Bônus: Supermercado e situações indesejadas

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ATENÇÃO RAPIDINHO POR FAVOR
Esse capítulo pronto e guardado comigo desde o ano passado, minha intenção inicial era fazer outra fanfic de agora mas não estava evoluindo muito nesse projeto. Como agradecimento ao carinho >enorme< que vocês deram a Hunt (aliás, eu ainda fico espantado com a proporção que essa fic teve e continua mantendo, muito obrigado!) vou adicioná-los como bônus aqui. Espero que gostem, boa leitura!

“Pokémon HOME” é a logo que aparece na tela do Nintendo Switch, me fazendo esperar pacientemente até que a interface do jogo resolva carregar por completo. Enquanto isso, encaro as minhas opções: Kuroo está deitado no sofá junto com o nosso gato, Tetsu, e os dois conseguem ser o suficiente para ocupar boa parte do espaço, sobrando apenas uma parte lotada dos brinquedinhos da bola de pelos, os quais estou com preguiça demais para retirar. Ou eu sento no chão, em cima do tapete, ou sigo para o quarto e deito na cama. Levando em conta o fato de que acabei de sair de lá, deixo de lado essa ideia. Me abaixo e sento tapete, me recostando no sofá e encarando o jogo finalmente carregado em minhas mãos. Preciso aproveitar para fazer algumas alterações antes de gravar uma gameplay com ele daqui algumas horas, então não demoro para começar.

Depois do que acredito ter sido a transferência de cinco pokémons, ouço um bocejo alto atrás de mim, além dos barulhos estranhos e característicos que Kuroo emite quando está se espreguiçando.

Acabou o sossego.

— Bom dia. — A voz rouca e arrastada se pronuncia, me causando um leve arrepio.

— Boa tarde. — Corrijo, o espiando de relance e percebendo que ele sequer teve coragem para abrir os olhos ainda.

— Hmm... — Faz menção de se erguer mas para ao notar Tetsu deitado em sua barriga. — Ok, fui imobilizado. — Dá uma risada leve, acariciando a bola de pelos. — O que você ‘tá jogando?

— Pokémon. — Faço uma pausa ao ser barrado pelo jogo quando tento fazer outra alteração, depois continuo: — Estou transferindo alguns deles do SHIELD para o HOME e vice-versa.

— Esquema de jogabilidade? — Questiona parecendo genuinamente curioso. Antes eu achava que ele se forçava a tentar entender o mundo dos jogos, mas hoje sei que não é o caso.

— É mais por conveniência. — Admito. — Mudar um pouco para gravar mais tarde com o HOME usando novas combinações. Tanto que só estou transferindo, jogar de fato só farei na hora.

— Entendo. — Deixa escapar outro bocejo. — Então, gatinho... — E o famoso tom descarado vem a tona. Até endureço a postura, esperando pelo o que virá a seguir. — Os meninos estavam querendo sair...

— Qual é a de vocês de não conseguirem se desgrudar um segundo? Os três se veem todos os dias, sem exceção. — Parecem até programados para não conseguir ficar longe.

— Eu vou levar isso como ciúmes. — Ele provoca.

— Leve como bem entender, tudo é válido para satisfazer o seu ego. — Aceno em rendição.

— Ainda que nos vejamos sempre — Kuroo prossegue. —, são em treinos. Não é o mesmo que sair. E nós não nos encontramos com o Kageyama e o Hinata já faz algum tempo, você não sente falta?

— Você quase conseguiu. — Respondo sem olhar para ele, ainda concentrado no console em minhas mãos. — Mas eu e Shoyo nos falamos todos os dias, até parece que ele me daria alguma folga da sua calorosa presença.

— E não sente falta de ver o Akaashi ou o Iwaizumi? — Rio ao ouvir sua apelação em quase desespero.

— Você fala como se os encontros de casais resultassem em algo além dos mesmos casais juntos o tempo inteiro. Nunca sobra um tempo de qualidade para a gente conversar sem vocês no encalço. — Aproveito para fazer o desabafo enquanto deixo claro que não irei ceder facilmente.

— E quem garante que dessa vez não vá ser diferente? — Uma entonação extremamente sugestiva surge, o que me faz virar para encará-lo e arquear a sobrancelha em dúvida. Volto para a posição anterior ao perceber o seu sorriso de quem está planejando demais.

— Eu garanto. — Digo entediado. — E não, não estou disposto a deixar que você me carregue até lá para descobrir.

— Mas, gatinho... — Ele inicia exasperado e depois para, possivelmente pela falta de argumentos plausíveis.

E é assim que eu venço as eventuais discussões.

— Se o Bokuto e o Oikawa querem tanto sair, porque não marcam juntos? Eu não me importo de ficar em casa. — Aponto o óbvio. — E se os cavaleiros sentirem muito a minha falta, a gente faz chamada de vídeo. Dá para sobreviver.

