Lucas: 7 de julho de 1999

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- Que barulho foi esse? - Disse eu. Fiquei parado enrolando o cabelo com o dedo tentando deduzir que tipo de som era aquele. - Uma arma?
Eu queria ver o que estava havendo. Mas, e se realmente, aquilo fosse um barulho de uma arma? A minha curiosidade disse mais alto. Quando eu fui até o local aonde aparentemente poderia ter vindo o som, eu me deparei com uma surpresa nada agradável.

Uma semana depois, eu estava no hospital acompanhado por Vanessa, mãe de John, estavamos no quarto aonde John estava deitado em uma cama. Com vários aparelhos ao lado. John estava dormindo.
Vanessa não parava de chorar, um choro silencioso, eu estava sentado em uma cadeira ao lado de John, segurando a sua mão. No outro lado, havia muitos vasos com flores que foram dados aos nossos amigos, inclusive eu.
Fiquei todo a maior parte da semana naquele hospital, não iria conseguir deixar ele sozinho. Eu fiquei desesperado quando eu vi John naquele estado no chão. Pensei que estivesse morto... mais graças a deus, ele estava bem. Ele já estava se recuperando daquela ferida e não faltava muito para ele sair desse hospital.
- Que horas são..? - Disse John, sua voz parecia muito cansada.
- Está quase na hora de você sair daqui. - Respondi forçando um sorriso, enquanto eu acariciava a sua mão.
A porta no quarto havia sido aberta, e um homem entrou no quarto um homem de pele morena e cabelos curtos penteados para trás. Usava um terno preto e segurava uma caderneta e uma caneta. O homem nos apresentou o seu distintivo. Era um detetive querendo fazer perguntas a John.
- Garoto - Começou o detetive. -, eu sou um agente da polícia local. Eu queria que você falasse a respeito sobre o ocorrido.
- O meu filho não está em condições para um coisa dessas, senhor. - Implorou a mãe de John.
- Está tudo bem, mãe. - John fez força para falar. - Deixe eu falar com ele.
John contou toda a história ao detetive, e disse que eles estavam atrás de uma pessoa. Que provavelmente poderia ser a Raquel.
- Aonde Raquel mora? - Perguntou o detetive.
- Ela mora algumas quadras da escola. Eu no me recordo do nome da rua, mais o número de sua casa é 42. - Respondeu John. Não iria ser difícil para a polícia ir lá investigar o Raquel. Já que o nosso bairro era muito pequeno, sendo que só tinha uma escola e um hospital.
- O que vocês vão fazer com Raquel? - Perguntou John nervoso.
- Não precisa se preocupar. - Respondeu o detetive, enquanto colocava a caderneta e a caneta no bolso do terno. - Só queremos ouvir o que ela vai falar. Não se preocupe com isso.
O detetive foi embora. John ficou muito preocupado e tenso com isso. Na mesma hora, o horário de visita havia acabado. Vanessa e eu deixamos John naquele quarto frio, e John voltou a dormir.

Depois de duas semanas, John já havia se recuperado. Estávamos na escola, mais já estava na hora de irmos embora.
- Não irei para a casa agora. - disse John firmemente. - Primeiro eu vou passar na Raquel.
- Eu vou com você. - respondi. - Não quero te deixar sozinho.
Eu não queria deixá-lo ir só. Não depois do que aconteceu. Eu precisava ficar ao lado dele.
- Ah, olá para vocês dois. - disse Clarisse, ela fez deu sorriso para nós dois. Mas deu para ver no seu rosto o quanto ela estava triste.
- É... oi - disse John. Ele não sabia com agir naquela situação.
- Ah não, eu sei o que é. - exclamou Clarisse. - Vocês vieram ver a Raquel, acertei? Ela está lá no quarto. - a voz de Clarisse foi a se entristecer. - Ela está naquele quarto. Não dorme, não come, nem fale comigo ela fala direito. Será que vocês conseguem fazer ela melhor..?
Senti como se alguém estivesse dando um nó nas artérias do meu coração. Eu não sabia como agir naquela situação. Olhei para John, mas as lágrimas fazia os seus olhos brilharem. Então, enxugou os olhos. E pões as mãos nos ombros de Clarisse com se quisesse abraça-la.
- Nós podemos falar com ela. - disse John.
- Obrigada. - disse Clarisse. Ela estava prestes a chorar, mas enxugou os olhos a tempo. - Ela está lá no quarto, meninos.
Nós entramos e fomos para o quarto de Raquel.

