O convite.

61 5 4
                                    

Aila

Era mais um dia de gravação na mansão Loures. O intervalo havia começado há poucos minutos, e eu estava profundamente irritada com a Glenda. Mesmo no momento em que ela ficava em silêncio, eu queria morrer de raiva.

— Que tal um final de semana? — Luis sugeriu, chegando pelo lado da cozinha superior da casa.

— Só nós? — Camila ergueu as sobrancelhas.

— Só nós. — Ele sorriu. — Um acampamento seria legal.

Ele e as ideias malucas dele. Não pude deixar de notar seu olhar se demorando em mim. Eu estava com a cabeça apoiada no ombro do Jean, e sei bem que digo para todos que odeio grude físico, mas sei lá, com ele é diferente.

— Você quer ir para o meio do mato? — Ricardo deu risada, passando o celular para a Camila ver alguma coisa.

— Vai ser legal. — Ele se aproximou e abraçou Camila por trás. — Só nós, nos divertindo, sem a produção e toda essa equipe de merda mandando na nossa vida. É cansativo.

— Já fazemos coisas idiotas sem supervisão. — Glenda jogou os braços para trás, se apoiando neles.

— Ah, para né. Ninguém aguenta mais fingir que amamos aquela marca ridícula de roupas. – Jean finalmente esboçou alguma reação, e eu ergui meu olhar para encarar seu sorriso. — Cams vai para alguma festa e nem consegue aproveitar, sempre tem alguém com uma câmera por perto.

Coitada. Era verdade que todos nós no último ano simplesmente estávamos privados de muitas coisas, mas acabava que sempre caía mais nas costas da Camila. Por volta de janeiro de 2022, nosso filme simplesmente decolou.

Nós pensávamos que teríamos um sucesso, é claro. Só que não acho que alguém pensou que iria muito longe da bolha do nosso fandom. Sempre tivemos um reconhecimento, mas de qualquer jeito não éramos famosos pra caramba.

— A Dani tenta não demonstrar, mas é uma merda ter que forçar tanto a barra com a Aila. – Continuou ele, mas não me olhou nesse momento. Glenda e Ricardo por sua vez nem disfarçaram.

Sempre odiei essa merda. Já tive muitas discussões com a Camila, e odeio cada uma dessas fases. Minha prima é uma das pessoas que mais amo, e sempre gostei de trabalhar com ela, mas fazer tudo que ela quer nem sempre foi algo bom pra mim. E se nego algo pra ela, a Glenda se dói também.

Dani nunca me tratou mal. Mas eu sabia que ela não gostava nem um pouco da minha proximidade com o Luis para dar rendimento ao casal que os fãs tanto desejavam ver.

— É, estamos nesse ciclo de cabeça já faz quase seis meses. – Ricardo refletiu, soltando um suspiro.

— Pois é, estou pensando em vocês. – Luis disse e se jogou no sofá com todos nós.

— Só está falando isso porque quer transar com a Dani em um lugar diferente. Já gastou todos os cômodos daqui e da mansão do lago também. – Jean disse, mais sério do que o normal.

Luis deu de ombros e olhou para Glenda, que ergueu as mãos como quem não queria se comprometer.

— Concordo com o Lu. Precisamos de mais tempo pra nós. Como antes, sem forçar nada. – eu disse, com um sorrisinho cúmplice.

Ele ergueu as sobrancelhas, surpreso com minha reação.

Todos ficaram em silêncio por alguns segundos, olhando para Luís e para mim com uma mistura de surpresa e desconfiança. Ninguém parecia muito animado com a ideia de ir para um acampamento em uma casa distante, depois de tudo o que havia acontecido nos últimos meses. Ainda sim, todos sempre suspeitamos que havia algo de errado com nosso filme, com aquela produção, com a fama avassaladora que caiu sobre cada um de nós depois.

Casa do Pânico Onde histórias criam vida. Descubra agora