No tão famoso Queens, em Nova York, tudo era baseado em pressa. Você nunca via pessoas andando pelas ruas sem estarem apressados e irritados com atrasos em seus compromissos, nunca via carros ficarem mais de 5 minutos sem apertarem a buzina pedindo que o carro a sua frente fosse mais rápido, e até mesmo algum estabelecimento vazio, pois eles sempre estavam lotados. Sejam de adolescentes resolvendo exercícios ou saindo com os amigos, adultos em seu momento de almoço ou resolvendo os problemas do trabalho pelos notebooks caros ou celulares de última geração, ou até mesmo idosos em seus momentos de reencontro com antigos amigos e familiares.
Em resumo? O Queens era extremamente movimentado, e isso fazia quem quer quem fosse morar lá, se acostumasse ao clima corrido e puxado, mas também divertido e turbulento, como uma aventura digna de um clichê de filmes e séries adolescentes.
E Charlie Crawford tinha isso em mente quando se mudou para o Queens aos 9 anos de idade quando foi morar com os tios paternos desde o acidente aéreo que matou seus pais. Na verdade, Charlie nunca soube o que era ter calma sobre alguma coisa, mas em compensação, sua vida era normal. Era só uma adolescente em seu último ano no ensino médio, vivendo os clichês e idiotices da juventudo, o sonho adolescente, como muitos chamavam. Mas sinceramente? Não havia coisa pior que a garota odiasse. Ou talvez tinha.
O seu despertador particular: sua tão querida tia Tessa.
— Charlie Crawford! Levante dessa cama para ir à escola antes que eu te puxe por uma das orelhas! Ou se duvidar, as duas! — Tessa Crawford gritou a todo vapor do andar de baixo, fazendo a citada pular de uma vez da cama, o sono ainda fazendo efeito em seu organismo.
Havia passado a noite inteira assistindo a série que tanto amava, e é claro, editando fotos para o trabalho no jornal da escola onde estudava. Era algo cansativo? Até demais, mas mesmo assim, ela adorava.
— J-Já vai! — respondeu tonta, quase caindo quando conseguiu ficar de pé totalmente, os pés formigavam e os olhos pareciam pedras pesadas por conta do sono, mas teve que resistir. Ao pegar o óculos de um grau forte, percebeu que seu relógio do criado mudo mostrava 06:50 e, em outras palavras, Charlie precisava ser rápida para não chegar atrasada na escola. — Maldita hora que fui maratonar aquela droga de Batalha dos Tronos.
Suspirou apenas uma vez, e com isso feito, caminhou a passos apressados até sua toalha, jogada em cima da escrivaninha, e andou até o banheiro do corredor, tomando o banho mais rápido de sua vida e voltando ao quarto, quase tropeçando por estar toda molhada, consequente molhando o chão no processo. Pressa e desespero era o que a resumia enquanto vestia suas roupas, pegando a primeira calça preta que conseguiu achar e uma camisa cinza de mangas compridas. Correu com a barra da camisa enrolada embaixo dos seios até a cozinha e quase tropeçando ao tentar calçar os sapatos.
Em outras palavras? Era o início de um dia normal. Ou quase isso.
— Olha quem resolveu aparecer! — Tessa disse com certo deboche enquanto terminava de colocar as panquecas recém-feitas na mesa, dando um tapa forte na nuca da sobrinha quando a mesma passou ao seu lado.
— Desculpa, tá legal? Foi um acidente — Charlie resmungou, arrumando a camisa e se sentando, comendo na velocidade da luz.
— Então você acidentalmente foi até o computador, acidentalmente o ligou e colocou nas porcarias que assiste e acidentalmente assistiu até o dia nascer? — retrucou ainda no mesmo tom, fazendo a garota ficar em silêncio. — Foi o que eu pensei.
— Tessa, não seja tão dura com ela — Dominic falou rindo, o jornal em uma das mãos enquanto passava a mão no cabelo da Crawford mais nova. — Sei que ela vai se comportar e não vai repetir o mesmo erro. Certo, Charlie? — a olhou ainda sorrindo, era o clássico sorriso cúmplice que ele e a morena compartilhavam.

VOCÊ ESTÁ LENDO
Spider-Girl
FanfictionCharlie Crawford passava por vários bocados. Todos sempre ruins e com consequências devastadoras. Viver com os tios desde os primeiros meses de vida devido a morte dos pais nunca foi tão desafiador, mas ela teria que lidar com aquilo sozinha. Ela só...