— Sei que você não se importa. — Diz em tom amargo. — Aliás, o grupo de vocês realmente ficou batizado como Cavaleiros do Apocalipse?

— Sim, o Iwa oficializou. — Dou de ombros. Aparentemente só mencionar isso foi o suficiente para distraí-lo, ou ele mesmo desistiu de insistir. De qualquer forma, não reclamo ou persisto com algo que possa trazer o assunto a tona.

Levo mais um tempo terminando as trocas no jogo, até que me dou por satisfeito e o deixo no chão ao meu lado. Observo Kuroo silencioso mexendo no celular e Tetsu deitado em sua barriga, ressonando. Me coloco de joelhos e vou até perto do seu rosto, fazendo com que ele se vire minimamente para me dar atenção. Ele parece emburrado, porém basta eu fazer uma careta para que solte um sorriso conformado, erguendo a mão para acariciar meus cabelos. Aproveitando o gesto e a brecha, avanço para seu lábios iniciando um beijo lento e sem malícia, mais como uma confirmação de que estamos bem. Ele não hesita em retribuir com vontade, mordiscando meu lábio e me fazendo suspirar. Me obrigo a separar antes que se torne obsceno, considerando que Tetsu possa acordar e nos pegar no flagra.
Mas os dedos de Kuroo não param de acariciar minha nuca, muito menos seus olhos param de encarar minha boca.

— Não vou conseguir te convencer, não é? — Dou um sorriso sem mostrar os dentes, balançando a cabeça em negação. — Nem se eu te chamar para sair comigo? Só nós dois?

Não consigo não cerrar os olhos diante dessa fala.

— Nós já passamos um bom tempo juntos, tipo... Há uns 15 anos. — Mal termino de falar e ele começa a gargalhar alto, soltando meu cabelo e cobrindo a boca, tentando se controlar quando parece lembrar de Tetsu dormindo.

— Vendo por esse lado... — Volta a falar depois de uns minutos recuperando o fôlego. — Mas nós só ficamos juntos aqui dentro. O máximo que saímos a sós é quando estamos indo nos encontrar com os caras ou quando você faz a boa vontade de ir assistir os nossos jogos. E só ficamos sozinhos no caminho. — Me encara com um olhar acusador.

— Nós saímos sozinhos naquela vez do fliperama. — Lembro.

— Por causa de uma aposta, além de que quase tudo foi gravado e o resto do bando apareceu lá depois. — Revira os olhos. — E isso foi ano passado.

— Olha só, você me parece muito desesperado para sair. — Comento desconfiado, aproveitando para não admitir que ele está certo sobre o fliperama. — É algum problema com o apartamento? É o Tetsu? É o síndico insuportável? Ou são os filhos do vizinh-
Sou interrompido por um Kuroo risonho, me dando um selinho para me calar.

— Eu só quero sair com você, sabe, explorar o mundo juntos. Parece tão ruim assim? — Apesar da tentativa de soar descontraído, consigo percebê-lo realmente incomodado.

— Mas nós podemos explorar o mundo inteiro juntos sempre que você quiser. — Contesto de maneira séria e vejo até um brilho em seus olhos. — É só a gente ligar ali — Aponto para o Notebook que fica em uma mesinha no canto da sala. — e abrir o Google Maps.

A rapidez com que o seu rosto muda me deixa confuso, e acabo fazendo uma carranca para ele ao vê-lo com uma expressão mista de raiva e decepção.

— Eu fui insistente com você durante mais da metade da minha vida, não vai ser hoje que vou desistir. — Diz de olhos fechados, repetindo a segunda parte da frase como uma oração. Ao abrir e me fitar, se mostra mais determinado do que antes. — Kenma, você me ama?

Aumento minha carranca para ele e me afasto, guardando o console no bolso do moletom e me levantando em seguida. Já de pé, estico um pouco as pernas.

— Que inferno de pergunta estúpida é essa? — É o máximo que consigo resmungar diante minha indignação.

— Só responde. — Pressiona sem se abalar.

— Kuro. — Mantenho a voz baixa. — Você acha que eu continuaria me submetendo a essa situação de viver com você e te aguentar todos os dias se não amasse? — Digo o óbvio de maneira incrédula, fazendo-o rir novamente.

— Provavelmente foi a coisa mais romântica que você disse nos últimos meses. — Coloca a mão no peito se fingindo de emotivo. — Eu também amo você, gatinho, mas o amor demonstra. A melhor forma de demonstrar agora é aceitando sair a sós comigo.

— Então eu não te amo. — Termino a discussão de maneira simples.

— Kenma! — Me repreende.

— Engraçado, eu jurava que você iria dizer outra forma de demonstrar amor. — Digo irônico e mal-humorado enquanto vagarosamente me locomovo para a cozinha. Notei Tetsu acordando e preciso preparar a ração dele, além de eu mesmo estar com fome.

— Não ouso dispensar nenhuma das duas... — Deixa aparecer o seu sorriso de canto, pensando que isso foi uma sugestão minha de fazermos. Pena para ele.

