SEVEN - Aventura em Seul

Joguinhos

Jungkook entrou na sala empurrando a porta com a bunda, pois trazia uma caixa de papelão nas mãos, falando:

- Ei! Soube que você estava aqui Any, então vim aqui pra experimentar meus figurinos também. - Se virou. 

Hobi parou o beijo e me pôs na postura ereta de novo, limpando a boca com o polegar. JK nos olhos e explodiu:

- Mas que porra... 

- Pode parar JK... Eu só estava testando o poder dessa performance, porque se funcionasse com a Any, que está caidinha por um de vocês... ou pelos 3. Ainda não entendi direito, Suga me disse uma coisa e Tae outra... - Ele disse coçando o queixo como quem tenta entender algo. - Então de qualquer forma se funcionasse com ela, funcionaria com qualquer um. - Hoseok falou, já se afastando de mim.

- O que?? Como que é?? - Eu disse baixo, pra mim mesmo. Franzi o cenho. 

- Eu disse pra você dar um jeito de trazer ela aqui, e não pra beijar ela! - Jungkook despejou.

- Tá tá Jungkook-ah, eu já disse que não quero nada com ela, meu negócio é o Taehyung. 

- Aishi, enquanto você tá ocupado tentando algo com Tae, que não quer nada com você, o Suga... ah Hobi se liga!

- Suga é caso antigo, deixa que eu sei lidar com eles. Agora ela tá aqui, eu fiz o que você pediu, só estava testando algo, então fica na sua. 

Eu olhava de um para o outro, não acreditava no diálogo que eu estava presenciando. Sai da sala sem olhar pra trás. Tudo que ouvi foi a gargalhada de Hoseok e a voz de Jungkook disparando um milhão de palavras em coreano, tão rápido, que já não entendia mais nada, enquanto eu me distanciava e a porta fechava pesada e lentamente. Revirei os olhos e segui o caminho de volta pra casa a passos ligeiros. 

Não que eu me sentisse lesada de alguma forma, porque eu aceitei o beijo, eu queria também, mas eles estavam jogando sujo, comigo e uns com outros e aquilo não combinava nada com a engrenagem, eles eram orgânicos, naturais, não esses caras cheios de joguinhos e chantagens. Então ou as coisas voltavam a acontecer de forma natural ou simplesmente não aconteceriam mais.

Determinei que precisava espairecer daquilo tudo, então na folga do dia seguinte, fui passear pela cidade. Talvez precisasse ir ao cinema, ou uma balada, beber vinho em uma mesa na calçada. 

Mas optei por só andar... parques bem arborizados, caminhei muito, passei por inúmeras lojas, comprei algumas coisas, experimentei comida, tentei conversar com alguns atendentes, qualquer coisa que fosse preciso pra aliviar a mente. Passei pela frente de uma exposição de arte. Meu celular apitou.

Namjonie:

-Entra, eu vi vc passar! 

-Eu tô aqui dentro! 

Eu: 

-Só se me prometer não falar absolutamente nada sobre trabalho.  

Entrei, andamos pela exposição toda, boa parte dela em silêncio, em alguns momentos Nam me apontava alguma obra, e falava gesticulando sobre ela. Eu assentia, aproveitei pra aprender mais coreano, ele era excelente professor. Ele me pagou um café na saída. Voltamos pra casa pedalando em bikes alugadas. 

Podia-se dizer que foi um encontro, só que não foi. Eu sabia disso e ele também. Percebi que ele queria falar algo, mas eu não dei nenhuma abertura, a última coisa que eu queria era falar sobre os outros meninos. 

✨✨✨

- Any, você está apaixonada por algum deles? - Ele lançou quando já estávamos dentro do elevador. As palavras dele quase eram como flechas. 

- Pode parecer, mas não estou. Brasileiros são apaixonantes e apaixonados, nossas culturas são diferentes, só isso. Me entreguei pra viver isso de corpo e alma, era meu sonho e estou vivendo cada dia, as vezes mais com o corpo mesmo. - Ele sorriu pequeno. - Mas nunca dei a entender que seria diferente. Não prometi relacionamento a ninguém. Espero que nenhum deles pense diferente de mim.

- Você se encaixa muito bem conosco, quero essa sinergia continue... Só quero que ninguém saia magoado - Sorriu sincero. - Nós funcionamos bem juntos.

O elevador abriu no meu andar e sai me despedindo com um sorriso sincero. 

- Vai ficar tudo bem Nam.