Decepcionada

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Pov Henrique

- Onde você esteve o dia todo, Bela? Eu perguntei irritado.
- Eu sair com meus amigos. Ela respondeu e foi subindo para seu quarto. Eu subi atrás.
- Que amigos? Perguntei.
- A Brenda e o Luan. Respondeu sem me olhar.
- Não sabia que eles eram seus amigos. Respondi.
- Pois é, você não sabe muita coisa sobre mim. Mas não se preocupe não, que a partir de agora vou manter o SENHOR atualizado. Ela respondeu frisando o "senhor" e visivelmente irritada, merda.
- Ok, Bela. Eu estava preocupado. Tem comida no microondas para você. Vou sair com alguns amigos também, vou voltar tarde. Falei saindo do quarto.
- Tchau. Ela respondeu entrando no banheiro.

Realmente aquela situação acabava comigo.

Pov Isabela

Eu estava disposta a afastar todo sentimento que eu tinha por ele do meu coração, estava disposta a viver mais minha adolescência, da forma como ele disse que queria que eu vivesse, a curtir mais as coisas da vida, a deixar de lado toda aquela paixão platônica que eu cultivava há anos por ele. Eu ia dar o meu melhor para esquecer tudo e viver mais da forma que uma jovem da minha idade viveria.

Eu estava enchendo a banheira para ficar ali dentro até todas as lágrimas que estavam caindo dos meus olhos fossem embora junto com água. Eu odiava chorar, ainda mais quando a causa de todo aquele sofrimento era por causa dele. Tomei um banho bem demorado, enquanto estava na banheira liguei para a Brenda.

- Oi , mana. Chegou bem em casa? Falei quando ela atendeu.
- Hey, Isa. Sim, cheguei e você? Você tá com a voz estranha, tá tudo bem?
- Nãã-o. Respondi chorando.
- O que aconteceu? Posso ir aí? Quer dormir aqui? Ou eu posso dormir aí, se preferir. Ela falou preocupada.
- Eu não quero que seus pais tenham uma impressão errada de mim. Você já se atrasou hoje, agora sair no meio da noite para vim aqui. Eu falei enquanto respirava e falava pausadamente em cada palavra pronunciada.
- Eii, chego já. Ela respondeu e desligou a ligação rapidamente, não dando tempo para eu falar qualquer coisa.
Sair da banheiro, escovei meus dentes, coloquei um pijama qualquer e desci para sala. A campainha tocou e eu fui abrir a porta.

- Oi , amiga. Estou aqui e vim para ficar. Ela falou me abraçando e jogando uma mochila em meu sofá. Me conte tudo, não esconda nada.
- Obrigada por vim, vamos subir. Eu falei agradecida.
- Sua cara tá péssima, mana . Ela falou, me fazendo dar um mini sorrisinho de lado.
Subimos para meu quarto, a casa estava vazia e isso era reconfortante naquele momento. Deitamos na minha cama, Brenda colocou minha cabeça no seu colo enquanto fazia um cafuné.

- Se você não quiser falar nada, eu vou entender. Posso ficar aqui quietinha apenas fazendo cafuné. Ela falou.
- Obrigada. Sabe, Brenda... parece que te conheço de outras vidas, sei lá. A gente se conheceu agora e eu já te considero uma irmã , você me passa confiança, lealdade e companheirismo, eu sou muito fechada , foi bem difícil eu sair da minha zona de conforto para falar com alguém, mas valeu a pena cada segundo.
- Owwnn , Isa. Eu digo o mesmo. Ela respondeu e beijou o topo da minha cabeça. Te amo , amiga.
- Também te amo. Respondi.
Ficamos em silêncio por um tempo, só curtindo a presença uma da outra, eu estava juntava coragem para contar tudo para ela.

