𝙎𝙩𝙖𝙧𝙠 𝘼𝙙𝙫𝙚𝙣𝙩𝙪𝙧𝙚𝙨: Blindspot

Capítulo 14

– Delta Sierra para Tango.

– Tango na escuta.

– Alvo na mira. Permissão para atirar.

– Permissão concedida.

– NÃO!!!!!

Uma rajada estridente implode no ar, levando o inimigo ao chão na mesma hora. Estava acabado. Não havia mais volta. A missão fora um fracasso total sem antes terem sequer alcançado o objetivo principal. O peso da derrota recai densamente sob os ombros dos responsáveis.

– Vocês só tinham uma missão. UMA! Proteger o alvo. E conseguiram falhar miseravelmente. Vocês são uma decepção! Sumam daqui!

Não havia nada que arrancasse o pesar dos corações daqueles soldados no momento. Estavam todos muito aflitos e desencorajados. Apenas um líder de tropa super competente seria capaz de motivá-los novamente, e nada garantia de que o efeito fosse imediato. Levaria um tempo para refletirem sobre o ocorrido e digerirem o final trágico o qual desencadeou.

– Permissão, Capitã.

– Hm?

Quando me dou conta, estou rodeada pela mobília aconchegante situada na sala de entretenimento da sede da Wolftrot. Abe e Rick jogavam vídeo game, enquanto Ben se encontrava parado à minha frente, prestando continência. Estivera devaneando por um breve momento.

– O que houve?

– É o Russo.

Imediatamente, me levanto em um só impulso e sigo o rapaz até a sala à qual nos guiava. Não era possível que já tivessem voltado.

– Bom dia, Capitã – o garoto me recebe com um sorriso cansado.

Seus cabelos cor de mel pingavam de suor. A camisa tank branca estava ensopada, com vestígios arboreos e manchas avermelhadas. Sua calça jeans e bota marrom estavam no mesmo estado. Logo, a dedução do suor talvez fosse melhor reposta por um possível mergulho.

– Cadê o Oliver?

– Não voltou ainda.

– Não era pra nenhum dos dois terem 'voltado ainda'. O que aconteceu? Isso é sangue? – digo ao analisar melhor as machas previamente notadas em sua camisa.

– Estávamos a caminho de Manhattan, como instruído. Mas tivemos um pequeno imprevisto no meio do caminho.

– Que tipo de imprevisto?

Seus olhos fixos em mim e o tom inalterável de voz me fazia ter confiança no que dizia, mas queria ter certeza de que a história completa não fosse reformulada um segundo sequer.

– Eles estavam lá.

– Eles quem?

– Os caras do outro lado. Aqueles que perseguimos.

Um médico jovem de cabelos castanhos e olhos da mesma cor se aproxima do Russo para averiguar melhor seu abdômen. Ele remove o gaze antigo e substitui por um novo após a limpeza na região do que parecia ser um corte levemente profundo.

– Havia três deles na estrada. Um deles nos reconheceu e começou a nos fechar na pista. Demos o máximo para não tombar o carro, mas não teve jeito. Olly e eu nos separamos durante a fuga, mas parece que ele conseguiu correr para um local seguro. Meu trajeto, por outro lado, já deve ter sido deduzido à essa altura – complementa ao mostrar sua vestimenta úmida e ensanguentada.

– Eu amo histórias, você sabe.

Vendo que não desvencilharia tão facilmente de minha postura, o garoto abre um sorriso tímido. Eu continuava a observá-lo atentamente conforme relatava o infortúnio ocorrido.

– Um deles foi atrás do Oliver, e dois vieram em minha direção. Tinha um canal ali perto, e eu pulei.

– Pulou?

– Sim.

– Entendo.

Alguns segundos de análise se passam, então Jeffrey, o garoto da saúde, desvia o olhar do Russo ao limpar sua ferida. Ele estava terminando de esterilizar o local para fechar o corte que havia rompido novamente.

– Descansa um pouco. Depois conversamos melhor.

– Está bem. Obrigado, Capitã.

Sua voz cansada me faz parar por um segundo, trazendo consigo as lembranças que eu tentara conter há pouco na sala de entretenimento. E se aquilo não tivesse acontecido? Que fim teria?... Será que algo realmente mudaria?...

Tudo o que consigo retribuir como resposta é um acenar de cabeça, antes que retomasse o caminho até o novo destino. Eu precisava identificar os três elementos. Ninguém mexeria com minha tropa. Jamais.