Após ficar questionando sua própria vida com a cabeça enterrada no travesseiro, Eddie finalmente pega no sono. Ele continuava com a imagem de todos os seus alunos ficando azuis de repente em sua cabeça, e não adiantava que coisa ele pensasse, poderia ser a sua memória mais feliz, mas aquilo não saía dali. Dava pra sentir a respiração de Nancy atrás dele, ela, por outro lado, estava dormindo tranquilamente. Algo que Eddie sempre invejou. Ela sempre pegava no sono fácil, mesmo depois de saber que alguma merda estava acontecendo em uma cidade que fica a 40 quilômetros de distância.
E ali estava ele, deitado virado pra cima e com os olhos fixos no teto, que era bem alto por sinal. Cabiam três Eddies em pé naquele quarto para chegar à altura do teto. Espaço era algo que ele gostava, por isso demorou mais de dois anos pra se acostumar a ter outra pessoa dormindo na mesma cama que ele.
E então um som apareceu de repente. E parecia que vinha da rua. O apartamento dos dois era o último, então tinha a vista para a cidade inteira aos seus pés. Eddie dormia com muita dificuldade, o que também significava que ele tinha o sono muito leve. Qualquer pena que caísse no chão já era o suficiente para acordá-lo de um sono profundo, ainda mais de um pesadelo infestado de pessoas azuis. Então ele se levanta após ouvir o som. Parecia ser o de um vidro quebrando, ele não sabia ao certo. Mas logo depois uma mulher começou a gritar. Muito alto.
Ele se levanta da cama, preocupado, porém tentando não fazer nenhum som para não acordar sua esposa. Ele tinha o lençol branco de cima dele e caminha até a janela, que era praticamente uma parede inteira que ficava atrás da cama. Finalmente em pé, ele olha para baixo (coisa que ele não costumava a fazer muito, pois sua pressão caía com facilidade).
Havia uma pessoa ali, no meio da rua, sozinha. As únicas luzes que tinham ali eram dos postes. A pessoa estava na janela da casa da família Durham, batendo brutalmente no lugar, quebrando o vidro. A mulher que estava gritando no lado de dentro, liga a luz. Era Christina, Eddie a conhecia muito bem. Era um homem quem estava ali, tentando invadir a casa. Por que não pela porta? Eddie não sabia. O homem não parava de rugir, gritava para o bairro inteiro escutar, e para o seu azar, Nancy também.
– Amor? O que está acontecendo? – pergunta a mulher, sentando-se na cama e esfregando os olhos. Estavam ardendo de sono.
– Amor, vem ver.
Nancy se levanta desconfiada, mas caminha até o lado do marido e foca seu campo de visão no mesmo que de Eddie. Ela avistou o homem, e ficou tentando descobrir quem poderia ser.
– Meu Deus, é a casa da Christina! – disse ela. – Quem é aquele homem?
– Não sei, mas gente boa que não é. Será que faremos alguma coisa?
– Ligamos pra polícia?
Eddie deu de ombros, ele não sabia muito o que fazer em situações de extrema urgência. Mas aí o som dos gritos da mulher fica mais alto. O homem tinha conseguido arrombar a janela por inteiro e entrado lá dentro. A esse ponto, outras pessoas de outras casas também já tinham ligado a luz e estavam indo para o lado de fora ver o que estava acontecendo, Nancy inclusive viu uma das moradoras do primeiro andar do prédio lá em baixo.
– Mas que merda é essa... – disse Eddie, observando cada um.
– Eu vou ligar pra polícia.
Nancy sai do lado de Eddie e caminha até o seu lado da cama, onde deixou o seu celular sobre a cômoda. Sons de dígitos surgem e depois coloca o celular ao lado da orelha. Estava chamando.
– Alô, emergência, em que posso ajudar? – disse a voz no celular.
– Oi, aqui é Nancy Homer, eu moro na rua Mount Tabor, tem uma pessoa correndo perigo aqui. Uma pessoa invadiu a casa dela, ela está gritando muito, será que vocês podem ajudar?
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Vírus
HorrorAcidentalmente, um vírus se espalha pelo mundo, causando uma grande pandemia. Essa nova doença é capaz de deixar as pessoas completamente azuis e inconscientes. Cinco anos se passam, e Eddie Homer ainda está à procura de uma possível cura. Ele só nã...