Capítulo 1 - Parte 7

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[ Visão de Misaki.

   Eu sinto ódio, ver o sangue dele pingando no solo morto me dá arrepios, o ar de morte que o lado de fora das muralhas possui se intensificou nesse momento, mas como sempre, eu não consigo expressar o suficiente, sei que não demonstro nada... sempre foi assim.
— Desfaça o escudo! — Minha voz ganha um timbre ainda mais grave, ando em direção à muralha de gelo com minha expressão fechada. "Laços" de cor púrpura circulam meu corpo e logo me envolvem por completo, enquanto os meus cabelos negros flutuam.
   Os dois Rapazes parecem estar com um pé atrás nessa ideia, expressando apenas seus rostos aterrorizados com a cena que presenciaram agora a pouco.
T-tem certeza que devemos fazer isso? o escudo não está protegendo a gente apenas da montanha de gelo.. também está nos protegendo dele. — Diz Charles, olhando para o rapaz de cabelos claros ao seu lado, que está em constante esforço para manter os escudos levantados.

   Logo eu saco a CrosStorm ( Tempestade em cruz ), minha espada britânica, com lâmina negra e com um detalhe de um crucifixo no pomo, e ando lentamente em direção ao garoto, enquanto escorrego meus dedos por ela.
Gimto-arriê. ( Gimto-Arriê: Lâmina eletrizada ) — Com meus olhos fechados e voz calma, eu pronuncio tais palavras, a espada é rapidamente coberta por uma eletricidade que surge com o deslizar de meus dedos.
— Se você não vai desfazer, eu desfaço. — Digo isso enquanto aponto a arma afiada para o rosto de Daniel. Eu logo abro meus olhos e o encaro por um momento, expressando frieza e determinação em meus atos, enquanto o rapaz aparenta medo. De maneira veloz e destrutiva, eu balanço a espada em direção aos inúmeros escudos e somente a rajada de vento causada pressão do ataque faz com que todos eles sejam destruídos, junto da muralha de gelo criada por Lenny.
— Sejam úteis para alguma coisa, somente um dos núcleos dele foi destruído, ainda pode ser salvo. — Eles me ouvem e veem o corpo de Rogers caindo do alto e imediatamente correm sem pensar duas vezes para segurá-lo.
  Charles consegue agarrar seu corpo e parece examinar a condição em que está. 
— Ela está certa, como sempre. Somente o coração foi destruído, o que já é muita coisa, mas como o cérebro, o primeiro núcleo, está intacto, ainda há como salvá-lo. — O Rapaz do Chapéu de palha o coloca no chão e inicia um processo de regeneração forçada de raiz usando sua Aurora Esmeralda, Daniel apenas decide o ajudar também.
Cardia-Tchilea ( Mandamento da cura ). — Dizem os dois simultâneamente.

— Cuidem dele. — Digo isso enquanto me viro para o filho da puta de cabelos vermelhos escuros, que se encontra de pé, me encarando com um semblante fechado e frio.
— Eu vou destruir ele de dentro para fora. — A Eletricidade que percorre minha Tempestade Santa aumenta de Voltagem, chegando ao ponto em que mal se pode ver a cor de sua lâmina. 
Você não é humano, estou certa? — Falo enquanto tiro a parte inferior restante da minha armadura e observo seu braço decepado, que ainda jorra sangue para o chão.

Hey, Hey, Hey... humano? Eu realmente não diria isso, mas também não sou nada de outro mundo, talvez apenas... — Ele diz de maneira despreocupada, até eu somente observo o seu braço arrancado voltando em alta velocidade para o resto de seu corpo.
Diferente de vocês.. — O braço se conecta e regenera totalmente ao corpo, tecido por tecido, célula por célula, isso já não me surpreende mais.

Que alívio, não vou decepcionar meu pai se eu dilacerar você, já que ele odeia a ideia de que atos bárbaros como esse que eu irei cometer, sejam cometidos... — Eu avanço contra ele, com minha espada indo diretamente em direção ao seu pescoço.
— ... Contra nossa espécie! — Minha potente voz é sucedida por minha lâmina, que passa de raspão por seu cabelo, chegando a cortar alguns de seus fios.
  Mesmo tendo desviado, ele da alguns passos para trás, com uma expressão singela de surpresa.
— Esse corte... — Diz ele, mas eu não cesso os ataques com a CrosStorm e chego a quase acertá-lo várias e várias vezes.
— Essa técnica de espada.. — Ele fala enquanto desvia com alguma dificuldade. Por um momento, eu consigo passar a espada perto de seu rosto e cortá-lo superficialmente, fazendo descer uma gota de sangue.
Hey, Hey, Hey... Você... Você é bem mais forte do que ele! — Ele diz isso totalmente na defensiva e de maneira cuidadosa. O garoto logo salta para trás, recuando, aparentemente com a intensão de ter maior controle de área. Nós vamos nos afastando gradativamente da muralha. 
— Não corra de mim! eu ainda nem comecei a me soltar. — Eu digo de maneira arrogante e acabo sorrindo por um momento, mas, com esse simples comentário, já consigo sentir a paciência dele sendo colocada à prova.

Foster - Lua de Sangue (Escrevendo).Onde histórias criam vida. Descubra agora