III

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Encarava a porta da frente da casa encolhido no casaco, não tinha certeza se havia feito a escolha certa estando ali, seu medo provavelmente tomou um rumo perigoso, mas não queria piorar a situação, levar problemas para seu irmão, deu mais alguns passos e apertou a campainha. Os passos dentro da casa puderam ser ouvidos quase que instantâneamente, como se esperasse ansiosamente por ele, seu estômago revirou e sentiu vontade de correr para longe, mas queria ter coragem de pôr um ponto final nisso, de dizer não, de não se permitir ceder pelo pavor e depois se mutilar com a culpa.

- Izuna.. sempre atrasando, mas no final.. em pé na minha porta. Entre.

- Prefiro ficar aqui, seja lá o que quiser tratar comigo que seja aqui.

- Não seja estúpido. Está muito frio.

Preferia sentir seus ossos quebrarem como o gelo do que ter que pisar dentro daquela casa, mas sentia a ameaça no ar antes mesmo de ouvi-la. Quando começou a ter tanto medo? Tudo foi silêncioso, as palavras foram ganhando significados cada vez mais fortes em cada discussão, cada briga, viraram ameaças e por fim, se materializaram e viu o primeiro hematoma. Sabia que deveria ter ido embora no primeiro indicio de agressão, mas não é tão fácil como dizem, como imaginam, é uma prisão, Izuna estava preso naquele sentimento, não o de amor, mas o de culpa, de não pertencimento, era algo dificil de explicar, não conseguia nem mesmo entender, como outros conseguiriam? Era complicado passar o que sentia sem desmoronar.

A lareira estava ligada e se sentou perto dela, não conseguia tirar seus olhos da chama que se movia sem uma direção certa. Não ouvia a voz do homem atrás de si, parecia tão distante e falha, até aquelas mãos tocarem seu pescoço e sentir o hálito dele sobre sua pele.

- Izuna..

- Hiroki, por favor.. - Se esgasgou sentindo um nó na garganta e os olhos arderem. Odiava a situação da qual não conseguia sair, era um estorvo para si mesmo.

- Eu sei que você também dejesa.

Nojo, era a única coisa que ele sentia, principalmente quando se olhava no espelho e pensava no quão corvade e fraco era por não conseguir tomar as rédeas, por sempre fracassar.

- Eu não desejo, para por favor. Não faz isso.

E as lágrimas sairam tão silenciosas quanto sua dor quando sentiu uma das mão dele passar por entre suas pernas e apertar sua coxa, seu corpo inteiro reagiu e se levantou sentindo um caláfrio, correndo para o mais longe possível.

- Não vim aqui por isso, vim para por um fim na nossa história. - Sua voz tremia, tinha medo, sabia que não ia conseguir fugir das mãos pesadas de Hiroki caso precisasse e rezava para que ele não fosse em sua direção o obrigando a algo que não queria de novo.

- Izuna.. sabe que não posso desistir de você, vai além, esse amor é a parte, não podemos controlar.

- Você tá doente! Eu não pertenço a você! - Estava com raiva, não conseguia crer que o que ouvia era real, quando não percebeu o primeiro sinal? Se culpava por isso.

- Não me obrigue, Izuna.

- Não toque em mim! - Elevou a voz ao ver ele dar alguns passos e tentou ficar mais próximo da saída, se arrependia profundamente de ter ido até lá, ter caído em sua chantagem, e achou que seria melhor ter sua intimidade vazada do que passar por toda humilhação, medo e abuso.

- Pare de tentar fugir, sabe aonde isso vai dar. É sempre a mesma  coisa. Estou cansado e sei que você também.

Izuna tentou sair correndo pelo corredor em busca da porta, mas seu corpo foi erguido e jogado no sofá, sua boca era tampada de forma bruta pela mão pesada e se sentiu desesperado ao não conseguir gritar, suas mãos tremiam, seu coração batia acelerado e assustado e mexer o corpo preso abaixo daquele homem enorme tornou tudo mais angustiante e era dificil respirar.

Pecado invisível | TobiizuOnde histórias criam vida. Descubra agora