one & only

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Era uma manhã nublada e pesada, o tipo de dia que deixava o ar quase elétrico, como se algo estivesse prestes a acontecer. Kakyoin, um jovem de cabelos ruivos e uma postura desafiadoramente afeminada, caminhava pelos corredores da escola com um olhar entediado. Ele era conhecido tanto por sua beleza andrógina quanto por sua inteligência afiada e seu jeito ácido. Não era incomum vê-lo sozinho, isolado de qualquer grupo, e sua aparência distinta sempre chamava atenção, mas também causava reações divididas.

Naquela mesma manhã, Jotaro Kujo, o enigmático fumante, caminhava na direção oposta no corredor. Alto, musculoso, com uma aura de desprezo pelo mundo ao seu redor, Jotaro era o tipo de pessoa que fazia os outros mudarem de direção quando o viam. Ele carregava uma atitude de quem não se importava com ninguém ou com nada, sempre com um cigarro pendendo nos lábios e um olhar vazio, como se cada segundo que passava fosse um aborrecimento para ele.

Os dois se conheciam vagamente, apenas de vista. Suas personalidades contrastantes eram como faíscas à beira de uma explosão. Kakyoin, com sua língua afiada, nunca tinha paciência para gente como Jotaro, que ele considerava apenas um "valentão sem cérebro".

Jotaro, por outro lado, desprezava qualquer coisa que parecesse "excessivamente peculiar", e para ele, Kakyoin era o símbolo perfeito de algo que ele simplesmente não entendia — alguém que não se encaixava nos padrões esperados, o garoto parecia uma cereja ambulante.

O embate entre eles não demorou a acontecer.

Naquela manhã, no pátio da escola, um empurrão acidental foi o suficiente para acender o pavio. Kakyoin, distraído com seus próprios pensamentos, esbarrou no ombro de Jotaro, fazendo com que o cigarro de Jotaro caísse de sua boca. Os olhares dos dois se encontraram. Um olhar cheio de fogo e desprezo veio de Kakyoin, enquanto os olhos de Jotaro se estreitaram, uma mistura de fúria e desdém.

— Você deveria tomar cuidado por onde anda, cerejinha — Jotaro murmurou, a voz grave e carregada de ameaça.

Kakyoin arqueou uma sobrancelha, não impressionado.

— E você deveria parar de fingir que esse cigarro faz de você alguém mais interessante — retrucou ele, com um sorriso desdenhoso.

A tensão entre os dois explodiu ali mesmo. Socos foram trocados, empurrões, insultos. O pátio da escola ficou em silêncio, enquanto os outros alunos assistiam, impressionados. Era uma luta entre dois dos jovens mais temidos da escola, mas ao mesmo tempo, havia algo mais na forma como lutavam. A cada golpe, havia uma intensidade que transcendia o ódio simples. Era como se algo mais profundo estivesse sendo liberado, algo que nem eles entendiam ainda.

A briga foi interrompida por professores, e ambos foram suspensos. Mas, longe de resolver o conflito, isso apenas plantou uma semente. Nos dias seguintes, ambos não paravam de pensar no que tinha acontecido. Algo naquela briga os perturbava. Kakyoin, em particular, não conseguia entender por que se sentia tão fascinado pela fúria nos olhos de Jotaro, pela forma como ele parecia tão indomável e, ao mesmo tempo, tão perdido.

Jotaro, por sua vez, se pegava pensando no sorriso sarcástico de Kakyoin, em como ele não havia demonstrado medo algum, mesmo sabendo que estava enfrentando alguém mais forte fisicamente. Era raro para Jotaro encontrar alguém que não fosse intimidado por ele. E havia algo na ousadia de Kakyoin que mexia com ele.

O destino, ou talvez a pura ironia do universo, fez com que ambos fossem designados para o mesmo grupo de trabalho em uma aula de história, logo após retornarem da suspensão. O silêncio entre eles era palpável no início. Jotaro, como sempre, mantinha sua distância emocional, enquanto Kakyoin fingia estar totalmente desinteressado.

— Acho que trabalhar com você é pior do que a suspensão. — disse o ruivo.

— Eu podia dizer o mesmo. Você fala demais, e isso me irrita. — bufou cruzando os fortes braços

Cherry Boy - JotakakOnde histórias criam vida. Descubra agora