banda?

Felix abaixou o olhar e lentamente esfregou as pontas dos dedos no couchê brilhoso do folheto que estava na sua mão. Tinha um bom design. Mesmo assim, ainda achava aquela ideia um pouco arriscada e estúpida demais. No entanto, a noite estava bonita e, embora ele preferisse ficar no seu dormitório, compreendia que passar vergonha de vez em quando era necessário. Pelo menos em relação a sua banda. Talvez ela fosse sua única chance de fuga dali.

Se não fosse por ela, ele sabia que não teria nada. Nada que pudesse manter seus pés fincados na areia ao meio do dia. E, às vezes, receber mensagens no seu celular lhe dava certo terror e desespero. Ele só queria ter um tempinho para respirar.

Mas não dava. Lá vinha uma bandeja cheia de copos prontos para serem servidos. E lá vinha um empurrão amigável do Mingi para fora da cozinha. Logo aquele turbilhão de informação ronronou no seu ouvido e Felix se sentiu perdido. Não era assim tão raro ele estar numa festa, mas era raro estar numa festa tão importante como aquela. Pessoas do mundo inteiro estavam naquela sala, todas bonitas e bem vestidas, contas bancárias tão graciosas quanto seus sorrisos e, de quebra, todas queriam ser bem tratadas.

— O que é isso? — um rapaz perguntou ao seu lado. Ele usava óculos coloridos que brilhavam no escuro. Aquilo deixou Felix levemente atordoado. — Ah, deixa pra lá. Eu vou beber de qualquer jeito — feito isso, pegou um dos copos e saiu em algazarra pela pista de dança.

As luzes piscavam mais que tudo. Eram rosa, azul e verde. Intercalavam. Os banheiros ficavam no canto esquerdo, mas estavam longe. No entanto, era bem perto da mesa do DJ. Na verdade, nem era algo tão excepcionalmente grande e estrondoso. Não saía do padrão. Provavelmente era um cara branco com dinheiro que havia feito um curso caro e agora estava usando um capacete na cabeça como se esconder a própria identidade e se mascarar num pseudônimo fosse algo estritamente inovador naquelas bandas do século. Não era. Felix o achou um palhaço.

HI-HAT MURDER: O SANGUE NA GUCCI ✘ hyun.lixOnde histórias criam vida. Descubra agora