- O que você acha? - disse Bruno a um dos amigos nojentos dele chamado William. - Devemos fazer isso?
- Eu não sei - Disse William pensativo. Um homem de 25 anos, com cabelos pretos curtos e de corpo atlético com um rosto nada bonito. - Isso pode dar errado. Muito errado. - William olhou para mim com um sorriso malicioso. - O que você acha? Raquel.
Eu não disse nada. Minha boca estava machucada demais pelo o que aconteceu ontem a noite. Mais eu queria muito mandar ele ir se foder.
Eu estava no apartamento de Bruno havia seis dias. Não estava aqui por que eu queria, estava aqui por que ele precisava de mim, e por que ele ameaçou a minha mãe.
O prédio de Bruno ficava em um bairro que demorava 1 hora para de viagem da minha casa. Eu só precisava pegar ônibus n⁰ 2789 para chegar na minha casa. Nesses seis dias que eu estava nesse inferno, eu tive muitas oportunidades de fugir. Por que eu não fugi? Por que Bruno é louco! Eu fiquei com muito medo de ele realmente fazer algo para a minha mãe. Ela era a única pessoa que eu tinha, a pessoa que eu mais amava. Minha mãe sabia que o Bruno não parecia tudo aquilo que eu pensava. Mais eu ignorei. Agora, eu pago o preço por tudo, e ainda posso ter colocado minha mãe em perigo. Eu não sabia o que fazer. Deixei tudo na mão de Deus. Espero que ele ouça as minhas preces.
Uma hora havia se passado, o apartamento de Bruno estava com um cheiro insuportável de maconha e parecia um chiqueiro, iguais ao prédio por inteiro. Toda hora eu me perguntava o quão idiota eu fui. Até que de repente, o interfone tocou. Meu coração já começou a disparar e fiquei pensando se um milagre iria acontecer. E aconteceu.
Bruno atendeu o interfone, a pessoa deve ter falado alguma coisa que fez o rosto de Bruno ficar vermelho de raiva. Mais Bruno desligou o interfone, e saiu do apartamento. Fui ver na janela quem era, mais infelizmente não consegui. No mesmo momento, senti um puxão em meu ombro, me virei e era William. Afundou os dedos nos meus dois ombros e disse com raiva:
- O que está fazendo? Se algum inimigo ver você, nós estamos ferrados.
Não disse nada. Só encarei aqueles horríveis olhos arregalados.
Na mesma hora, William começou a analisar o meu corpo, levantou a minha camisa roxa até a minha cintura e colocou os dedos em minha cintura nua. Meu corpo tremeu e o meu coração bateu mais do que o normal. Fiquei desesperada. eu queria fugir. O que será que ele iria fazer comigo? Mais por sorte, alguém abriu a porta. O barulho da porta se abrindo fez William dar um salto para trás. Era Bruno. Nunca pensei que eu ficaria feliz por ele ter aparecido.
- SUA PUTA BURRA! - gritou Bruno, foi até mim segurando alguma coisa de cor rosa e deu um tapa no meu rosto com as costas da mão. O tapa foi muito forte, fez um corte no meu lábio inferior e cai no chão. - Que merda você fez? Eu não disse para você falar para as outras pessoas que você iria viajar para ninguém saber sobre nós? Por que aquela garota sabe que você está aqui?
Eu novamente não disse nada. Fiquei no chão pensando quem era a garota que veio para cá.
- Não importa - continuou Bruno, mais calmo. - Se alguém saber aonde estamos, eu falo para um de meus sócios meteram bala. Toma, ela me disse para te dar isso.
Bruno jogou no chão ao meu lado aquela coisa cor de rosa. Me virei para ver o que era, e era uma blusa de frio. Peguei a blusa, e percebi que era a Blusa de frio que John e Rafaela comprou para mim de aniversário.
Fui para o quarto e cai em lágrimas. Olhei para a blusa que tinha escrito a frase nós te amamos, e chorei mais do que nunca. Fiquei pensando em todo mundo que eu conhecia. Principalmente na minha mãe. E fiquei apavorada quando eu pensei que alguma coisa ruim iria acontecer.
Já era 16:40 da tarde. Eu tinha chorado muito e havia dormido. Acordei e caminhei pelo apartamento, eu estava sozinho e a porta estava trancada. Voltei para o quarto, peguei minha blusa e iria vestir. Quando eu estava colocando a blusa, senti algo caindo no meu pé, quando fui ver, era um pedaço de papel amassado. Tinha caído no bolso da blusa. Peguei o papel e o abri. Tinha algo escrito, estava escrito:Eu sei que você não está bem.
Eu e John vamos ir aí a noite para
Te buscar.
Nós sabemos que é perigoso, mais a gente não podia deixar você mão desse
Verme.
Nos aguarde.