— Bom, eu facilmente dispenso. — Resmungo alto o suficiente para ele ouvir.
Paro na entrada da cozinha e analiso o ambiente, limpo e organizado como raramente fica, sinal de que Tetsu provavelmente não andou aqui ainda hoje. Suspiro e relaxo ainda mais o ombros, ferrando com o que resta da minha postura por puro desânimo. Não é por que sei cozinhar que eu aprecie a realização do ato, mas não me restam muitas opções. Antes abrir mão da preguiça durante alguns minutos do que morrer intoxicado nas tentativas culinárias consideravelmente letais de Kuroo.

Sigo até a geladeira em passos arrastados, abrindo-a e encarando os ingredientes. Não demoro para concluir o que irei preparar, pegando o necessário e colocando calmamente em cima da pia — já que o balcão ao lado não tem espaço livre. Fecho-a de maneira silenciosa e arregaço as mangas do meu moletom até a altura do antebraço, me preparando para a guerra. Pego uma frigideira na lava-louças com uma mão e seguro os ingredientes na outra, seguindo para a mesa na sala de jantar com tudo junto. Volto para buscar a tábua e a faca e preparo o local de maneira organizada para não acabar me perdendo, começando a cortar cebola logo depois.
No meio do processo de enxugar as lágrimas formadas no canto dos meus olhos, Kuroo vem até mim carregando Tetsu nos braços.

— ‘Tá tudo bem? — Se aproxima preocupado, afastando minhas mãos para me ver melhor. Aceno com a cabeça e me afasto.

— Sim, foi só a cebola. — Esclareço, pegando as partes cortadas e coloco na frigideira. Ele solta um “ah, certo” e se senta em uma das cadeiras, colocando Tetsu no colo e me encarando com cara de paisagem. Arqueio a sobrancelha e apoio as duas mãos na mesa, assumindo uma pose ameaçadora.

— Que foi? — Me olha com a fatídica expressão de desentendido. Cerro os olhos.

— Não vai ficar aí sentado me olhando enquanto eu ‘tô aqui preparando comida, pega ao menos a ração do Tetsu e depois me ajuda aqui. — O vejo se levantar e repousar o nosso gato no banco, esse que fica quieto enquanto nos observa. Volto às minhas atividades, começando a cortar os cogumelos, e o escuto revirando o armário da cozinha em busca de preparar a ração. Não demora muito e logo ele volta já repousando a tigela de Tetsu no chão da sala, que desce rapidamente e corre para dar início a sua refeição. Kuroo se aproxima de mim em silêncio e sinto seu peitoral em minhas costas, junto a seu queixo em meu ombro.

— O que ‘tá preparando, gatinho? — Questiona apoiado contra mim.

— Espaguete napolitano. — Ele murmura um “hmm” aparentemente apreciativo. Viro meu rosto o suficiente para encará-lo e dou um selinho rápido, esperando que sirva de incentivo ao meu pedido: — Agora pega uma faca e me ajuda a cortar as salsichas.

— Mas... Espaguete a essa hora? — Faz uma careta, movendo o rosto para baixo e forçando sua testa contra meu ombro dessa vez.

— E existe horário específico pra comer espaguete? — Levanto a cabeça e falo olhando para frente, fazendo a pergunta retoricamente.

Ele resmunga mas não contesta, apenas dá um beijo em minha bochecha e se afasta para fazer a sua parte.

— Pensei que não tivéssemos mais cogumelos... — Comenta, cortando as salsichas de maneira rítmica e produzindo um som estranhamente agradável de ouvir.

— Na verdade precisamos fazer compras. Estamos quase sem nada, esses são os últimos. — Os despejo em um recipiente e empurro o pimentão na direção de Kuroo, apontando com a faca para que ele corte também. Me recuso a perder tempo com isso enquanto já posso adiantar o resto.
Sigo para a cozinha com a frigideira e inicio processo de fazer o macarrão, esperando que ele termine de cortar o necessário. Não demoro a misturar tudo e terminar a receita. Sirvo as porções em tigelas e ponho cuidadosamente sob a mesa. Kuroo senta em frente a mim e faz uma observação antes de pegar os hashis e começar a comer:

— Deveríamos ir ao mercado hoje já que você provavelmente vai gravar bem rápido. É só Pokémon, não é? — Me fita esperando uma resposta. Considero a proposta, realmente não vou levar muito tempo gravando e só postarei amanhã, então...

— Tudo bem, dá certo. — Aceno em concordância e começamos a comer no mesmo momento.

Ele para uma vez ou outra para elogiar o sabor e eu só tento segurar o riso para não correr o risco de me engasgar, agradecendo com a mão. Levamos alguns minutos para terminar a refeição e eu me levanto logo para sair e gravar o vídeo, porém Kuroo continua sentado enquanto tira o celular do bolso dos shorts e começa a mexer. Pego nossas tigelas e deixo na pia, lavo as mãos e volto para atrás dele, apoiando minha cabeça acima da sua e erguendo as mãos para bagunçar seu cabelo nas laterais.

