Enquanto verdade, revelar-se-á

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História em parceria com PjKiribaku.

Betagem: @Cecysazs

Capa na mídia: @/_FrostySnow_(spirit)

...

Hey hey!

Gente, eu confesso que essa fic estou postando com certo medo, pois, como mulher cis eu não tenho >total< mérito pra sair escrevendo com toda a segurança do mundo, porém, para evitar falar abobrinha de uma luta importante dessas, eu pedi leitura crítica ao @/langaluvreki do twitter e ele me tranquilizou quanto a procedência do enredo.

ATENÇÃO: Gatilhos de transfobia e, possivelmente, disforia.

Enfim, boa leitura.

[...]

Kirishima não era do tipo que arrumava intrigas, jamais quis causar desconforto em outras pessoas, muito menos ser motivo de desgosto para alguém que mal conhece, mas depois de se mudar para o novo apartamento mais perto da faculdade, percebeu que ser ele mesmo já podia ser o suficiente para irritar alguns vizinhos.

Na verdade, o sentimento não era tão novo assim, pois ainda se lembrava das expressões aterrorizadas dos pais ao terem a confirmação de que nunca tiveram uma filha.

Sempre foi um filho, mas a partir do momento em que precisaram enfrentar uma realidade que ainda não conheciam, se colocaram firmemente no pensamento de nunca terem sido pais.

Eijirou aguentou cada ofensa enquanto arrumava as malas, indo para a rua sem nem saber para onde poderia fugir, pois o mundo inteiro parecia julgá-lo. O que havia de errado em finalmente se sentir bem consigo mesmo, tendo a certeza de estar vivendo exatamente como deveria? Por que ser um homem estava tão fora de seu alcance como seus pais faziam parecer?

O cabelo grande e preto se tornou curto e avermelhado, representava sua luta, seu empenho em destacar-se, por mais que pessoas como ele fossem intimadas a viverem nas sombras, ele não queria se apagar por estar alcançando sua verdadeira essência.

Começou a trabalhar e sentiu-se sortudo pelo apoio recebido de Aizawa Shouta, um dos professores do ensino médio que cuidava de uma academia paralelamente às aulas. Kirishima se dava bem com musculação, fazia desde a idade mínima para a atividade física pesada, tal como aturou cada comentário ardiloso de seus pais para diminuírem os pequenos esforços de sua transformação.

Meninas não deveriam ter ombros tão largos, costas tão fortes e braços cheios de músculos, mas Eijirou acreditava que ele não precisava se prender a isso. Mesmo que fosse uma garota, sua aparência não precisava seguir regras; sendo um homem, também não.

Sua determinação era forte, logo pôde se mudar de um pequeno kitnet para um apartamento no 5º andar, com todas as coisas que sempre sonhou em conquistar: seu próprio quarto, sala e cozinha, tal como a companhia de um gatinho preto com olhos azuis que lhe encaravam em cada canto que ia.

Seria perfeito se os problemas quanto à sua imagem não voltassem para atormentá-lo. A senhora Suzuka, junto a seu marido, Hideki, moravam no apartamento ao lado, mas sempre que viam Kirishima no elevador ou no saguão do andar, faziam questão de olhá-lo com desdém, como se o ruivo não fosse bem-vindo em sua própria casa.

No começo, pensara que seus piercings nos lábios ou no nariz fossem muito chamativos para a senhora já de idade, até mesmo parou de usar seus crocs emborrachados e tão vermelhos quanto seu cabelo, pensando que o barulho deles no piso era estranho para os vizinhos, mas tudo se tornou muito claro no dia em que chegou ao salão no térreo, prestes a entrar em um elevador.

— ...não acredito, estão mesmo deixando pessoas assim morarem aqui? — uma desconhecida questionava à senhora Suzuka, provavelmente uma amiga visitante que estava acabando de chegar. Elas estavam na frente do elevador, levando Eijirou a parar de caminhar perto da coluna que havia um pouco antes dali, com medo de se tornar, mais uma vez, um incômodo.

KiriBaku It's RealOnde histórias criam vida. Descubra agora