Capítulo 1 - Grace Romanoff

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Olá, estou aqui pra mais uma ficzinha fofa, espero que gostem... fugindo do padrão de ser one, decidi fazer uma com três capítulos, e aqui estamos com o primeiro.
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Pov. Wanda


Entrei na sala dos médicos suspirando. O meu plantão tinha acabado de começar e já estava totalmente exaustivo hoje.

Fui até a máquina de café e me servindo do líquido mágico que me manteria alerta.

- Boa tarde drª Maximoff. - Quase pulei de susto quando um dos médicos me cumprimentou e estendeu a mão para que lhe passasse o jarro.

- Boa. - Não me lembrava do nome dele, mas sorri com simpatia.

Ainda estava me familiarizando, as pessoas, o lugar, tudo. Me mudar pra Ohio tinha sido uma decisão extremamente fácil. Quando o Hospital Presbiteriano me ofereceu a vaga de Chefe da pediatria, não pensei nem duas vezes em aceitar.

Sair de Nova Jersey foi um alívio. Mesmo que eu amasse a minha família e não fosse um grande drama, pra mim era esmagadora a pressão de ter me formado junto com o meu irmão e sempre ter sido praticamente a sombra dele.

As comparações eram inevitáveis e mesmo tendo publicado até mais artigos que ele, parecia que as conquistas dele eram sempre maiores aos olhos dos meus parentes.

Estava no estado há duas semanas, não tive muito tempo de conhecer muito, entre organizar a casa - mesmo que não tivesse tido muito progresso nisso, já que haviam caixas por todos os cômodos. - E o trabalho, não me sobrava tempo pra mais nada.

Perdida um pouco nos meus próprios pensamentos não notei que a conversa com o colega tinha avançado então me esforcei pra prestar atenção.

- Tem esse bar a uma quadra e a maior parte dos médicos se encontram lá, é legal! Nós poderíamos ir quando acabasse o seu plantão, o que acha? - Pisquei algumas vezes. Não acostumada com isso.

Ele tinha acabado de me chamar pra sair ou estava sendo apenas educado?

- Ah, obrigada, mas a mudança está tomando todo meu tempo, fica pra uma próxima? - Resolvi dar a resposta de sempre.

- Pra mim está perfeito! - Saiu em seguida animado.

Será que ele achou que estava dando um esperança a ele?

Fui chamada logo em seguida pra uma consulta, terminei o meu café e caminhei a passos apressados. A pediatria era uma área animada onde sempre haviam palhaços passeando pelos corredores ou pessoas vestidas de heróis pra animar e aliviar um pouco a dor das crianças.

A enfermeira Darcy - uma das únicas pessoas que consegui decorar o nome - me entregou o Tablet de prontuário sorrindo.

- Essa garotinha é o nosso cristalzinho, doutora. - Comentou, enquanto eu olhava para as informações.

Grace Romanoff, 4 anos. Recém transplantada.

- Vou cuidar bem dela. Prometo! - Dei duas batidinhas na porta a abrindo. - Olá Senhorita Grace, sou a doutora Maximoff a nova chefe da pediatria! - Fiz minha presença conhecida, grandes olhos verdes dispararam para mim.

Ela era um nisco de gente muito ruiva, tinha os cabelos curtos e algumas sardas espalhadas pelo rosto, ao rodar meus olhos pelo quarto, percebi que a criança era a própria cópia carbonada da mulher, que também tinha o cabelo curto e ruivo.

As duas me abriram um sorriso idêntico lindo. Porém cansado.

- Sou a Princesa Grace! - A garotinha murmurou tímida. - É essa é a minha mamãe a Rainha Natasha!

- Oh, eu não sabia que estava em frente a realeza, me desculpe majestade! - Me curvei um pouco fazendo uma espécie de reverência, ela soltou uma risadinha fofa. - O que há de errado?