— Você devia aproveitar e fazer uma lista do que a gente precisa comprar para não acabar esquecendo nada. — Dou a dica como quem não quer nada, mas falo sério. O tempo que ficarei ocupado é o suficiente para ele checar tudo.

— Hmmm... — Solta o celular na mesa e inclina a cabeça para trás, conseguindo me olhar melhor. Não me afasto, pelo contrário, inclino meu rosto para baixo e sinto nossos lábios roçarem. Uma de suas mãos sobe até a minha nuca e pressiona, acabando com a distância entre nós e iniciando um beijo desajeitado devido a posição. Mantemos um ritmo calmo e eu me afasto quando ele resolve morder o meu lábio, ouvindo-o rir brevemente da atitude. — Ok, vou anotar o que a gente precisa. Vai lá trabalhar, quanto mais cedo terminar mais cedo a gente sai.

— Não são nem 18 horas ainda e a gente não vai passar muito tempo no mercado... — Comento, de certa forma reclamando da pressa.

— Kenma, são as compras do mês. Sempre levamos horas. — Fala pegando novamente o celular e levantando da cadeira, se pondo na minha frente.

— Ah, é. Tinha me esquecido do quanto você é implicante com os mínimos detalhes sobre as descrições dos alimentos. — Reviro os olhos e começo a andar em direção ao meu escritório.

— Alguém aqui tem que se preocupar com uma alimentação saudável e esse alguém não é você. — Rebate. — E não sei como você esqueceu disso se reclama todas as vezes.

— Vai muito além de preocupação, isso é seu lado nerd bioquímico que não teve a sua chance na vida. — Coloco a mão na tranca que fica na maçaneta. — E eu meio que me forço a apagar da memória esse tipo de experiência longa e desagradável. — Admito destrancando a porta e indo me isolar na minha sala.

Estico as mangas do moletom instintivamente ao entrar por conta do ar-condicionado, indo até a minha mesa e tateando distraidamente os compartimentos abertos em busca do controle antes que eu fique congelado. Ao agarrá-lo rapidamente ajusto a temperatura e até esfrego os braços com a sensação de calor que se inicia segundos depois. Retiro o Nintendo do meu bolso e aproveito para pegar o microfone que está na mesa, me arrastando com a cadeira até o outro lado do cômodo onde fica a TV gigantesca. Kuroo diz que ela ocupa metade da parede mas nem é isso tudo, tem só 85 polegadas...

Levo cerca de dez minutos preparando o necessário para gravar já que preciso conectar o console na placa de captura e a dita cuja na TV. Porém, pelo costume, faço isso bem rápido. Checo novamente se o cartão de memória está na placa, já que uma vez perdi horas em uma gameplay que foi para os ares por descuido meu com o cartão. Também ajusto uma mesa menor que serve de apoio para a câmera e o microfone e, quando confirmo que está tudo pronto, dou início à gravação. Felizmente não preciso perder muito tempo com explicações técnicas sobre o jogo por ser o terceiro vídeo que eu gravo dele em sequência, só preciso fazer algumas demonstrações com os pokémons que troquei mais cedo.

Encerro todo o processo cerca de meia hora depois quando me dou por satisfeito com o conteúdo gravado. Depois de passar pelas edições deve ficar em torno de 20 minutos, o que é mais do que o suficiente. Solto o console na mesinha e estico os braços, os flexionando para trás em uma espécie de exercício para aliviar a rigidez. Também mexo um pouco o pescoço e escuto um estalo no mínimo preocupante, contudo opto por ignorá-lo e fingir que não ouvi. Me levanto devagar e ando em passos lentos até a porta, destrancando-a e saindo do meu cativeiro particular, observando o ambiente ao meu redor. Não encontro Kuroo e Tetsu dentro do meu campo de visão, então assumo que eles estejam no quarto e vou até lá.

Paro na porta e vejo Tetsu deitado na caminha dele, brincando com algumas bolinhas, mas nada de Kuroo. Franzo o cenho, imaginando que talvez ele esteja revirando as roupas no closet ou talvez tenha saído já que também não o vi na varanda enquanto estava vindo até aqui. Porém, quando me viro para ir procurá-lo, dou de cara com seu peitoral nu.

— Droga, eu ia te assustar. — Capto a sua pequena frustração enquanto me afasto do seu peito, olhando para cima e vendo sua cara emburrada, uma de suas mãos segurando uma toalha pequena e enxugando os cabelos.

— Você assustou... De uma forma não tão ruim. — Massageio o nariz que está um pouco dolorido pelo impacto, forçando uma risada. — Aliás, não quis me chamar para o banho hoje?

— Eu na verdade achei que você não iria querer. — Confessa passando por mim e indo até o closet, retirando a toalha da cintura no caminho e prendendo a outra na cabeça. É uma visão no mínimo interessante, porém comum para mim. — Então fui sozinho, aproveito e agilizo nossas roupas enquanto você vai.

