O Doutor não apareceu naquele dia, ainda estava internado. Não consegui segurar o suspiro de alívio quando vi a Doutora Cissa entrando, ela disse que em uma semana ele voltaria. Os médicos estavam esperançosos com sua melhora e que eu não devia me sentir culpada por lhe fazer mal.
Deimos riu, e sua gargalhada se fez como um vento frio que passou pela janela aberto do meu quarto.
- Está frio, não está querida ? Não quer colocar uma roupa mais quentinha? Vem muito vento por essa janela, não devia usar roupas tão curtas... vai acabar pegando um resfriado.
- Ela está ótima com esse shorts, não é você que irá me impedir de vê-la linda assim.
Porém, mais uma vez, sua fala se manifestou apenas para mim, e para a médica uma brisa enfurecida de ar quente soprou em sua cara enquanto eu dizia a ela :
- Estou bem assim.
Um pouco sem jeito ela decidiu começar a consulta, fazia as mesmas perguntas básicas de sempre e eu respondia da forma mais curta o possível. Meu demônio de estimação, como apelidei Deimos a seu contragosto, estava deitado em minha cama entediado, suas pernas que ficava para fora da cama devido ao seu tamanho, não paravam de balançar, e seus pés inquietos demonstravam que estava gostando mais da consulta do que eu.
- Querida, eu sei que não é fácil pra você mas tem que se abrir de novo a terapia, não vamos ver resultado se não nos deixar ajudar.
- Não quero ajuda, não preciso estar internada, já falei mil vezes que a culpa é do Paulo, ele que relava em mim sem eu permitir !
A medida que vou falando, meu tom de voz aumenta e as últimas palavras sairam em um grito. A raiva que sentia das pessoas que não acreditavam em mim era quase tão grande quanto a raiva que eu tinha dele.
- Se eu fosse você, mi amore, mostraria a ela uns segundos do que você passou, o que acha ?
Ele andou até mim e parou ao meu lado com as mãos no bolso olhando fixamente a Cissa, eu gostava dela, mas eu precisava que alguém acreditasse em mim.
- Consegue fazer isso? Como? - Disse virada para ele.
- Com quem está falando querida? Está tudo bem?
- Ela se assustou, mas que peninha - o deboche estava estava expresso em sua fala e seu olhar chegava a ser cruel - Sei que é difícil, mi diosa, mas apenas se lembre de alguma vez que aquele nojento te tocou, apenas uns segundos, e deixe o resto comigo.
Fechei os olhos e me esforcei para não chorar enquanto aquelas cenas voltavam em minha mente, mas para minha surpresa, não foi meu choro que irrompeu o silêncio do quarto, foi o dela.
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Senhora da Escuridão
Paranormal*contém gatilhos* Depois de uma tentativa de homicídio que não deu certo, Agnes é internada por seus pais em uma clínica psiquiátrica. Porém, a jovem de 20 anos não é mais assombrada apenas pela sua depressão e ansiedade, agora uma sombra que apenas...