- Ela estava com uma febre baixa a manhã toda, agora a tarde piorou e está reclamando de dor cabeça e tontura... - A mãe da criança parecia tentar se controlar, e seus olhos esses eram como a janela de seus pensamentos, e demonstravam uma preocupação inquestionável. - Doutora é o rim não é? Ela tá rejeitando ou formou um coágulo? O doutor Banner nos disse que tinha essa possibilidade, ela vai perder ele? - Tagarelou sem pausa.

Conviver com pais e responsáveis assustados e surtando era totalmente normal. Meu trabalho além de cuidar dos meus pequenos pacientes era tranquilizar os adultos. Não havia necessidade de alarde antes de todas as informações coletadas.

- Rainha Natasha... - Comecei, piscando pra criança, sua boca abriu em surpresa, por eu entrar na brincadeira. - Não vamos nos precipitar, vou pedir alguns exames e vamos trabalhar em cima dos resultados, ok? - A mulher assentiu. - Ela sentiu outro sintoma? Vômitos, oligúria ou desmaio?

- Não, ela estava ótima ontem! - Respondeu e foi minha vez de concordar com a cabeça.

- Qual o regime imunossupressor dela?

- Posso responder essa? - A garota murmurou com a mãe que concordou.

- Ela gosta de mostrar que aprendeu palavras difíceis. - A mulher acarinhou os fios ruivos da filha com ternura.

- Tacrolimo, Azatioprina e a prednisona foi parada no quinto dia depois da cirurgia! - Recitou com orgulho, como se fosse algo que sempre falasse.

Eu estava impressionada com tamanha inteligência para uma criança daquela idade.

- Muito bem... - Elogiei. - Agora quero examinar a sua cicatriz. - Coloquei as luvas enquanto ela mesmo levantou a bata hospitalar.

A cicatriz estava boa, uma linha rosada e sem infecção. Apalpei seu abdômen e parecia normal.

- Certo, então vamos coletar o sangue, urina, e fazer um ultrassom, tudo bem?! - A menina assentiu, mas pela primeira vez vi seu rosto desmoronar um pouco.

- Ah não. - Resmungou se encolhendo na maca.

- Não precisa ficar com medo princesa, eu vou tomar conta de você! - Tentei tranquilizá-la.

Depois da enfermeira trazer todo equipamento e aparato necessário, pequei os tubos e a seringa. A garota deitou a cabeça no peito da mãe e fechou os olhos firmemente.

A furei com toda a delicadeza e cuidado do mundo, mesmo sabendo que ainda era assustador.

- Mamãe... - Choramingou novamente.

- Eu sei minha princesa, já já passa, é só mais uma etapa, o pior já passamos. - Consolou beijando a cabeça da criança.

Depois de encher os tubos, coloquei um curativo em seu bracinho.

- Prontinho, nem foi tão ruim!

- Fale por você! Sempre querem tirar o meu sangue, um dia desses eu não vou ter mais, aí eu quero ver! - Chiou me fazendo rir.

- Vamos cuidar pra que isso não aconteça. - Respondi pegando o aparelho de ecografia encostando nela.

Ela olhava pra tela de forma atenta. Movi o objeto procurando por: Cistos, obstruções, abcessos ou acúmulos de fluídos. Não havia nada!

- Não estou vendo trombose na artéria renal, nem hidronefrose, isso é ótimo! - Terminei minha análise. - Agora tenta descansar um pouco, quando os exames estiverem prontos eu volto, ok?

- Tá bom doutora!

As deixei indo direto pro posto de enfermagem entregando o Tablet pra Darcy.

- Como ela está? - Perguntou. - É o rim?

- Por enquanto não há nada que indique que seja mesmo o rim, mas vou ficar bem de olho.

- Ela passou meses no hospital a espera, a coitadinha sofria tanto, espero que não seja nada grave. - Murmurou com um suspiro.

- Eu também! - Dei um sorriso sem mostrar os dentes e segui pra ver outro paciente.

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