O que me diz?

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Hey, percebi que tenho mais algumas fics no spirit que não chegaram aqui, pois vamos lá. 

Betagem por: hekser (spirit)

Capa na mídia por: Redwolf62 (spirit)

Obrigada a todos os envolvidos do projeto KatsukiProject! 

[...]

Quando Eijirou chegou no bar, ele só pensava em esquecer do debate acalorado na sala de conferências. Era para sua palestra estar no controle, mas um colega mal-amado — que guardava rancor do nerd que o venceu na faculdade — tinha que estar lá para causar uma cena. Teve que detalhar cada argumento de sua pesquisa, se estressou com a ironia sem fim nos lábios do homem de cabelos arroxeados, tentando colocar palavras em sua boca.

Sentou-se no canto mais afastado possível, onde as luzes amenas o deixavam camuflado no meio daquele lugar. Sabia que as pessoas passavam e algumas cochichavam sobre ele sem nem esperarem alguma distância educada, pois sua apresentação realmente marcaria por um tempo.

Recebeu sua dose de whisky duplo com um sorriso do barman beirando a piedade, por mais cordial que tentasse se mostrar.

Ele tinha planejado tanto e acabou em outra reviravolta, porém seguia firme com suas pesquisas, confiava no próprio trabalho e sabia que não era apenas egocêntrico.

De repente, uma presença — ao contrário de todas que pareciam deixá-lo se isolar — surge em seu campo de visão, um loiro de olhos flamejantes, o vermelho brilhante encarando Kirishima como se quisesse despi-lo. O gole longo pendeu em sua boca e só engoliu tardiamente, sentindo a ardência da bebida sendo coerente com aquele olhar fixo sobre seu rosto, sem intenção de ser discreto.

— Tem alguém sentado aqui? — Aquele homem perguntou somente depois de se ajeitar muito confortavelmente no assento alto e acolchoado, deixando seus cotovelos sobre o balcão e inclinando o corpo sutilmente para observar Eijirou de frente.

— Bom... — O ruivo ainda olhou para os lugares mais à direita do recém chegado, pois sabia que não havia mais assentos à sua esquerda. Cerca de quatro cadeiras livres, então não era por acaso a proximidade suspeita. — Agora tem.

O sorriso convencido do loiro apenas ergueu o canto dos lábios rosados que Kirishima queria imensamente não olhar tão de cara, afinal, nem sabia qual era a intenção do outro.

— Tsc. Ótimo, você parece estar repelindo todo mundo no raio de dois metros, então perto de você eu fico longe de todos. — A expectativa de Eijirou caiu pelo menos alguns andares daquele prédio em que estavam, mas não conseguia encaixar essa resposta com a expressão cheia de segundas intenções no rosto alheio. O homem — o qual nem sabia mais como perguntar o nome — ergueu o braço para chamar atenção do barman, logo fazendo seu pedido sem pressa alguma.

— Ah, claro. Ficar perto da fofoca do ano é infalível contra interação humana. — Sua voz soou mais amargurada do que gostaria, mas decidiu evitar o rapaz ao seu lado para que ele tivesse paz, olhando para o balcão depois de esvaziar seu copo de whisky.

— O cara que macetou o merdinha do Shinsou Hitoshi no seminário?

— Não me parece que foi algo assim... — O ruivo odiava sentir o sabor de estar sendo sarcástico depois de ter sido atacado justamente com isso.

O loiro não demorou a buscar algo em sua pasta, atraindo o olhar de Kirishima para aquela cintura fina marcada com a camisa social por baixo do blazer aberto. A cor branca sendo pecaminosa ao abraçar as curvas e o peitoral farto que fazia os botões quase estourarem. Ele era mais baixo que Kirishima, mas podia dobrá-lo muito fácil se quisesse.

As bochechas de Eijirou avermelharam quando notou no que seus pensamentos estavam se tornando.

Perdeu o foco por um instante, o que foi preciso para que o loiro puxasse um folheto da convenção, passando as folhas até chegar ao anúncio sobre a palestra do fiasco.

Os olhos vermelhos novamente fixaram-se no rosto dele, a ponto de fazê-lo se remexer no assento. O loiro olhou mais uma vez para sua foto e depois guardou o material, apoiando um dos cotovelos sobre o balcão ao inclinar um pouco mais para o lado, deixando o blazer expor um pouco mais o tecido claro.

O sorriso diabólico só podia ser uma medida calculada para colocar o ruivo de quatro, pois mesmo que não fosse, estava funcionando.

— Eu sou Bakugou Katsuki. Mestre de ciências políticas. — Aquela voz profunda atingiu todos os acordes no coração escorraçado de Kirishima; tal como o deixaria de pernas bambas se não estivesse sentado, pois a confiança libidinosa no anúncio de seu nível também mexia com sua estrutura. — Então, você é o tal Kirishima Eijirou?

A pausa longa foi estranha, não por estarem apenas piscando lentamente um para o outro, bebendo goles de suas bebidas como se não estivessem conversando há segundos. O contato visual permaneceu nos atos naturais que soavam como modos automáticos, apenas o diálogo do vermelho contra vermelho, perguntas não ditas e respostas silenciosas que podiam ser lidas com dúvida.

— É o que dizem... — Kirishima podia simplesmente confirmar, mas o brilho sagaz nos olhos carmim que o queimavam como fogo sumiria num piscar, ele sentia o que estava acontecendo, fosse o que fosse, portanto, tentaria prolongar o quanto desse.

O sorriso ladino por si só já confirmava em oitenta por cento as suspeitas de Eijirou de que aquele cara estava dando em cima dele, mas ele precisava de mais.

— Neste caso, o que você me diz...?

O questionamento perigoso tinha uma dose insana de ambiguidade, porém a forma como Katsuki se inclinou para perto do ruivo, olhando direto para sua boca por segundos demais para não estar desejando.

Kirishima podia ter cometido muitas gafes nas últimas horas, mas neste momento, ele sabia exatamente como lidar com a situação, por mais inusitada que se mostrasse.

Exigiu muito de sua tranquilidade aproximar-se do rosto alheio, o rubor nas bochechas de Katsuki deixavam-no adorável, o perfume amadeirado com um toque sutil de baunilha obrigou Eijirou a respirar fundo, sorvendo o aroma para guardar na memória caso tudo desse errado.

Sorrindo — pela primeira vez até então —, respondeu com toda a confiança que lhe restara:

— Eu sou Kirishima Eijirou... Mas eu também posso ser o que você quiser

KiriBaku It's RealOnde histórias criam vida. Descubra agora