O vejo pegar minha toalha que estava mais próxima a ele do que a mim e deixá-la em forma de bola. Me preparo, sabendo que ele vai fazer uma cena inteira só para me jogar ela como se estivéssemos em uma partida de vôlei, a única diferença sendo a troca de papéis. Espero ele terminar o teatro com as mãos esticadas e me inclino levemente para o lado para conseguir pegar quando ele joga. Balanço a cabeça e dou as costas, saindo do cômodo e comentando:

— Não sei se confio em você o suficiente para escolher minhas roupas. — Elevo o tom de voz para que ele escute, começando a destrancar a maçaneta da porta do banheiro.

— Você não tem escolha! — Ele grita e eu não consigo segurar o sorriso.

Idiota.

Levo pouco tempo para me despir e apoiar a toalha no cabide, me demorando mais para escolher a temperatura da água do que em todo o resto. Após optar por morna, entro na banheira e me recosto até conseguir ficar submerso durante alguns segundos, um hábito adquirido por mim recentemente. Depois desse breve momento de calmaria eu começo a me apressar com o resto do banho, até lavo meu cabelo em uma velocidade mais rápida do que o costumeiro só para acabar logo. Ligo o aquecedor do banheiro e já saio praticamente seco, trancando a porta e entrando rapidamente no quarto — que felizmente fica em frente ao banheiro.
Kuroo está tão distraído no sofá mexendo no notebook que sequer me notou passando, então acredito que ganhei alguma liberdade sobre qual roupa usar já que ele não está aqui para me persuadir. Ao recair meu olhar sob a cama vejo uma camisa branca, um moletom vinho e uma calça também moletom de cor azul claro, beirando ao branco. Ok, é uma combinação usável, mas antes de vestir eu vou checar minha suspeita. Ando devagar até a porta e coloco uma parte da cabeça para fora, apenas o suficiente para conseguir espiar o que ele está vestindo sem que ele me pegue no flagra.

Bingo.

Camisa de manga longa vinho e calça jeans azul. Kuroo e sua mania incansável de nos vestir iguais ou similares.

Dou de ombros e resolvo me arrumar sem as alterações que pretendia fazer. Amarro a toalha no cabelo e visto as roupas, saindo do quarto descalço e indo até o closet de sapatos que fica na entrada, observando de relance Kuroo distraído com a vista noturna do apartamento. Pego um tênis branco qualquer e calço, saindo e andando até ele devagar com o intuito de surpreendê-lo. Infelizmente não consigo ser tão discreto ou atento quanto gostaria e piso em um brinquedo de Tetsu que faz um barulho de apito, fazendo o moreno pular surpreso e voltar a atenção para mim. Forço um sorriso típico de quem está aprontando e é pego no ato, e então ele gargalha.

— A minha tentativa foi um desastre menor que o seu. — Implica, retirando o notebook do colo e o repousando no sofá enquanto se levanta e vem até mim, já sabendo o que eu quero. Ele se posiciona atrás de mim e retira a toalha da minha cabeça, começando a realmente enxugar meus cabelos.

— Eu admito o fracasso. — Suspiro exageradamente. Acho que aprendi com ele a ser tão dramático. — ‘Tava admirando a vista?

— E tem como não admirar? Eu nunca consigo me cansar de ver a Skytree iluminada durante a noite. Não é tão perto daqui, mas dá para ver muito bem.
Aceno em concordância e me afasto ao senti-lo terminar o favor, voltando para o quarto para pentear devidamente. Penso em amarrar mas sei que ele vai soltar e dizer que fico melhor com ele solto, então não perco mais tempo com essa luta perdida. Percebo-o me esperando na porta com um sorrisinho de canto, então encaro meu reflexo no espelho uma última vez, vou até Tetsu para beijá-lo e saio, alcançando a mão estendida de Kuroo e entrelaçando nossos dedos.

Até que antes de sairmos eu noto a chave do carro em cima da mesa ao invés de estar na mão dele onde deveria. O encaro emburrado.

— Nós vamos a pé? Para o supermercado? — Pergunto em tom descrente. Não é do outro lado da cidade mas também não é na próxima esquina.

— As vezes eu gostaria que você fosse menos perceptivo. — Coça a nuca em busca de uma desculpa plausível. Me sinto tentado a soltar a mão dele e cruzar os braços, mas me controlo. — Você ‘tá precisando andar um pouco, exercitar as pernas antes que fique sedentário...

— Sigo na espera de uma justificativa válida. — Não me mexo e não dou sinal de que vou me mexer, arqueando a sobrancelha para ele. Sei que não adianta de nada no fim já que o único que sabe dirigir, por enquanto, é ele. Mas eu me permito usar do benefício da birra.

— Eu te carrego se você cansar, problema resolvido. — Me puxa de uma vez e abre a porta o mais rápido que consegue para que eu não tenha oportunidade de reclamar mais.