- Brenda... . Comecei.
- Oi? Ela respondeu.
- Sabe o Henrique? Meu tutor e nosso professor? Eu sou apaixonada por ele. Falei de uma vez, respirando e juntando coragem para continuar. Mas ele me ver apenas como uma pirralha, na verdade... não sei. Ele me deixa confusa. Falei.
- Queee? Como assim? Ela me levantou, me fazendo olhar para ela.
- A gente se conhece faz tempo, ele sempre cuidou de mim e da minha mãe, sempre teve ali presente ajudando nós com tudo. Foi por isso que minha mãe cedeu minha tutela para ele antes de falecer. Falei.
- Nossa... Isa.. mas você já gostava dele antes? Ela perguntou.
- Eu comecei a gostar faz um tempinho, mas eu sempre escondi isso dele e de todos, acho que lá no fundo, só minha mãe que sabia. Mas ela nunca falou nada.
- E ele sabe disso? Ela perguntou.
- Sim, sabe. Ele bebeu um dia e quando chegou a gente conversou e meio que a gente se beijou e rolou alguns amassos no sofá,mas depois  disso , tudo desmoronou, inclusive nossa amizade. Falei envergonhada, olhando para a cama.
- Isa... eu posso está enganada, mas eu acho que ele gosta sim de você, na verdade sempre achei, ele te olha diferente das outras alunas, te trata diferente e teve algumas vezes que vi ele te defender sem você nem perceber. Ela falou.
- Você acha? Mas qual o motivo então dele ter me dado um fora e ter dito para eu viver minha juventude , algo do tipo? Perguntei olhando em seus olhos.
- Acho que você sabe a resposta. Você é nova, não tinha amigos, sempre cuidou da sua mãe. Ele apenas não quer que você tenha nenhum arrependimento e se ele se envolver contigo agora, pode até ser preso. Afinal, você é de menor e tutelada dele. Ela falou convicta.
- Nossa... não tinha pensando em nada disso. Falei surpresa. Realmente fui uma tola.
- É difícil pensar em tudo isso, ainda mais com o coração partido. Ela falou.
- Obrigada, mana. Respondi.
- Amigos são para isso. Agora você tem que viver e fazer ele ver que você está vivendo, talvez daqui alguns meses quando você completar 18 anos, ele possa dar uma chance para vocês. Até lá, apenas viva, amiga. Ela falou e me deu um abraço.
- Você tem razão. Eu respondi.

Passamos a noite conversando e em algum momento adormecemos.

- Isa, acordaaa. Brenda gritava me sacudindo.
- Oi? Bom dia para você também. Respondi ainda sonolenta.
- Vamos nos atrasar para escola. Se arruma, vai. Ela falava jogando sua mochila em mim.
Eu me levantei e me arrumei e descemos para tomar o café da manhã. O Henrique não tinha acordado ainda?Ele não estava na cozinha como sempre estava. Será que ele já tinha saído ou estava dormindo? Pensei.

Fiz rapidamente nosso café e subi para verificar o quarto dele. Ele não estava lá e eu tive a certeza que ele não tinha dormido em casa. Onde será que ele havia dormido? Desci novamente.

- Brenda... o Henrique não dormiu em casa. Eu falei preocupada.
- Ele deve ter dormido na casa de um amigo ou do irmão, você me disse que ele tem um irmão.
- Sim, deve ser isso... respondi, mas estava mal com aquilo.
Fomos para a escola e a primeira aula ia ser de literatura, aula que o Henrique administrava. Ótimo!

Alguns minutos se passaram e nada do Rick chegar. Alguns minutos mais , ele chega. A camisa amassada, o cabelo bagunçado e ele apressado e agoniado.

- Bom dia, turma. Desculpem o atraso, eu tive um imprevisto. Ele falou .
- Baita imprevisto , hein professor. Um aluno gritou no sentido de malícia.
Foi nessa gora que notei uma marca de batom em sua bochecha  perto do ouvido.  Senti meus olhos arderem e o meu fôlego faltar. Ele tinha passado a noite com uma mulher? Meu subconsciente gritava. Senti as mãos de brenda nas minhas e olhei para ela.

- Calma. Ela falou olhando em meus olhos. Isa, talvez não tenha sido isso, ela falou baixinho. As vezes a história tem outro contexto, ela continuou tentando me acalmar.
Sentir uma lágrima descer, merda. Limpei rapidamente, mas vi que ele percebeu, pois ele me olhava atentamente.

- Próxima gracinha e te mando para sala da diretoria , Rodrigo. Ele frisou um olhar assassino no garoto.

Ele respondeu o garoto bem sério, coisa que dificilmente ele fazia. Todos ficaram com os olhos arregalados, esperando que fosse brincadeira, mas não foi e ele iniciou a aula. As horas se passavam e parecia que tudo que ele falava não tinha sentido nenhum, pois eu não estava prestando atenção e assim foi todo o resto do dia, no intervalo Brenda tentava me convencer que não era o que eu estava pensando, mas meu subconsciente só dizia que era exatamente o que eu estava pensando. Por fim acabou as aulas.

- Brenda, posso dormir na sua casa hoje? Perguntei.
- Claro, meus pais vão adorar te conhecer. Você quer passar em casa para pegar suas coisas? Ela perguntou.
- Não. Eu pego alguma roupa sua emprestada e compro uma escova de dente no caminho. Eu não quero ir para casa hoje. Respondi e ela assentiu. Eu estava decepcionada comigo mesma.

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