Como Se Livrar De Um Príncipe

15- De Volta Ao Lar

       Nunca fiquei tão desanimado em ver a biblioteca antes. Foi ali que abri o portal, no canto mais vazio e escuro da biblioteca. Ali eu fui embora, e para ali eu voltei.

       Sem ânimo nenhum, procurei o caminho de volta para meu próprio quarto, mas é claro que não pude fazer isso em paz. Vários guardas estavam surpresos com a minha presença. Se minha família divulgou a verdade para o público, sabiam onde eu estava, mas não sabiam quando eu retornaria. Nem se eu retornaria. Nem eu sabia afinal. Até agora.

       Muitas perguntas foram feitas, mas não prestei atenção. Além do choque de literalmente sair de um mundo para outro tão rápido, minha mente só conseguiu pensar em Jimin e em tudo o que aconteceu, e principalmente em como eu não pude fazer nada para ajudá-lo.

        Reparei na minha mãe. Ela chorou, me abraçou, e falou comigo. Mas de novo, não consegui prestar muita atenção. Eu deveria, são raros os momentos em que ela demonstra algum sentimento por mim. Na verdade são raros os momentos em que ela demonstra qualquer sentimento a qualquer um. Por isso, fiquei em sussurrar que queria ficar sozinho, e após muita relutância da parte dela e dos guardas, finalmente fui levado para meu quarto.

       Lá, me deitei em minha cama. Os lençóis eram novos, com cheiro doce, do jeito que eu sempre gostei. Um aroma agradável, mas não melhor que o cheiro dos lençóis de Jimin.

       Com o rosto no travesseiro, permiti que as lágrimas e os gritos abafados vinhessem a tona.

— • —

       Não sei quando peguei no sono. Nem como consegui dormir naquela situação. Apesar de saber que eu estava exausto, me culpo dormir enquanto Jimin provavelmente ainda está com aquele homem mesquinho que segura aquele objeto que com certeza é uma arma perigosa.

      Olhei em volta, achei que estava sozinho em meu quarto, mas ao menos uma notícia boa me acalentou: Seokjin estava no meu quarto. Meu velho amigo.

— Não vai me desejar nem um "bem-vindo de volta"? — disse com a voz fraca.

       O loiro estava de costas, distraído com os livros em minha estante. Ao ouvir meu chamado, o Kim se virou na mesma hora, com os olhos arregalados. Rapidamente correu até mim, de agachando no chão para ficar com o rosto mais perto do meu.

— Graças a Deusa, acordaste!

— Eu só tirei um cochilo, não havia motivo para pânico.

— Da última vez disse que "só iria a biblioteca" e então desaparecertes!

       Mordo a parte interna de minha bochecha. Confesso que ainda me sinto culpado por ter saído daquela maneira.

— Me desculpe, Jin... É que, você sabe como eu sou...

— Impulsivo, sonhador até demais e teimoso.

— Exatamente! Adoro como você me conhece bem!

       O loiro revirou os olhos e eu dei uma gargalhada, que não foi sustentada por muito tempo, afinal, eu ainda tinha preocupações em minha mente.

— Você não está com uma cara boa. — observou o mais velho. — Tem algo haver com seu "passeio". — fez com aspas nas mãos.

        Suspirei. A história séria longa.

       Contei tudo a Seokjin, desde o mago e como cheguei na casa de Jimin até como fui obrigado a ir embora. Meu amigo escutou tudo atentamente, mas a primeira coisa que disse foi: