IV

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- Você precisa ir..

Madara tentava a todo custo fazer Izuna ao menos levantar da cama. Ele precisava ir ao hospital, mas não movia um dedo pra isso, ainda se apavorava com a possibilidade de por o pé para fora de casa e isso fazia o coração de Madara doer.

- Izu..

- Se eu sair ele vai me ver.. vai sim. E aí ele vai me machucar de novo. - Seu olhar era rondado por um terror enraizado, um trauma, só de imaginar estar nas mãos do homem que tanto o feriu começava a cair em lágrimas. - Por favor.. eu não quero ir.

Tobirama escutava tudo do outro lado da porta, no corredor. Ouvir o choro abafado de Izuna o machucava e só pensava em como desejava dar aqueles pequenos passos e tê-lo em seus braços para sempre. Se perguntava  como  uma pessoa teria a coragem de machucar alguém como Izuna, feri-lo de forma tão covarde, fazer ele ter tamanho medo. Seu coração se enchia de rancor e ódio só de imaginar a cena dele implorando para que parasse, sendo agredido enquanto chorava e tentando fugir das mãos mais fortes e pesadas que as suas. Não permitiria que ficasse dessa forma.

Podia rasgar a própria pele pela raiva acumulada. Queria socar o rosto de quem ousou tocar em Izuna, mas agora precisava manter o controle, sabia muito bem que mostrar um estado descontrolado e impulsivo só assustaria o Uchiha e isso era algo que ele não queria.

- Com licença.. - Bateu na porta de vagar enquanto ia abrindo, mostrou um sorriso mínimo e se aproximou da cama com cautela. - Vim ver como está.

- Eu.. só não quero sair. - A voz arrastada e quase muda preocupou Tobirama, a feição também não era a melhor, estava cansado e com os olhos vermelhos pelo choro.

- Você precisa ir ao hospital, Izu.

- Tem muita gente lá.. eu não quero ninguém. Só vocês.

Talvez fosse mais preocupante do que achavam, foi o que Tobirama pensou, que Izuna poderia estar reagindo mal a multidões e pessoas desconhecidas e que força-lo a essa situação desencadearia uma crise. E ver ele passar por outro sofrimento não era nada agradável.

Parou um pouco para refletir, queria apenas pensar na melhor maneira de não levar mais nenhum estresse a ele.

- E se chamarmos um médico até aqui? - Coçou a cabeça e colocou uma mão na cintura, detestava ver Izuna tão agoniado.

- Ele precisa fazer exames que só serão possíveis no hospital. - Madara negou fraco com a cabeça, ele também queria poupar o irmão de qualquer tipo de dor, mas era preciso fazer o esforço de levá-lo até lá. Era necessário o cuidado com sua saúde e iria providenciar um atendimento psicológico, mesmo que não dissesse nada ainda com medo de que o mais novo negasse. - Izu.. ninguém vai nos ver, já falei com o médico. É Ashura, aquele que você tanto gosta, lembra? Ele nos permitiu entrar pelos fundos, ninguém vai ver você.

Puderam notar um manear fraco, mas um soluço veio em seguida, dava pra perceber o quanto ele se esforçava para estar forte e como não queria ser um estorvo.

Ainda era difícil e sabiam que teriam que ter muita paciência, todo o medo e os segredos que Izuna sentiu e escondeu por tanto tempo estavam vindo a tona e transbordando naquele quarto que era sua fortaleza, seu campo de segurança. Seria um passo de cada vez, sem pressiona-lo e fazendo o possível e impossível para assegurar que ele se sentisse protegido e amado.

Tobirama não o deixou sozinho durante a noite e Madara fez isso na parte da manhã, o mais velho ainda se sentia culpado por não investigar melhor os sinais que o irmão dava, restringindo seu comportamento reprimido apenas aos acontecimentos  do passado. Sentia que se tivesse ido um pouco mais fundo poderia ter impedido muita coisa.

Pecado invisível | TobiizuOnde histórias criam vida. Descubra agora