— Eu vou aprender a dirigir e vou parar de me submeter a esse tipo de situação. — Resmungo.

— Vou me lembrar disso quando você decidir tirar a carteira. — Ele afirma e continua me puxando até o elevador, que surpreendentemente está vazio. Viro para o espelho e ajeito alguns fios desordenados do meu cabelo, até notar Kuroo me gravando pelo reflexo e fazer uma cara de entediado para ele. O moreno ri e aperta minha mão ao ouvir o anúncio de que chegamos ao térreo, me arrastando com ele para fora. Cumprimentamos o porteiro e soltamos as mãos ao chegarmos na rua como sempre precisamos fazer. Entretanto não dá tempo de sentir falta do contato pois ele se aproxima e repousa o braço em meus ombros, em uma posição mais aceita publicamente.

Caminhamos em silêncio durante quase todo o trajeto, apenas comentando ocasionalmente ao ver algo de diferente na rua. Até que eu me lembro de zoar a cara dele.

— Acho que já estou satisfazendo seu desejo, não é? — Viro o rosto e o vejo me fitando sem entender. — Estamos aqui, saindo só nós dois...

Kuroo bufa e eu dou uma risadinha, finalmente percebendo o supermercado ao longe. Apresso os passos e ele é obrigado a seguir o meu ritmo por ainda estar com o braço grudado em mim.

Chegamos cerca de 5 minutos depois e ele assume a frente já que a maior parte das compras são por escolha dele, eu sou só acompanhante. Ele começa a andar com o carrinho que pegou na entrada e eu fico apenas vagando nos corredores enquanto Kuroo vai escolhendo. Enfim, não me resta muito o que fazer aqui. Só sigo olhando distraidamente as prateleiras até que me lembro de certas coisas específicas que quero comprar.

— Kuro. — Murmuro de longe e ele inacreditavelmente escuta, virando-se para mim. Fico surpreso, já estava me preparando para chamar outra vez certo de que ele não iria ouvir... Deve ter se acostumado com meu tom. — Eu vou ali onde ficam os alimentos congelados, te mando mensagem para te achar quando sair.

Ele acena em concordância e dá as costas, pegando uma garrafinha de suco de um sabor que não consigo identificar qual e lendo o rótulo. Suspiro e também me viro na direção contrária em busca do meu alvo: comidas rápidas e fáceis de preparar. A maioria é consideravelmente não saudável mas eu não me importo muito com esse detalhe. Kuroo se importa, mas tenho meus meios de fazê-lo ceder a isso apontando o óbvio: eu sou o único que cozinha e tenho preguiça demais para fazer isso de maneira constante. Dizendo isso a discussão nem começa.

Puxo uma cesta pequena que vejo no meio do caminho e começo a pegar os itens de acordo com o que vou me lembrando: arroz com sabor de churrasco, carne de porco empanado, macarrão e uma espécie de salada, todos com no mínimo 3 pacotes. Por último mas não menos importante alcanço pizza congelada e jogo na cesta, me dando por satisfeito e sabendo que meu limite de interferência nos planos alimentares do meu namorado é esse. Tateio o bolso da calça em busca do meu celular e já começo a enviar uma mensagem para ele assim que encontro, pedindo sua localização, já que eu provavelmente me perderia aqui dentro tentando achá-lo. Kuroo me informa estar no corredor de produtos de limpeza, então fico parado no mesmo lugar olhando ao redor tentando descobrir qual lado vai dar nesse corredor. Eu poderia dizer que meu senso de direção é péssimo, mas eu não acredito sequer que o tenha. Pelo menos não na vida real.

Depois de perguntar a uma senhora simpática onde fica o tal corredor, vou até ele em passos rápidos, sempre checando se é mesmo o caminho certo. Descubro que é, sim, quando vejo o poste característico usando roupas parecidas com as minhas e colocando papel higiênico no carrinho. Chego por trás dele de maneira silenciosa e despejo os itens da minha cesta para o carro sem cuidado algum, fazendo-o pular pelo susto devido ao barulho. Dou um sorriso sem mostrar os dentes para ele, que me encara acusador.

E essa expressão só piora quando ele recai o olhar sobre os congelados que agora estão junto aos outros alimentos. Ele coloca a mão na cintura e eu cruzo os braços pronto para rebater todo e qualquer sermão.

— Macarrão congelado, Kenma? — Começa reprovando o fato de eu ter comprado algo que já é muito prático de se fazer apenas para deixá-lo mais prático ainda. Não me dou por amedrontado e aceno em confirmação, mantendo o aperto firme entre os braços. — Pizza congelada? Pizza? Sabe quantos nutrientes não tem nesse negócio mas tem em outras comid-

Tudo acontece muito rápido.

Enquanto Kuroo já está preparando o discurso, eu estou demonstrando o menor interesse possível, aproveitando para olhar para os lados. E é aí que eu vejo o perigo, interrompendo o moreno e o puxando comigo, quase correndo antes que seja tarde demais para nos livrarmos.

