Sarah Bantley
Arrumei minhas coisas para o acampamento, e fiquei feliz em saber que meu irmão não vai ir.
Vou ficar um mês sem ver ninguém da minha família, existe coisa melhor?
— Juízo, Sarah. — disse meu pai quando eu estava quase saindo de casa.
Revirei meus olhos.
— E quando que eu não tive?
— Vou nem responder a isso. — ele disse e voltou a olhar o jornal que passava na televisão.
— Tchau pra vocês, até nunca. — disse e sai de casa.
A mãe de Catalina vai levar nós duas para a escola, e de lá vamos pegar o ônibus para ir pro acampamento.
Quando chegamos na escola, nos despedimos da mãe da Catalina, e fomos para a fila que tinha para entrar no ônibus. Eram cinco ônibus, e só iria ir os colegiais.
— Nossa Sarah, o que tanto você carrega nessa mala? — perguntou Freddy quando cheguei perto do mesmo.
— O essencial para passar um mês longe, e eu te pergunto como você vai sobreviver só com isso? — perguntei olhando para a bolsa do Freddy.
Era a sua mochila de escola, e se ali tem três calças, é muito, porque a mochila é pequena.
— Sarah, eles vão nos obrigar a usar a roupa do acampamento. — ele disse e eu fiz uma careta.
— E como você sabe disso? — perguntou Catalina.
— Eu já fui uma vez para esse acampamento. — ele disse dando de ombros.
O diretor então chegou perto de nós, e começou a falar sobre algumas regras. Eu já estava começando a me cansar de ouvir ele falar um monte de bla, bla bla. Mas finalmente ele parou de falar, e os alunos começaram a entrar nos ônibus.
A fila foi diminuindo rapidamente, até que chegou nossa hora de entrar. Mas como eu sou uma pessoa azarada, quando eu entrei não tinha mais nenhum banco vago para mim.
— Tem um lugar aqui, ruivinha. — escutei uma voz e eu nem precisava olhar para saber quem era.
Kyan me chamava, mostrando o banco vazio ao seu lado.
— Ah, não. — murmurei. — Deixa eu sentar aí, e você senta lá, Catalina. — pedi para minha amiga que se sentou com Freddy.
Dois traidores que me deixaram para trás.
— Você tem mais intimidade com o Kyan, do que eu. — ela disse e eu a olhei como se pudesse a matar só com meu olhar.
— Vamos mocinha, senta, que já vamos sair. — disse o motorista, e eu olhei desesperada para meus amigos.
— Por favor. — pedi praticamente implorando.
— Vai lá amiga, não vai ser tão ruim. — disse o Freddy com um sorriso malicioso.
— Vocês dois são dois idiotas. — eu disse irritada. — Ainda vão me pagar. — murmurei andando até o banco que eu estava sendo obrigada a me sentar.
Era um dos últimos bancos do ônibus, enquanto meus amigos se sentaram no começo, ou seja, eu iria ficar sozinha aturando esse imbecil.
Kyan me olhava com um sorriso divertido e irônico nos lábios, ele estava sentado na beirada e onde eu tinha que me sentar era do lado do vidro.
Mas eu não queria me sentar no canto. Não no canto onde Kyan estaria na beirada.
— Vai pra lá. — eu disse com minha melhor expressão de "vou te matar".
— Vai dar não, estou confortável aqui. — ele disse e eu cerrei os olhos.
Não consegui convencer ele a se sentar no canto na força da porrada, porque o coordenador entrou no ônibus me mandando sentar.
Fiz o possível para não tocar no Kyan quando passei para o banco do canto. Mas antes coloquei minha mala no lugar onde guarda mochilas do ônibus.
Me sentei e respirei fundo, sabendo que esse caminho até o acampamento seria longo e exatamente irritante.
...
Já estava a uns quarenta minutos no ônibus, e eu comecei a sentir meu estômago se contorcer de fome. Me arrependi amargamente de não ter comido nada antes de vir.
Como uma grande ironia do destino, Kyan abriu um pacotinho de biscoito.
Não sei se eu estava encarando demais aquele biscoito que Kyan comia, mas acho que ele percebeu e se virou para mim.
— Você quer? — me ofereceu, mas eu não iria aceitar nada desse idiota.
Vai saber se ele estava tentando me envenenar.
— Não. — disse cruzando os braços e me virando para frente.
Escutei meu estômago roncar, e eu senti vontade de abrir um buraco e enfiar minha cabeça lá dentro.
— Para de ser orgulhosa, e come logo. — ele disse e eu revirei os olhos.
Peguei um biscoito, e eu senti como se estivesse no paraíso por um momento, quando senti o gosto de chocolate na boca. Esse biscoito era realmente bom.
Já estava me sentindo bem menos morta de fome.
— Obrigada. — agradeci e vi um sorriso nascer nos seus lábios.
— E não é que ela tem educação? — disse com sarcasmo.
— Eu não sou como você.
— Com certeza não, porque se fosse, não seria tão azeda como é. — ele disse e eu franzi o cenho.
— Eu não sou azeda. — me defendi.
— Você parece uma velha ranzinza de noventa anos. — ele disse amassando o pacotinho de biscoito.
— Porque você não cala a boca, em? — eu disse e me encostei no banco, olhando pelo vidro da janela a paisagem.
— Vem calar. — disse e senti ele se aproximar.
Quando virei meu rosto, o rosto de Kyan estava a poucos centímetros de distância do meu rosto.
Não sei porque, mas meu coração disparou, e minha mente reprisou o dia em que ele me beijou.
— Vou calar com minha mão na sua cara. — eu disse empurrando ele com minha mão.
— Preferia com sua boca. — ele disse se afastando e eu revirei os olhos, não conseguindo impedir que o calor chegasse nas minhas bochechas.
Que eu não esteja vermelha, que eu não esteja vermelha, que eu não esteja vermelha...
Pedia mentalmente, enquanto tentava não deixar meu rosto muito amostra para Kyan.
— Espera aí, você está corada? — perguntou Kyan e eu cerrei meu maxilar com força.
Por que ele tem que ser tão idiota?
— Que fofa. — ele disse e senti seus dedos apertarem minha bochecha.
Acertei com força meu cotovelo na sua barriga, fazendo o mesmo se curvar para frente e se queixar de dor, enquanto ria.
— Não fale comigo até a gente chegar no acampamento, se não eu juro por Deus que eu soco a sua cara. — eu disse baixo de uma maneira ameaçadora.
Mas é claro que meu aviso não adiantou nada, porque Kyan continuava rindo.
— Você já pensou em fazer terapia? — ele disse e eu revirei os olhos.
— Minha terapia seria você bem longe de mim.
— Então eu tenho uma péssima notícia para você... — ele disse enquanto se recompôs. — Porque vamos passar um mês juntinhos. — cerrei meus olhos na sua direção.
Eu só posso ter jogado pedra na cruz. Não é possível.
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I Hate You
RomancePara Sarah, Kyan é apenas um badboy esteriotipado que a irrita profundamente com seus comentários maliciosos e cobertos de ironia. E Kyan sabe que a paciência de Sarah é curta, e por isso ele ama provocar ela.