Ricardo
Não dá pra dizer quem está mais aterrorizado após lermos a mensagem. Mal dá pra digerir a possibilidade da Glenda estar viva em algum lugar dessa casa. Eu não sei se dá pra achar que isso é verdade.
— Quem é esse cara? O que ele quer da gente? — Pergunto, nervoso.
— Eu não sei. Eu nunca vi ele na vida. — Luis responde, assustado.
— Será que ele tem alguma coisa a ver com o filme? — Camila pergunta, confusa.
— Talvez. Talvez ele seja um fã obcecado, ou um rival invejoso, ou um crítico maluco. — Jean sugere, andando de um lado para o outro.
— Ou talvez ele seja alguém que você conhece, Luís. Alguém que você esconde da gente. Alguém que você tem medo de enfrentar. — Aila diz, cruzando os braços.
— Vai a merda, Aila. – o maior rebate, se aproximando alguns passos dela com um dedo levantado. — Tô cansado de você, se fosse só agora, mas antes de tudo isso, você sempre quer jogar a culpa pra cima de mim! E todo mundo te defende, afinal é a garotinha de ouro...
— Relaxa, cara. Ela só tá assustada. – tento intervir, mas ele continua.
— Assustada? Ricardo, essa garota é uma farsa. De inocente não têm nada.
— Tá passando dos limites, Luís. – Jean se coloca entre os dois, com um olhar bem mais sério que o de costume. — Ela não é a única que suspeita de você, só a única com coragem de expor isso. Não é?
Ele olha para Camila, e depois para mim. Sinto um arrepio estranho percorrer minhas costas, já que não sei se confio nem em minha própria palavra. Luís nos trouxe aqui, mas como poderia ter qualquer envolvimento com uma morte? Com a morte da Glenda? No caso uma morte falsa.
Aila está imóvel, não disse uma palavra desde que Luís reagiu a sua acusação. Sua expressão está fria e é cortante ao meu coração. Chegar na Mansão Loures e ver seu sorriso sempre foi como tomar uma dose extra de café, e agora, parece a mais sem esperança de todos nós.
— Eu acho que a gente precisa se mexer. – Camila diz, puxando Luís em direção da cozinha. — Acabamos de saber que a minha prima tá viva. Não podemos deixar ela esperando enquanto vocês discutem.
— E o que a gente pode fazer? – ergo as sobrancelhas. — Esse desafio parece tão vago.
— O babaca deve enviar outra mensagem com mais instruções. – Aila sussura, encarando o chão.
Todos olhamos para ela.
— Que isso, gente? – a loira faz uma careta. — É óbvio. Eu não sou tão inteligente assim.
— Não dá pra dizer que é um padrão... – Jean começou, coçando a nuca. — Já que só rolou uma mensagem, mas assim... eu acho que ele não vai mandar nada em um momento neutro. Quando a mensagem chegou, estávamos nos confrontando de algum jeito.
— Eu estava dizendo que vir pra cá tinha sido o início de algo. Estava reclamando com o Luís. – Camila ponderou, olhando em volta dos armários e do balcão que divide a sala e a cozinha.
— E a outra aparição direta desse cara foi quando a Glenda surtou e estava indo embora da casa. – Luís completa. — Agora era uma chance de receber uma mensagem, mas a Cams interrompeu a discussão.
— De nada, inclusive. – ela ri sarcasticamente. — Você tava falando merda.
— Muita merda. – Jean acrescenta.
Os outros não reparam, mas acho que acabei de ver um resquício de Aila Loures. A verdadeira. Um pequeno sorriso apareceu em seus lábios, os olhos brilhando em direção de Jean. No entanto, quando minha prima nota que estou a observando, sua expressão se fecha novamente.
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Casa do Pânico
HorrorUm acampamento. Muitos segredos. Até que ponto uma família é unida? Até que ponto a fama trás benefícios? Os Loures descobriram os males de serem rostinhos conhecidos.