Entrando no quarto, pude perceber o quanto ela estava mal. O quarto estava uma zona, roupas e cobertas espalhadas no chão. E Raquel, estava sentada aos pés da cama segurando uma boneca. John ficou perplexo, não podia acreditar que Raquel estava naquele estado. Mais John respirou fundo, e tentou conversar.
- Raquel - começou John. -, o que está havendo com você? Você está nos preocupando bastante, e nós queremos saber o que está acontecendo com você.
- Eu estou bem, relaxa. - disse Raquel, enquanto penteava o cabelo loiro da boneca com os dedos. - Eu só fiz merda.
- Por quê? - perguntei.
- John, a duas semanas atrás, um homem, um detetive, veio aqui para me fazer umas perguntas sobre a pessoa que atirou em você. E que eu tinha envolvimento com isso, certo?
John pôs a mão na ferida cicatrizada. Ficou tenso.
- Certo. O que aconteceu?
- eu contei tudo. Sobre tudo o que aconteceu. Disse sobre mim e o Bruno, disse sobre o que o Bruno estava planejando, e disse que o homem que baleou você poderia ser alguém conhecido dele.
- E o que Bruno estava planejando? - perguntei.
Raquel abaixou a cabeça e ficou em silêncio por um tempo. Como se estivesse pensando se contaria para nós ou não. Mais por fim, disse:
- Bruno está planejando a traficar drogas e pessoas.
Os olhos de John se arregalaram. Ele ficou extremamente chocado com isso. Não conseguia dizer uma palavra.
- Mas - disse eu nervoso. Sem ideia do que dizer. -, você contou tudo para o detetive, né? Então, eles vão começar a perseguir ele e o prende-lo, né?
Raquel olhou para mim, e sorriu.
- Sabe, Lucas. - começou Raquel. - eu sempre gostei desse seu pensamento positivo. Mas, o Bruno, é como uma fantasma. Não é a primeira vez que eu acho a polícia para o pegá-lo, já fiz isso outras vezes. Não sei por que dessa vez seria diferente. Mais eu sei que, se ele souber, eu provavelmente vou...
- Não! - exclamou John, assustando tanto Raquel quanto eu. - Não vai acontecer nada com você. Eu não irei deixar! Ele não vai saber de nada.
Fiquei pensando, como Bruno iria saber sobre isso? Fique refletindo sobre isso. Não era como se ele mandasse alguém ficar espiando a casa de Raquel e ouvi-se o que estava acontecendo e depois contasse para ele, né?
- Além do mais - disse eu. -, se alguém da polícia chegar até o Bruno, ele não vai saber quem foi que as chamou. E se disserem, é bem provável que eles digam depois de o pegá-lo. Pense um pouco.
Raquel ficou calada, voltou a olhar para a boneca e a pentear o seus cabelos. Suponho que ela estava pensando no assunto.
- Pode ser, Lucas. Mas eu sinceramente, não estou tendo muita esperança para isso. Eu não devia ter ficado com ele. Eu fui tola por não ter percebido que esse cara é um desgraçado.
Raquel começou a chorar.
- E agora, eu não sei nem o que ele pode fazer. Se ele conseguir escapar da polícia, ele obviamente vai querer se vingar. Ele irá usar pessoas que eu gosto para me pegar. Eu tenho medo do que ele possa fazer... eu não iria suportar perder essas pessoas... - ela olhou para John. - Eu quase te perdi.
Raquel se levantou e foi até John. Olhou para ele com os olhos vermelhos e o abraçou. Por um instante, John ficou paralisado. Não tinha reação nenhuma. Mas depois, John a abraçou também.
Depois de um tempo, Raquel havia parado de chorar. Estava mais calma. E nós três voltamos a conversar.

Depois de um tempo, parecia que tudo havia voltado ao normal. Tudo estava como antes.
Eu cheguei na escola, o portão ainda não estava aberto, mas pude ver todo o mundo que eu conhecia. E pude ver a Raquel. Ela parecia ter voltado ao normal, estava conversando com a Rafaela, a Carol e a Sarah. Ela estava até com o John, e os dois realmente pareciam bem próximos. Eu estava feliz pelo os dois, e eu queria que isso durasse para sempre.
- Oi, amor. - disse Thayná. Ela havia chegado, usava uma blusa de frio com estampa de várias caveirinhas e calças jeans pretas. seus olhos estavam pintados de delineado e seus cabelos cacheados estavam soltos. Para mim, ela estava exuberante.
- Oi, amor. - respondi. - Você demorou um pouco. Aconteceu alguma coisa?
- Ah, não. - disse ela. Parecia um pouco nervosa. - eu estava conversando com o Tauan.
Ela apontou. Eu o olhei. Ele olhou para mim e deu um sorriso debochado. Aquilo fez os meus olhos brilharem de ódio.
- O que foi, amor? - perguntou Thayná. - Ah, já sei. É ele né? Me diz uma coisa, amor, por que você não gosta dele?
- Eu sei que ele é seu amigo - suspirei - Mais sabe, amor. Eu não consigo gostar dele. Algo me diz que ele vai fazer alguma coisa.
Thayná suspirou. Ela nunca gostou desse meu ódio por ele. Mais o que eu poderia fazer? Ele sabia de algo que não era para ele saber. O que ele sabia? Bem, não estou muito afim de dizer. Mas de fato, sempre desconfiei que ele estava tramando alguma coisa.
- Amor - suspirei indignado. - Eu... vou tentar conversar com ele. Vou tentar ser mais próximo dele. Tá bom?
Ela olhou para o chão, ela sabia que eu não iria ser amigo dele nem se jesus voltasse. Mas ouvir aquilo, deixou ela um pouco mais feliz.

Eu realmente, mesmo o odiando, queria tentar me aproximar dele pela Thayná. Mais mal sabia eu que isso tudo iria dar muito, mais muito errado.

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⏰ Última atualização: Sep 17, 2022 ⏰

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