— Kenma-san! Kuroo-san! Esperem aí! — Escuto os gritos de Lev que provavelmente chamam a atenção do estabelecimento inteiro.

Paro de tentar correr e fecho os olhos. Respiro e inspiro profundamente.

Kuroo dá uma gargalhada.

Droga.

Ainda rindo ele me força a virar para Lev e cumprimentá-lo, e o faço sem me preocupar em tirar a expressão emburrada do rosto. Suaviza um pouco quando vejo Yaku vindo atrás dele, mas ainda não desaparece.

Nós todos engatamos em uma conversa de “uau, há quanto tempo não nos vemos” e esse tipo de coisa, eu fazendo o máximo possível para me comunicar apenas com Yaku e deixar Lev para Kuroo, acredito que dois postes se entendam melhor juntos. Continuamos assim durante uns bons minutos, o papo parecendo não acabar nunca, até Alisa aparecer e chamar Yaku para ajudá-la. Ele se desculpa e vai até ela, o que chama a atenção de Lev e o mesmo vai junto. Encaro a cena achando graça ao lembrar perfeitamente da época em que Yaku tinha um crush fodido nela e agora eles são cunhados... O mundo realmente não gira, ele capota. Mas tão rápido quanto entro nesses devaneios, mais rápido ainda sou tirado deles:

— Vamos esperá-los? O idiota pediu um momento. — Kuroo me pergunta, dando a entender que nem ele está com muita vontade de estender a conversa durante mais tempo.

— Não. Devemos sair correndo igual meu plano inicial. — Falo firme.

— Se for para falhar novamente, ficamos aqui mesmo. Melhor do que parecermos mal educados. — Ele zomba, distraidamente passando a mão na própria roupa. — Além de que eu mal conversei com o Yaku. — Lembra me fazendo revirar os olhos.

— Como quiser. — Comento irônico, vendo as três figuras se aproximarem e cumprimentando Alisa discretamente.

— ‘Tô precisando pegar mais umas coisas, vem comigo? — Yaku me chama de repente, e eu concordo mesmo que desconfiado. — Lev sempre me atrapalha mais do que ajuda nesses momentos. Na verdade ele faz isso sempre, mas isso você já deve saber.

— Imagino como seja. Kuroo também sempre quer comprar as coisas por nós dois. — Resmungo, dando brecha para que ele reclame mais ainda do bobão idiota dele. Acabo concluindo que cada um nessa vida tem o bobão que merece.

Chegamos a uma prateleira com produtos de higiene sem grandes complicações graças ao grande conhecimento de Yaku sobre onde ficam as coisas aqui. Ele começa a divagar sobre as diferenças de cada marca e eu apenas vou concordando com tudo como se estivesse prestando muita atenção ou entendesse bem dessas coisas, mas ele não desconfia disso ou se desconfia não parece ligar o suficiente para reclamar.

Mais uma vez tudo acontece rápido demais.

Em um segundo eu estou de pé conversando com Yaku e no outro nós estamos no colo de cada um dos idiotas. Kuroo me encara com um sorriso de quem vai aprontar e eu obviamente me assusto.

— O que...

Claro que não tenho tempo de formular a pergunta pois sou colocado dentro de um carrinho do supermercado como se tivesse 6 anos. A minha carranca profunda é imediata porém não faço nada, apenas fico encarando Kuroo com um ponto de interrogação na testa, ao contrário de Yaku que já deu uns dois gritos em Lev e provavelmente só não grita mais para não chamar mais atenção.

— Se lembra de quando fazíamos isso anos atrás? — Ele continua me olhando com um sorriso enorme. Ficar alguns segundos com Lev deve ter mexido com o cérebro dele, acontece a mesma coisa quando se mistura com o Bokuto e o Oikawa. A pose de adulto maduro some.

— Lembro. — Falo devagar. — Mas isso já faz uns 12 anos, qual é o propósito agora?

— Acho que nos falta um pouco de diversão. — Se justifica, se debruçando sobre o carro com os braços apoiados em cada lado, o rosto ficando mais próximo. — E Lev afirmou que com certeza ganharia de mim em uma corrida aqui, então vim fazê-lo engolir o que disse. — Se virou com um sorriso maníaco na direção do casal barulhento ao nosso lado, mas logo voltou e me roubou um selinho. Suavizo a expressão.

— Bom, quando éramos crianças era divertido... — Murmuro, desviando o olhar por um momento pela vergonha de estar cedendo a isso. É embaraçoso demais.

O rosto dele se ilumina e ele se posiciona atrás de mim, pronto para correr. Paro para analisar a situação próxima a nós: Yaku irritado mas sem criar confusão para não sermos expulsos do lugar e Lev pedindo desculpas. Óbvio que não é um pedido genuíno, se ele não quisesse fazer não teria dado ideia. E no final vai ser apenas uma competição entre eles e nós aqui de enfeite decorativo do carrinho.

