Depois de encerrar a ligação com o empresário, Jungkook procurou o contato que tinha chamado o seu na madrugada anterior e iniciou a sua segunda chamada do dia, mesmo que ainda fossem 8 da manhã.
"Alô, Jungkook? Jungkook-ssi?!"
A voz que ontem era desesperada estava calma naquela manhã. Ainda meio desanimada, mas um pouco surpresa também.
"Oi. Oi hyung. Namjoon-hyung, você... Você me ligou ontem, né?"
"Ah, sim! Me desculpa, eu... Só um minuto." Jungkook ouviu do outro lado da linha o som de talheres batendo contra louça e uma música infantil ao fundo. "Pronto, amor, pode comer. Já tá frio. Oi, Jungkook, é que meu celular discou seu número sem querer enquanto ele ficou no meu bolso. Eu só vi a ligação quando terminou e ela durou uns 40 minutos, né? Você ouviu algu-"
"Não ouvi nada eu... eu saí ontem. Devo ter atendido sem querer também."
A mentira parecia necessária, e Namjoon não parecia ter desconfiado.
"Entendi. Saiu com alguma namorada ou..."
"Com amigos. Eu fui me despedir dos meninos. Eu... eu decidi sair da empresa e não renovar meu contrato com o grupo."
Embora a primeira parte fosse mentira, era verdade que sua empresa tinha pedido para Jungkook revisar o contrato de renovação na última semana e também era real que, depois da ligação de Namjoon, tinha tomado a decisão de deixar o grupo. Quando foi contratado como trainee desta última empresa de entretenimento, decidiu usar a orientação de um advogado contratado com ajuda dos pais para se prender o mínimo de tempo possível. Desde o fim de seu primeiro grupo, chamado BTS, se perdia em dúvidas. Não é que não quisesse ser cantor - cantar era a única coisa que sabia fazer, o único trabalho que além de pagar suas contas também movia alguma paixão dentro dele. Mas desde que o grupo em que encontrara Namjoon se desfez, as coisas não pareciam se encaixar.
Ele ainda amava escolher covers e gravar para fãs que ainda acompanhavam seu trabalho, mas as músicas que gravava com o grupo novo eram rasas, genéricas, vazias... E Jungkook tinha amor demais pela ideia de cantar para continuar fazendo coisas que não o agradavam e que nem mesmo faziam sentido. Chegou a ensaiar e gravar as músicas para o lançamento de um novo grupo depois que o BTS acabou, mas se sentiu explorado e quebrou o contrato para ir para um terceiro grupo, de uma companhia que o havia aprovado como trainee mesmo antes de ter feito parte do BTS. Foi passando por mais uma empresa de entretenimento que constatou suas incertezas, e, depois de pedir aos pais ajuda financeira e orientação para arrumar um bom advogado, passou a ter contratos menores. Sabia que tinha uma voz, um rosto e energia para trabalhar notáveis o suficiente para fazer aquelas exigências, então as fez, para se proteger.
"É uma pena, Jungkook. Eu sempre pensei que de todos os meninos você era o mais talentoso e você continua tão bom nos palcos... eles não tem a nossa química mas você carrega aqueles meninos nas costas. Você merece ir tão longe com a sua voz..."
De repente, Jungkook sentiu o peito quente e toda a hesitação em relação aquela ligação - sentimento que estivera com ele desde que havia chamado o número de Namjoon até agora - se desmancharam.
"E eu vou, hyung. Eu ainda vou chegar longe, mas eu quero encontrar outros caminhos na música. Acho que ser idol não é pra mim. E eu aprendi a tocar violão, estudei teoria musical, estou aprendendo piano e quero comprar um teclado pra ter algumas aulas desse instrumento. Compus algumas melodias e ainda não sou bom com as letras mas eu quero escrever alguma coisa que fale por mim, e não qualquer bobagem genérica de amor, ou sobre festas e curtir a vida, sabe?"
Uma risadinha leve foi ouvida do outro lado da linha.
"Você é um garoto incrível, Jungkook. Acho que você merece mesmo isso: cantar o que vem do seu coração."
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Bebê a bordo | Namkook
RomanceDepois de ouvir por engano Namjoon lamentar ser um pai solo ruim, Jungkook insiste em se mudar para a casa dele para ajudá-lo a criar a filhinha. O que Namjoon não sabe é que Jungkook toma essa decisão porque nutre sentimentos por ele. Observação: e...