Rafaela
Meu coração disparou. Minha cabeça não parava de pensar. O que eles estão pensando!? Eu vou sair daqui! Mais e minha mãe!? E se eles forem pegos!? Eu não conseguia parar de pensar. Mais eu fiquei calma, não podia deixar esses pensamentos passarem em minha cabeça. Em vez disso, pensei em coisas boas. Pensei que eu iria com certeza sair daqui. E também, fazer com que Bruno paga-se por tudo o que ele fez para mim.
Era 20:00 horas da noite. Eu estava deitada na cama sem camiseta e calça ao lado de Bruno que roncava igual a um porco, meu corpo estava doendo muito, por que?, Por algo que eu prefiro não comentar. Fiquei esperando por Rafaela e John. Eles estavam demorando. Já estava perdendo as minhas esperanças.
De repente, eu ouvi algo batendo na janela. Fiquei assustada que Bruno acordasse, mais por sorte, ele tinha um sono pesado. Levantei de fininho da cama, e fui ver o que era. Para a minha alegria, Rafaela e John estavam lá embaixo me esperando. coloquei a minha blusa de aniversário e minha calça jeans. Coloquei o meu tênis de cano alto e peguei a minha jaqueta de couro e coloquei-a em uma sacola plástica. Fui até a cozinha, e peguei a chave da porta que Bruno havia esquecido em cima de um balcão. Fui até a porta e a abri.
Quando estava saindo, uma mão agarrou o meu braço com força.. Quando me virei para ver, era Bruno.
- Para aonde você vai?! - gritou Bruno. Com os olhos arregalados. - Você não vai sair! Volte para dentro agora!.
Bruno tentou me colocar para dentro do apartamento a força. Fiquei lutando para me soltar dos braços dele, e correr escada abaixo para sair daquele lugar. De repente, ouvi barulhos que estavam se aproximando. Alguém estava subindo depressa as escadas. Quando os barulhos ficaram mais altos, e eu senti que alguém estava vindo. Olhei para trás, e vi John correndo em minha direção com fúria. Me afastei do alcance dele, e com toda a força que tinha, John deu um soco na cara nojento de bruno. Com o que fez ele cair no chão com a boca cortada.
- Você está bem? - Disse John ofegante. Analisou o meu corpo, e percebeu que eu estava cheia de hematomas. - O que aconteceu com você? Foi esse maldito? Eu vou acabar com a raça dele!
Logo depois, Rafaela chegou e agarrou John pelas costas, tentando impedir que ele não acabasse com Bruno ali mesmo.
- John chega! - Gritou Rafaela desesperada. - nós já encontramos a Raquel. Vamos embora!
John parou, pegou bondosamente a minha mão e nós três descemos as escadas depressa. Olhei para trás, e vi Bruno olhando com ódio para mim. Mais principalmente para John.
Nós saímos daquele prédio, fomos para um ponto de ônibus que ficava em uma praça a frente do prédio e o esperamos. Nesse momento, senti que eu finalmente estava livre. Mesmo pensando sobre coisas negativas.
Demorou 15 minutos para o ônibus chegar. Foram os quinze minutos mais confortáveis daquela semana. John ficou acariciando o meu rosto e os meus cabelos, enquanto Rafaela tentava conversar comigo. Mais meu corpo estava doendo muito, e eu estava muito cansada. Não queria falar sobre isso.
- Quando nós chegarmos - Disse eu com a voz fraca. - Eu contarei para vocês o que aconteceu.
O ônibus havia chegado, subimos e nos sentamos nas últimas cadeiras. John estava ao lado da janela esquerda, eu estava ao lado dele e Rafa do meu. E depois, fomos rumo até a casa da Rafa. Eu estava me sentindo muito melhor, mesmo eu sentindo enormes dores. Principalmente por entre as pernas...
John pegou bondosamente a minha cabeça e a colocou em seu ombro, e continuou a dar carinhos em meu cabelo.
- Não se preocupe - disse John acompanhado de um soluço. -, vai ficar tudo bem.
Olhei para John, e percebi que ele estava chorando. Nesse momento, eu fiquei pensando, o quão bem John fazia para mim.. ele sempre se preocupou. Mesmo eu o rejeitando de várias formas, ele nunca desistiu de mim. Mais por algum motivo, eu sempre me senti muito bem perto dele. Na verdade, eu sempre tive algo por John. Ele me amava, e eu acho que o amava também... Por que eu fiquei ao lado de Bruno ao invés de John? Você me pergunta. E a resposta que eu te dou é simples: eu sou uma idiota.
Fiquei com a cabeça deitada no ombro de John. Fiquei o abraçando com força, eu não queria mais solta-lo. A minha mente que estava pensando em coisas ruins, se aquietou um pouco. Eu queria que essa viagem de ônibus durasse para sempre. Por que ficar ao lado de John, foi a coisa mais confortável, agradável e feliz do mundo que eu já senti.
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Quebrados
Short StoryNessa história, que se passa no fim dos anos 90 ao começo do século 21. Vamos acompanhar a vida de alguns adolescentes que não se dão muito bem com a vida, e talvez isso poderá trazer consequências graves para eles. Vamos ver se eles conseguiram ven...