Observo Alisa risonha a nossa frente sendo nomeada como a juíza da situação, responsável pela contagem para iniciar e, pelo celular na sua mão, também por gravar a coisa toda. Me encolho a ponto de abraçar meus joelhos e enfio minha cabeça entre eles, deixando apenas os olhos visíveis. Sei que passarei vergonha de qualquer forma já que meu namorado não perde nenhuma oportunidade de me expor ao mundo com fotos e vídeos dos quais não sou avisado quando são feitos, esse momento não vai ser diferente.

Eles começam a nos empurrar em direção ao maior corredor do local, obviamente não o encontrando vazio. No meio tempo em que esperam que as pessoas percebam o que vai acontecer e se afastem, olho para Yaku. Ele devolve o olhar um pouco depois e eu aceno, recebendo um sorriso como resposta. Claro que ele não vai deixar de ser simpático comigo, sou tão vítima quanto ele aqui. Levanto o olhar até Lev e o percebo sorrindo apesar de também parecer nervoso fazendo movimentos repetitivos com as pernas. Honestamente não sei qual dos dois vai ganhar isso aqui já que em termos de corrida eles tem um potencial quase igual. Ou tinham, visto que Kuroo continua treinando em um ritmo até mais intenso do que antes e eu já não posso afirmar o mesmo sobre o modelo meio russo. E é a voz do dito cujo que me desperta:

— Kuroo-san, o carrinho que alcançar minha irmã primeiro vence! — Ele afirma, mexendo os ombros em inquietação. Resolvo parar de observá-lo e volto a enfiar o rosto entre os joelhos esperando pelo pior. Sinto Kuroo dar um leve empurrão no carrinho e me preparo internamente.

Alisa recua alguns passos para se distanciar, parando apenas no fim do corredor, dando uma pequena distância entre ela e a prateleira por trás. A ouço fazer a contagem regressiva e fecho os olhos, apertando ainda mais os joelhos e tentando ficar firme. Em um solavanco sou empurrado, o ritmo já acelerado e as rodas fazendo um barulho bem audível. Arrisco abrir um dos olhos e noto a quantidade de pessoas ao nosso redor nos olhando, o corredor já não tão longe de acabar e os rivais empatados ao nosso lado. E é nesse momento que Kuroo decide me surpreender, colocando força e impulso no carro e me jogando sozinho para a frente.

Eu percebo o olhar assustado de Alisa e também percebo que ultrapasso Yaku, mas me preocupo em bater em algum lugar e causar prejuízo, então me viro meio desesperado para trás e noto Kuroo correndo até mim, rindo. Não consigo me conter ao vê-lo feliz assim e acabo rindo também, apesar de não saber se de nervoso ou de empolgação. Porém os olhos dele se arregalam e eu já sei que é por eu estar muito próximo de bater. Não viro para a frente para ver, apenas me encolho ainda mais e fecho os olhos novamente, ainda rindo. Rindo de desespero ao imaginar a confusão que isso vai dar.

Escuto o grito de Alisa. É agora. Já consigo sentir o baque antes mesmo que aconteça.
Mas então tudo para. O carro para, os gritos param. Abro os olhos e vejo o moreno ofegante, com as mãos apoiadas nos joelhos. Virando para a frente percebo estar a um palmo de distância da prateleira, literalmente a um segundo da desgraça acontecer. Ele me alcançou no último momento.

— Kuro. — O chamo, no tom mais sério que consigo. Foi divertido de certa forma, entretanto isso não anula o fato de que foi muito arriscado. Ele levanta a cabeça e me encara, ajeitando a postura e soltando um suspiro pesado.

— Eu compro torta de maçã para você aqui na padaria antes de irmos embora. — Ele adianta antes que eu possa abrir a boca, o que me faz olhá-lo incrédulo. Esse é o pedido de desculpas por ter sido imprudente?

— Você ‘tá realmente achando que vai me comprar com torta de maçã? — Questiono irônico, estendendo os braços para que ele me tire do carro e sendo prontamente atendido. No colo dele, analiso sua expressão vacilante depois da minha fala e continuo: — Pois você está completamente certo. Quero uma grande.

— Pode deixar.

O resto da noite se segue sem mais grandes incidentes: Yaku dando esporro no Lev e indo embora por conta própria antes que o segurança os expulsasse, restando apenas Alisa para pagar as compras. Ela inclusive compartilha o vídeo do desastre completo para mim e Kuroo, sendo que ele compartilha e me marca assim que põe as mãos nele. Depois de ter a vergonha exposta como eu sabia que teria, vou comer a torta enquanto ele escolhe o resto dos itens que faltam. Ficamos lá dentro mais cerca de meia hora antes de pagarmos tudo e irmos embora, eu trazendo outra torta para comer no dia seguinte. Jamais poderia perder a oportunidade.

Hunt {KuroKen}Onde histórias criam vida. Descubra agora