I AM HERE | Daryl Dixon

Novos planos

" O que nos cabe é decidir o que fazer com o tempo que nos resta."

- O senhor dos anéis.

Estávamos na estrada a uns dois dias, o fluxo de zumbis e destruição atrasando a chegada ao nosso destino. O vento frio entrava pela janela bagunçando as mexas do meu cabelo, o rádio do carro ainda funcionava, um Cd antigo trazia aos nossos ouvidos uma melodia suave, pela visão periférica podia ver Daryl ao volante concentrado a estrada a frente, estávamos numa via secundária, o sol tímido entre as nuvens espessas não fazia seu papel de nos aquecer, fecho um pouco mais o vidro ao meu lado e instintivamente me aconchego para o lado do Dixon, minha mão esquerda indo para o bolso direito do seu casaco, sopro ar quente sobre a outra sentindo o olhar do homem ao meu lado.

- Você ficou folgada Grenne. - A voz rouca reverbera no ambiente, o cheiro de couro e terra molhada que emanava dele rondando sobre nós.

- O que posso fazer se seu corpo desempenha melhor a tarefa de te deixar aquecido do que o meu? - Um suspiro satisfeito escapa dos meus lábios pelo calor que emanava dele, seu bufo indignado é tudo que escuto, um riso me escapa enquanto arrumo minha cabeça sob seu ombro.

- Você está estranhamente quieta hoje, no que você tanto pensa loira? - A voz de Daryl volta a me tirar dos meus pensamentos confusos, mordo o lábio procurando as palavras certas para responder.

- Só estou nervosa, acho, nesse tempo todo longe da fazenda eu tentei não pensar nela, me convenci de que tudo tinha ficado para trás, mas senti tanta falta desse lugar, de me sentir conectada a algo, desde que sai de lá me sentia uma ponta solta no mundo. - Um suspiro baixo escapa de meus lábios, Daryl se remexe desconfortável no banco, mas permanece em silêncio por um tempo.

- Nunca tive isso, um lugar para chamar de meu, minha família era fodida, você conheceu meu irmão, um drogado, minha mãe era uma prostituta e meu pai um drogado ainda pior do que Merle, ele espancava a minha mãe tanto que um dia ela simplesmente foi embora, deixando a minha e Merle com aquele sociopata, então ele passou a descontar sua frustação em mim, até que fugi de casa também, encontrei com Merle uns anos depois disso, ele continuava o mesmo ferrado de antes, talvez ainda pior, aprontamos muito juntos, então o mundo virou essa merda e ele se foi também. A desgraça sempre foi minha companhia, nada de bom aconteceu, até vocês chegarem. - Meus lábios tremem com o misto de sensações que atravessam o meu corpo, eu nunca tinha visto ele falar tanto e tão intimamente sobre sí. Seus olhos desviam da estrada por um segundo para me avaliar, fungando para afugentar as lágrimas me inclino sobre ele ficando de joelhos no banco do carona e envolvendo meus braços em seu pescoço o apertando contra mim, sinto o carro diminuindo a velocidade até parar.

- Ninguém nunca mais vai machucar você Daryl, esse passado horrível, você precisa esquecer. - Sussurro em seu ouvido, deixando um beijo em seu rosto e me afastando minimamente.

- E se eu não conseguir? - Sua voz parece quebrada, quando encaro seus olhos ele parecia tão vulnerável, o azul intenso perdido em meio as lembranças dolorosas.

- Precisa esquecer, ou isso vai te consumir, não importa o que éramos antes, você é a pessoa mais incrível que eu já pus meus olhos, você é digno Daryl Dixon e vai ser o ultimo homem de pé nesse mundo de merda. - As lágrimas escorrem por minhas bochechas, encosto minha testa na dele, sua respiração se misturando a minha.

- Por que está me dizendo tudo isso? Por que parece uma despedida? - Sua voz sussurra as palavras, suas mãos soltam o volante que ele apertava e seguram minhas bochechas me forçando a olha-lo nos olhos outra vez.