Prazer, culpa e uma pitada de açúcar

Epílogo

A primeira vez que Alex viu Pedro, ele não pensou que aquele garoto mudaria sua vida.

Ele era lindo, é claro, não foi a toa que o empresário acessou seu perfil naquela noite fatídica – ele fazia seu tipo. Ele tinha um rosto angelical e juvenil, com olhos castanhos claros grandes e expressivos, lábios volumosos que pareciam sempre recém-mordidos, um nariz pequeno e arrebitado e cabelos volumosos que cacheavam nas pontas. Seu corpo era esguio, mas com músculos bem definidos sob a pele clara; quadris estreitos e bunda arredondada.

Na noite em que o viu pela primeira vez, Alex só estava procurando por um alívio rápido. Estava exausto e não tinha dormido uma noite inteira já fazia algumas semanas, nem mesmo seus medicamentos habituais estavam ajudando e ele já tinha tentado todos os truques existentes para cair no sono àquela altura. Ele pensou que um orgasmo poderia ser uma boa ideia – mesmo que não o ajudasse a dormir, no mínimo iria ajudá-lo a relaxar.

Se fosse uns dez anos antes, ele teria saído de casa e encontrado alguém – ou vários alguéns – para lhe fazer companhia, mas depois de Cecília – depois de tantas coisas, na realidade – a ideia de transar com pessoas aleatórias que ele nem lembraria no dia seguinte já não parecia mais tão atraente assim. Ou prática.

Ele passou alguns minutos olhando sites de pornografia e acabou descobrindo o Just4Fans e, ao saber como funcionava, se interessou especialmente pela possibilidade de ver conteúdo amador, que sempre parecia mais real do que algo produzido por um estúdio. Ele procurou por perfis que pudessem interessá-lo e, eventualmente, o algorítimo lhe mostrou o perfil de Pedro.

Havia algumas fotos em seu perfil que podiam ser vistas antes da assinatura, e Alex ficou hipnotizado por elas. Eram todas muito simples, ele deitado numa cama pequena de solteiro, encostado à cabeceira, usando uma cueca rosa minúscula que não deixava nada para a imaginação. Seu cabelo era uma linda bagunça de cachos e sua pele estava dourada do sol que entrava pela janela ao seu lado. Ele parecia a representação de um deus antigo e Alex estava pronto para montar um altar e adorá-lo.

As fotos eram amadoras, dava para perceber que não havia muita edição, filtros, nem nada do tipo, e ainda assim, Pedro estava lindo em todas elas, ele exalava uma sensualidade sem esforço no jeito que olhava para a câmera, no jeito que posava, até no jeito que sorria em algumas das fotos. Alex não conseguia desviar o olhar.

Ele se assinou o perfil do garoto e checou tudo que ele tinha postado até ali – àquela altura, não era muita coisa. Alex percebeu que Pedro tinha entrado na plataforma apenas algumas semanas antes, o que o intrigou ainda mais. Ainda que a qualidade das fotos denunciasse o amadorismo, não parecia que era a primeira vez de Pedro fazendo aquele tipo de trabalho.

De qualquer forma, ele não pensou demais sobre o assunto. Ele se masturbou com as fotos e com a fantasia de se enterrar no garoto bonito de olhar hipnotizante e teve o melhor orgasmo desde o divórcio, e adormeceu alguns minutos mais tarde, com o telefone ainda em mãos.

No dia seguinte, ele fez questão de deixar uma gorjeta generosa para o garoto. Ele merecia, talvez pudesse usar o dinheiro para comprar uma câmera melhor, equipamentos de iluminação melhor, ou o que quer que ele precisasse. Ele não pensou muito a respeito, eram só cinco mil reais, ele já tinha dado gorjetas maiores em restaurantes, pra falar a verdade.

Ele não esperava que Pedro entrasse em contato por causa disso, mas ele entrou, e Alex ficou intrigado novamente. Ele não tinha aquela arrogância ensaiada que aquele tipo de trabalho geralmente exigia, pelo contrário, ele parecia... tímido. E até um pouco inseguro, para sua surpresa.

Alex aceitou sua oferta de enviar conteúdo exclusivo em troca da gorjeta, o que não fazia sentido porque esse não era o propósito de uma gorjeta, obviamente, mas ele ficou curioso sobre o que o mais novo mandaria. Sendo bem sincero, o pensamento de que aquele garoto gostoso ia produzir conteúdo erótico só pra ele mexia um pouco com seu imaginário, mesmo que no fundo ele soubesse que para ele aquilo era só mais um trabalho, nada demais.