Teto velho e quebradiço; unic

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   Encarou o chão, observando as gotas pequenas pingarem do teto até alcançarem a terra, molhando o pequeno aglomerado de graminha que insistia em crescer alí.

   Era fim de tarde quando Albedo decidiu fugir.

   Não literalmente fugir, é claro. Talvez a palavra correta seria evitar. Mas ainda assim, não queria olhar para a cara da própria mãe depois de ela ter descoberto seu "segredo".

   Se sentia enjoado, como se a cada vez que lembrasse da face mais velha olhando para sí lhe causasse uma náusea terrível. A mãe nunca havia deixado explícito se apoiava ou não a causa lgbt, mas Albedo ainda estava amedrontado por ter sido tirado do ármario de maneira tão brusca.

   Facilmente a pior experiência de sua vida.

   Não querendo pensar muito no assunto, o loiro fechou os olhos, sentindo as gotas cairem em seu rosto pálido-rosado.

   Se arrastou até a janela (que se assemelhava mais a um buraco), vendo o sol descer pelo horizonte. Estava sozinho, em paz.

   A sensação pesada no peito foi embora, deixando um vazio confortável em um coração que já estava aguentando peso a tempo demais.

   Deitou no aglomerado de grama insistente, sentindo os cabelo escorrerem pelas finas folhas. Olhou para o céu, observando com os belos olhos azuis a cor escura e profunda do universo.

   Se perdeu nas constelações e viajou milhares de anos luz sem mesmo se mover.

   "No fim nada importa, vim do universo e retornarei a ele, de qualquer forma. Não deveria me preocupar com problemas tão mundanos." - Pensava enquanto os olhos pulavam de estrela em estrela admirindo um brilho que nem mesmo tinha certeza se ainda existia.

-Me questiono, o que alguém poderia estar fazendo em um mini cabana destruida no meio do mato em uma hora tão tarde? - Ouviu a voz aveludada de seu amigo, invadindo seus ouvidos e confortando sua alma solitária.

-Observando estrelas, não vê?

-Me refiro ao verdadeiro motivo. - Disse o azulado se sentando ao lado do corpo pequeno, olhando brevemente para cima como se estivesse cumprimentando as estrelas. Afinal, elas também estavam presentes alí.

-Oh. Isso. - disse, ponderando se deveria ou não contar para seu amigo. - Briguei com minha mãe.

-Ah, de novo? É o que, a 3 vez essa semana?

-Foi diferente desta vez. - disse ainda encarando o interminável céu.

-Diferente como?

   Não houve resposta.

-Ela sabe, né?

-...sabe.

-Eu sinto muito, Bedo. - A mão do mais alto caminhou pela terra até chegar na mão de Albedo, que agarrou-a com força como se a qualquer momento pudesse cair.

   Eventualmente, Kaeya se deitou no chão junto de seu amigo, observando as mesmas estrelas que existiam a milênios.

-Acho engraçado como sempre voltamos pra cá. - Pronunciou o azulado.

-Desde que eramos pequenos. Essa cabana faz um parte muito grande da nossa história.

-Então temos uma história, é? - Provocou o mais velho.

-Você é um idiota.

   Kaeya gargalhou em resposta, sorrindo alegre com a compania do loiro.

-Lembra quando o teto não era tão destruido assim? Céus, agora parece que isso vai desabar a qualquer momento.

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⏰ Última atualização: Mar 16, 2022 ⏰

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Sob o teto velho e quebradiço; KaebedoOnde histórias criam vida. Descubra agora