cheiros e devaneios

960 55 13
                                    

Não existia adjetivos o suficiente neste mundo para descrever como Balu enxergava o moreno naquele momento. Era como um sonho realizado. Antônio nunca pensou muito no assunto como um sonho, no caso. Sempre sentiu um apresso especial pelo Naluti mas pensava que não era nada demais, o olhava e pensava que o que via não era nada demais.

Passou-se o tempo. Ficaram mais próximos, e sim, era algo de mais. Muito mais.

Algo que o velho coração calejado do maior nunca saboreou antes, pelo menos não com um homem.

Veja bem, Balu não teria nenhum tipo de preconceito com isso. Pelo contrário, estava de braços abertos para suporte emocional e conhecimento sobre o assunto, mas vivenciar o ato na pele era algo um pouco... Amedrontador para um homem que nasceu numa época tão restrita e discriminatória. Pensava sobre isso nas suas noites sem sono. Perguntava-se se com um homem o prazer era o mesmo, se teria alguma diferença, se deveria o tocar como toca a si mesmo ou se deveria fazer alguma coisa a mais. Se teria algum tipo de rito antes de penetrar, até porque não tinha nada pra lubrificar... Aquele lugar, certo? Ou será que estava errado? E principalmente, se fosse efetuar tal ato que fizesse de uma maneira especial.

Nossa, o que estava acontecendo? Antônio parecia uma adolescente descobrindo pela primeira vez o que é sexo. Se recomponha, homem!

Parecia sempre deslocado quando pensava sobre estar em um relacionamento com um homem qualquer, mas quando interagia com Rubens, o fazia rir, chorar, sentir raiva, tudo. Tudo parecia sólido. Algo que Balu conseguia aguentar, que estava disposto a tentar. Parecia que a única razão que teve para encontrar essa coragem e sanar essa dúvida foi a condição de exercer tudo ao lado dele, aquele que te deu forças, aquele que te deu coragem, que sentiu que poderia mostrar a verdade. Estava disposto a degustar essa nova sensação, contanto que fosse com Rubens.

— Sabe Rubinho.— diminuiu o sorriso típico seu, com um tom de voz um pouco mais aveludado do que sempre falava.— Essa é minha primeira vez beijando um homem. Assim, um beijo de verdade.— endireitou as pernas alheias novamente.— Você foi meu primeiro beijo, Rubinho.

— Bem, será que...— tomou coragem. O que iria falar precisava especialmente disso se quisesse ser dito olhando nos olhos da pessoa. E um pouco de álcool também.— S-será que eu poderia ser o seu segundo também?— Balu o olhou surpreendido, ficando sem palavras e deixando um silêncio no ar por alguns segundos.

Essa pergunta não precisou de resposta e nem confirmação afinal. Suas bocas se juntaram tão rápido e intensamente que fez um pequeno solavanco na porta do armário, mas não estavam prestando atenção o suficiente pra ligar, existia algo muito melhor acontecendo naquele momento.

Dessa vez, o beijo foi selvagem do começo ao fim. Suas línguas bailavam uma dança quente, seduzente, pareciam estar brigando intensamente por poder. Não ligavam se faziam uma bagunça na boca do outro, esse era o objetivo. Sentir o gosto da cerveja na boca de Balu era tão envolvente, enlouquecedor, gostava de como a mão grande puxava seu cabelo, o fazendo arquear a cabeça para permitir beija-lo melhor, deixava-o excitado ao sentir os dedos calejados entrelaçando seus fios platinados e a dor deixava tudo ainda mais erótico.

Aqueles lábios macios e carnudos pedindo por mais delírios, mais ardência, aquilo fazia o mais velho urrar de tesão entre os toques sedentos que tanto o teria revirando os olhos. Queria cada vez mais ouvir seus gemidos gostosos que o deixavam maluco se transformarem em gritos lassivos, queria sentir suas unhas encravando na sua pele, sentir a luxúria o corroer de dentro pra fora.

Os sons, ah, os sons. O cômodo foi do nível de uma leve tensão sexual para um quarto com puro cheiro de sexo apenas com os gemidos e ruidos libidinosos de ambas as partes em segundos.

Balubens- Someone I can trustOnde histórias criam vida. Descubra agora